quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Matriz para o teste de 3 de Novembro

 


A. Estrutura e Cotações

A prova destina-se a avaliar duas competências básicas: Concetualizar e Argumentar/ Problematizar. 
A competência transversal é a comunicação/correção escrita.

Está dividida em dois grupos de acordo com cada competência. Cada grupo tem uma pontuação de 0 a 20 Valores.

1ª Parte - CONCETUALIZAR - Grupo I -Dez perguntas de escolha múltipla (10x15 + 20+30= 200 valores)

2ª Parte - Grupo I ARGUMENTAR/PROBLEMATIZAR: Inclui um texto com 3 perguntas de interpretação e análise lógica de um texto. Todas as perguntas implicam justificação. 80 Pontos

Grupo II - 6 ou 7 perguntas - 120 Pontos


B. Conteúdos/Competências

1.O que é a Filosofia?

1.1. Caraterizar a Filosofia como forma de saber específica.

1.2. Saber distinguir as questões filosóficas de outro tipo de questões.

1.3. Identificar as questões colocadas nas várias áreas de investigação da Filosofia.

1.3. Problematizar A "Alegoria da caverna" como metáfora da atitude do filósofo e do conhecimento(Sócrates).

1.4. Racionalidade argumentativa da Filosofia e a dimensão discursiva do trabalho filosófico. Análise lógica de um texto filosófico 

Distinguir: Tema, problema, tese, argumentos e conceitos)

1. 5. Formular proposições categóricas.

1.6. Identificar e negar proposições categóricas segundo o quadrado da oposição.

1.7. Comentar de um texto ou de uma frase.


2. Lógica

2.1. Definição dos instrumentos do pensamento

a) Definir Conceito, Proposição, Argumento, Validade, Verdade e Solidez.

c) Distinguir validade, verdade e solidez.

d) Definir argumento dedutivo e não dedutivo.


2.2. Lógica Proposicional.

a) Identificar as proposições e as conectivas proposicionais da conjunção, disjunção inclusiva e exclusiva, condicional, bicondicional e negação.

b) Saber aplicar as regras das conectivas.

b) Formalizar proposições com uma e duas conectivas recorrendo a um dicionário.

c) Traduzir da linguagem formal para linguagem natural.

d) Elaborar tabelas de verdade para proposições complexas com uma e duas conectivas.

f) Compreender o âmbito das conectivas.

e) Identificar as formas de inferência válidas Modus Ponens e Modus Tollens

f) Identificar a falácia formal da afirmação do consequente e da negação do antecedente.(10ºA).

g) Aplicar as tabelas de verdade (inspetores de circunstância) para verificar se os argumentos são válidos ou não.


C. Competências gerais:

 Definir os conceitos  principais da Lógica e da Filosofia.

Analisar logicamente um texto filosófico.

Organizar razões para defender uma determinada posição.

Compreender as várias regras das conetivas proposicionais e aplicá-las de forma correta.

Elaborar tabelas de verdade

Aplicar os conhecimentos adquiridos a novas situações.

Avaliar e identificar os argumentos.

Identificar problemas

Formular problemas



terça-feira, 25 de outubro de 2022

Texto para resumo Martin Cibrao

 


Inteligência artificial: pode um sistema operativo originar estados mentais?


“(...) Garantir um envelhecimento saudável e acompanhado é uma das preocupações do velho continente e isso também se vê nas propostas apresentadas nesta sexta edição da Maker Faire, uma feira internacional de inovação que o Público está a acompanhar em Roma.

Neste evento, multiplicaram-se os protótipos de sistemas de inteligência artificial que avisam quando tomar medicação, que alertam familiares em caso de necessidade de emergência e que são capazes de interpretar emoções humanas. (...)

Os protótipos vão desde pulseiras para idosos a robôs inteligentes e de aparência humana. Os projetos apresentados são capazes de responder não só às interações sociais, como também se propõem a operar em níveis mais complexos, procurando criar estímulos cognitivos que atrasem os efeitos de doenças como o Alzheimer, por exemplo. (...)

Ao contrário de outros assistentes virtuais como a Siri, da Apple, ou a Aleza, da Amazon, estes robôs ‘dispensam as frases estáticas', explica uma das investigadoras que está a trabalhar nestes assistentes tecnológicos.

Os robôs reagem à linguagem não-verbal expressa através de expressões faciais. ‘Conseguimos treinar isso através de algoritmos. Podemos mostrar aos robôs centenas de imagens de pessoas a sorrir ou de pessoas a chorar e determinar uma reação para cada uma delas’, explica Martina Rocco. Os robôs leem as emoções humanas com base nas expressões faciais. Além das competências sociais, estes robôs podem responder rapidamente a uma eventual emergência de saúde da pessoa a quem prestam assistência, fazendo uma chamada para os serviços de assistência se lhes for pedida ajuda.”


Liliana Borges, “Ligam televisores e jogam bingo: os robôs que fazem companhia aos mais velhos”, Público, 13 de outubro de 2018.


segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Texto para resumo Maria Eduarda 10I



Bruno Henriques rgio Duarte 

Humoristas Jovem Conservador de Direita 

Há uns anos, criamos uma personagem satírica a que chamamos Jovem Conservador de Direita. Esta personagem é, digamos assim, um idiota que recorre sistematicamente às regras da argumentação, subvertendo-as e manipulando-as, de modo a sustentar e reforçar as suas posições. Entre outras coisas, usamos esta personagem para, recorrendo à ironia e à sátira, expor ao ridículo pessoas que pervertem os princípios da logica para persuadirem outras pessoas das suas posições. É uma espécie de espelho, em que respondemos à manipulação com manipulação, para que quem manipula prove do seu próprio veneno

No universo desta personagem, o objetivo de um debate político não é o de apresentar bons argumentos a favor de uma posição, mas destruir o adversário. O debate é um jogo com um vencedor e um perdedor, e nós queremos ser os vencedores. Para isso acontecer, temos várias hipóteses de nos relacionarmos com o adversário: falar mais alto; falar mais rápido, metralhando-o com vários argumentos, insultos e acusações a que ele não vai ter tempo de responder; falar por cima dele e rirmo-nos dos seus argu mentos, mesmo que não tenham piada; atacá-lo por uma coisa que ele não disse ou por uma posição que não defendeu. Se os argumentos dele forem mesmo bons, cria mos um espantalho e falamos com o adversário como se ele fosse esse espantalho. O melhor político tem de dominar as falácias do ponto de vista do utilizador, porque o cidadão comum não quer saber de lógica. O cidadão comum gosta de vencedores e de pessoas que esmagam o seu adversário, não importa como. A democracia é o poder do povo e o povo tende a dar poder aos que o conseguem convencer, e não necessaria mente aos que têm os melhores argumentos. Se, mesmo recorrendo ás melhores falá cias, o adversário continuar a argumentar, temos mesmo de recorrer à bomba atómica das falácias: comparar o adversário com o Dr. Hitler - sim, o idiota que criamos trata toda a gente por "Doutor", com o objetivo de conferir autoridade a quem não a tem necessariamente. É o apogeu de qualquer discussão e ganha a primeira pessoa que o fizer. A partir do momento em que empurramos o nosso adversário para o campo dos nazis, ele fica do lado do mal, independentemente da validade dos seus argumentos. E as pessoas tendem a gostar de quem não é o Dr. Hitler

Como podes perceber, nós estivemos com muita atenção nas aulas de filosofia. Apesar de toda a gente nos dizer que "a filosofia não serve para nada", ela deu-nos as ferra mentas para criarmos a nossa personagem. É verdade que usamos a filosofia para o mal, isto é, aprendemos as regras da argumentação e ganhamos a vida a subvertê-las, mas nós podemos, porque somos humoristas! A ti cabe-te fazer isto, mas ao contrário. Foca-te no argumento e não no aparato. Porque uma das coisas que a nossa persona gem revela é que o aparato pode cegar. 


terça-feira, 18 de outubro de 2022

Texto para resumo para Laura 10I

 


A informação nas redes sociais: quem diz o quê no mundo digital?


    “A chegada das redes sociais trouxe consigo uma nova dimensão dos influencers. Alguns já eram famosos e aproveitaram os meios sociais para ganhar visibilidade, outros nasceram a partilhar conteúdo nas plataformas online sobre o mais variado tipo de coisas - beleza, moda, saúde, exercício físico, comida ou uma combinação de ambos - e cresceram graças ao número de seguidores que as suas publicações foram angariando.

    Mas nem tudo é tão linear quanto parece. Um novo estudo apresentado no congresso Europeu da Obesidade, decorrido em Glasgow, na Escócia, entre 28 de abril e 1 de maio de 2019, sugere que apenas um em cada dez influencers de saúde sabe realmente do que está a falar nas suas publicações relativas a perda e manutenção de peso. Os outros nove nem por isso.

    Para chegar a esta conclusão, os investigadores da Universidade de Glasgow (...) analisaram os blogues dos 14 influencers promotores de hábitos de vida saudáveis mais populares no Reino Unido. Os critérios de seleção foram: ter mais de 80 mil seguidores em pelo menos uma plataforma online, ter conta verificada em pelo menos duas plataformas (o emblema azul que reconhece as contas oficiais) e ter um blogue dedicado a hábitos de vida saudáveis (como nutrição e exercício). Determinaram que apenas um em cada dez baseava o seu conteúdo em conhecimento científico, tinha conhecimentos nutricionais e era imparcial e transparente nos produtos e marcas que recomendava.

    Segundo Christina Sabbagh, a principal autora do estudo, a maioria dos blogues não pode ser considerada uma fonte segura na matéria ‘por apresentarem opiniões como sendo factos e por não atingirem os critérios de nutrição promovidos pelo Reino Unido’. A investigadora considera até que o conteúdo apresentado ‘é potencialmente nocivo, por estes blogues terem uma audiência tão vasta’.

    Além disso, foi investigada a informação nutricional das últimas 10 receitas partilhadas em cada um desses blogues e comparada com as regulamentações do Departamento de Saúde e Cuidados Sociais britânico. Apenas três influencers cumpriam os requisitos estipulados pela entidade.

    Resumidamente, apenas um influencer, registado como nutricionista na UK Association for Nutrition, cumpriu os critérios da universidade.

‘Presentemente não existem critérios para avaliar a credibilidade de influencers’, refere Sabbagh. ‘Dada a popularidade e o impacto dos media sociais, todos os influencers deviam ser obrigados a atender a critérios científicos ou medicamente justificados para a provisão de recomendações online de manutenção de peso’, remata.

O estudo vem, mais uma vez, mostrar que nem tudo o que se vê na internet deve ser reconhecido como verdadeiro, mesmo quando defendido por pessoas ditas ‘entendidas’ no assunto.

    Já anteriormente tinham sido desmistificados alguns influencers de yoga e exercício físico pelas suas posturas pouco corretas e pela utilização errada de equipamento desportivo.”


Pedro Dias, “Nova em cada dez ‘influencers’ de saúde não sabem do que estão a falar, revela um estudo”, Visão Saúde, 18 de maio de 2019 (adaptado)





segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Texto para resumo Inês Lourenço 10I (consultar em regras para o resumo de textos como devemos fazer o resumo)

 Compreender um argumento

David R. Morrow

«Compreender um argumento é mais uma arte do que uma ciência, mas é uma arte que qualquer pessoa pode aprender com um pouco de prática. A melhor forma de melhorar é praticar, encontrando argumentos simples e reescrevê-los como listas numeradas de afirmações. Este processo chama-se analisar argumentos. O objetivo de analisar um argumento não é determinar o quão forte o argumento é ou se concordas com sua conclusão. O objetivo é simplesmente entender o argumento – separar o argumento nas suas diferentes partes e descobrir como essas partes se devem encaixar. […] A primeira coisa a fazer ao tentar analisar um argumento é identificar a conclusão e a(s) premissa(s). Às vezes, as pessoas usam palavras específicas que apresentam a conclusão ou premissas de seus argumentos. Os lógicos (de maneira pouco criativa) chamam a essas palavras ou frases indicadores de conclusão e indicadores de premissa, respetivamente. Expressões como “então”, “é por isso”, “isto mostra que” ou (mais formalmente) “logo”, “portanto” e “assim” geralmente vêm antes da conclusão de um argumento. […]

Embora os indicadores de conclusão e de premissa sejam frequentemente pistas úteis ao analisar um argumento, deve sempre ter cuidado quando os encontra. Eles nem sempre introduzem conclusões ou premissas. […] Quando vê um indicador de conclusão ou um indicador de premissa, terá que pensar cuidadosamente sobre se ele realmente introduz uma conclusão ou uma premissa.

Em muitos casos, não encontra indicadores de conclusão ou indicadores de premissa para o orientar. Em vez disso, precisa ler ou ouvir com atenção para descobrir o ponto principal do autor ou palestrante; essa é a conclusão do argumento. As premissas são todas as razões que o autor ou orador dá para apoiar seu ponto principal. Às vezes, precisará experimentar possibilidades diferentes, perguntando-se se faz mais sentido ler um parágrafo como um argumento para uma afirmação ou outra. Pode demorar um pouco para apanhar o jeito, mas mesmo que tenha problemas no início, melhorará com a prática.

Finalmente, repare que um argumento às vezes é apresentado juntamente com várias afirmações que não são premissas nem conclusões. Elas estão lá apenas para o ajudar a entender o significado ou a importância do argumento. Então, mesmo se souber que determinado parágrafo contém um argumento, não pense que cada frase é necessariamente uma premissa ou a conclusão desse argumento.»

David R. Morrow, Moral reasoning, Oxford University Press, 2018, pp. 5-6. (traduzido e adaptado pelos autore

Texto para resumo Luca 10A


Todos nós temos questões a resolver e procuramos respostas. Mas as respostas não nascem

de geração espontânea. Mesmo que estejam depositadas em livros e artigos famosos nas prateleiras

das bibliotecas ou em ficheiros do computador, de nada servem se não as conhecermos e se não forem

comunicadas. Por mais especialistas informados que haja, é preciso comunicar a verdade. Além disso,

as verdades, que a ciência considerou definitivas, revelam-se, na maioria das vezes insuficientes. As

certezas inabaláveis das ideologias sucumbem perante a voragem das contradições que o seu

dogmatismo produziu. O que hoje é sólido, amanhã dissolve-se no ar.

Vivemos num tempo de novos problemas e novas esperanças, aos quais já não responde o

paradigma de uma racionalidade única e linear. Vivemos num tempo de luzes e trevas, de riqueza e

miséria, de comunicação e isolamento, de liberdade e tirania. Nunca fomos tão iguais e, ao mesmo

tempo, tão diferentes. Vivemos num tempo que necessita de outras razões e verdades que se

completam. Já não nos satisfazem as certezas que não são partilhadas. Tudo é mais misterioso e

complexo. Precisamos de mais e diferentes razões para novas e diferentes realidades.

O nosso mundo foi enriquecido pela diversidade. A rigidez da verdade deu lugar à plasticidade.

A imaginação inteligente cria novas leituras. Na arte, na ciência, na política ou na filosofia, de nada

serve a mera repetição de verdades antigas. As novas gerações têm sempre o mundo inteiro para

reconfigurar. Mas, apesar dos tempos difíceis, podemos sempre buscar o que em nós é mais genuíno:

a liberdade de criarmos diferentes futuros e novas verdades.

Vimos como a lógica desempenha um papel capital nestas mudanças, ajudando a clarificar o

pensamento e a evitar erros de raciocínio. Ao tentarmos resolver problemas, apresentamos

argumentos e teorias. Se a argumentação resistir ao crivo da lógica, tem garantia de coerência formal

e correção. As demonstrações não dependem das circunstâncias, do momento ou do sujeito.

Outra coisa muito diferente é o que se passa no discurso argumentativo, onde estamos no

âmbito do plausível. Nem todos os argumentos que apresentamos têm a mesma força e poder. O

poder dos argumentos depende do tipo de validade que lhes atribuímos.

Porém, nem toda a validade lógica é validade formal. Só os argumentos dedutivos são argumentos

formais, e, mesmo assim, com exceções que agora não referimos. Os argumentos dedutivos têm uma

particularidade: a conclusão segue-se necessariamente das premissas, ou seja, é impossível que as

premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Lembremos o nosso exemplo:

1. A rainha de copas ainda não saiu.

2. Todos os outros jogadores à exceção da Luísa não têm a rainha de copas.

3. Logo, é a Luísa que tem a rainha de copas.

Estamos perante um argumento dedutivo porque, se as afirmações 1 e 2 forem verdadeiras, é

impossível que 3 seja falsa.

Ora, nos argumentos válidos não dedutivos, o que se passa é que é improvável (mas não

impossível) que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Exemplifiquemos:

1. Já joguei imensas vezes à sueca com a Luísa e ela zanga-se sempre que perde um jogo.

2. A Luísa vai perder este jogo.

3. Logo, vai ficar zangada.

Neste caso, 1 e 2 tornam 3 muito provável. Mas não é necessário. A Luísa pode ter um ataque de

boa educação ao jogo. A validade não dedutiva não garante a verdade das conclusões, mas torna

razoável que as aceitemos.


Mendo Henriques – Nazaré Barros., Olá, Consciência! Editora Objetiva

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Texto para resumo João Silva 10A

 


Uma maneira esclarecedora de compreender o que é a lógica e qual é a sua importância é compreender primeiro o que é o raciocínio e qual é a sua importância. Será aqui abordado sobretudo o raciocínio discursivo, que é onde a lógica desempenha o seu papel mais óbvio, mas nem todo o raciocínio é discursivo. Quando reconhecemos um rosto humano, subimos um lance de escadas ou até quando caminhamos, a quantidade de raciocínio exigida é impressionante. Contudo, está quase inteiramente fora do nosso controlo. Fazemo-lo, demorámos anos a aprender a fazê-lo desde o tempo em que gatinhávamos, mas não sabemos exatamente como o fazemos. De modo que será abordado aqui sobretudo o raciocínio discursivo: o tipo de raciocínio que fazemos usando uma linguagem. A matemática, a ciência, a filosofia, a história e a arqueologia fazem-se com raciocínio discursivo; e o raciocínio quotidiano também é em parte discursivo.

 O raciocínio discursivo é uma tentativa de provar uma conclusão com base numa ou mais premissas — e o que não é discursivo não anda longe disto, se bem que neste caso não faça muito sentido falar literalmente de premissas e conclusões. Toda a gente raciocina todos os dias, mesmo sem uma compreensão robusta do que é raciocinar, nem de como se raciocina bem. E é aqui que entra a lógica. O objetivo desta área de estudos é ter uma compreensão mais robusta do raciocínio, e desenvolver instrumentos para distinguir o bom do mau raciocínio […].

 

Sem raciocínio discursivo, ficaríamos reduzidos ao que conseguimos saber só pela observação direta. Não saberíamos o que aconteceu há sessenta e seis milhões de anos que eliminou a maior parte da fauna do planeta, e não saberíamos que a água é feita de oxigénio e hidrogénio. Para saber a maior parte do que queremos saber precisamos de raciocinar, ou seja, precisamos de tentar chegar a uma conclusão com base numa ou mais premissas, porque não temos uma maneira mais direta de descobrir essa conclusão. É por isso que o raciocínio é importante, e, consequentemente, é por isso que a lógica é importante.

 

O raciocínio discursivo ora é dedutivo, ora indutivo. Até muito recentemente, só o primeiro estava apropriadamente compreendido (ainda que se tratasse apenas de alguns dos seus tipos), porque não tínhamos instrumentos matemáticos para aplicar adequadamente ao raciocínio indutivo — instrumentos do género dos que temos no caso da dedução desde as primeiras décadas do século XX. Mas qual é exatamente a diferença entre o raciocínio dedutivo e o indutivo? Há algumas diferenças cruciais, mas a mais fundamental é que o raciocínio dedutivo é exclusivamente linguístico, ao passo que o indutivo não o é.

 

Desidério Murcho, Para que serve a lógica, criticanarede.com

Disponível em https://criticanarede.com/tes_conhecimentologica.html

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Texto para resumo Gustavo 10I


 “As partes relevantes de um argumento são, em primeiro lugar, as suas premissas. As premissas são o ponto de partida, ou o que se aceita ou presume, no que respeita ao argumento. Um argumento pode ter uma ou várias premissas. A partir das premissas, os argumentos derivam uma conclusão. Se estamos a refletir sobre um argumento talvez por termos relutância em aceitar a sua conclusão, temos duas opções. Em primeiro lugar, podemos rejeitar uma ou mais das suas premissas. Em segundo lugar, podemos rejeitar também o modo como a conclusão é extraída das premissas. A primeira reação é que uma das premissas não é verdadeira. A segunda é que o raciocínio não é válido. É claro que o mesmo argumento pode estar sujeito a ambas as críticas: as premissas não são verdadeiras e o raciocínio aplicado é inválido. Mas as duas críticas são distintas (e as duas expressões, ‘não é verdadeira’ e ‘não é válido’ marcam bem a diferença).

No dia a dia, os argumentos também são criticados noutros aspetos. As premissas podem não ser muito sensatas. (...) Mas ‘lógico’ não é um sinónimo de ‘sensato’. A lógica interessa-se em saber se os argumentos são válidos, e não se são sensatos. E vice-versa, muitas das pessoas a que chamamos ‘ilógicas’ podem até usar argumentos válidos, mas serão patetas por outros motivos. A lógica só tem uma preocupação: saber se não há maneira de as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.”


Simon Blackburn (2001). Pense. Uma introdução à filosofia. Gradiva, pp 201-202.


domingo, 9 de outubro de 2022

Resumo de texto Cassandra10I

 


Para compreender uma idade ou uma nação temos de compreender-lhe a filosofia, e para isso temos de ser em qualquer grau filósofos. Há aqui uma causalidade recíproca. As circunstâncias da vida do homem concorrem muito para determinar a sua filosofia e, reciprocamente, a sua filosofia determina em muito as suas circunstâncias. Esta interação multisecular é o tópico das páginas seguintes (da história da filosofia).

 Há no entanto uma resposta mais pessoal. A ciência diz-nos o que sabemos, e é pouco; e se esquecemos quanto ignoramos ficaremos insensíveis a muitos factos da maior importância. Por outro lado, a teologia induz a crer dogmaticamente que temos conhecimento onde realmente só temos ignorância, e assim produz uma espécie de impertinente arrogância em relação ao Universo. A incerteza perante esperanças vivas e receios é dolorosa mas tem de suportar-se se quisermos viver sem o conforto dos contos de fadas. Nem é bom esquecer as questões postas pela filosofia, nem persuadirmo-nos de que lhes achámos resposta indubitável. Ensinar a viver sem certeza sem ser paralisado pela hesitação é talvez o mais importante dom que a filosofia do nosso tempo dá, a quem a estuda.

 

Bertrand Russell, História da Filosofia Ocidental,(1946) Relogio D’água, 2017, p. 13,14

 

 Análise lógica do texto filosófico

Mas, qual a atitude do mundo em relação à filosofia? Há cátedras de filosofia nas universidades. (…) Por força da tradição, a filosofia é polidamente respeitada, mas, no fundo, objeto de desprezo. A opinião corrente é a de que a filosofia nada tem a dizer e carece de qualquer utilidade prática. É nomeada em público, mas — existirá realmente? A sua existência prova-se, pelo menos, pelas posições de defesa a que dá lugar. (…)

A polémica torna-se encarniçada. Um instinto vital, ignorado de si mesmo, odeia a filosofia. Ela é perigosa. Se eu a compreendesse, teria de alterar a minha vida. Adquiriria outro estado de espírito, veria as coisas a uma claridade insólita, teria de rever os meus juízos. Melhor é não pensar filosoficamente.

Muitos políticos veem facilitado o seu nefasto trabalho pela ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas tão-somente usam uma inteligência de rebanho. É preciso impedir que os homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista como algo entediante. Oxalá desaparecessem as cátedras de filosofia. Quanto mais vaidades se ensinem, menos estarão os homens em risco de se deixar tocar pela luz da filosofia.

Assim, a filosofia se vê rodeada de inimigos, a maioria dos quais não tem consciência dessa condição. A autocomplacência burguesa, os convencionalismos, o hábito de considerar o bem-estar material como razão suficiente de vida, o hábito de só apreciar a ciência em função da sua utilidade técnica, o ilimitado desejo de poder, a bonomia dos políticos, o fanatismo das ideologias, a aspiração a um nome literário — tudo isso proclama a antifilosofia. E os homens não o percebem porque não se dão conta do que estão a fazer. E permanecem inconscientes de que a antifilosofia é uma filosofia, embora pervertida, que, se aprofundada, engendraria a sua própria aniquilação.

Karl Jaspers, Introdução ao pensamento filosófico

TEMA

A atitude geral de desprezo em relação à filosofia

PROBLEMA

Porque é que a filosofia é desprezada?

TESE PRINCIPAL

Conclusão

A filosofia é perigosa é necessário afastá-la, denegri-la. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista como algo entediante.

ARGUMENTO

premissas

Porque se a compreendesse teria de mudar a minha vida, rever os meus juízos. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas tão-somente usam uma inteligência de rebanho. É preciso impedir que os homens se tornem sensatos. Oxalá desaparecessem as cátedras de filosofia. Quanto mais vaidades se ensinem, menos estarão os homens em risco de se deixar tocar pela luz da filosofia

Conceitos

Filosofia, instinto vital

Filosofia: Teorias, Teses, Proposições, Argumentos, Conceitos, Premissas...

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

 https://www.youtube.com/watch?v=wToeZLYTAew&t=12s

https://www.youtube.com/watch?v=UeeWa91ApB0

Proposta de correção da ficha sobre análise lógica do texto filosófico 1

 

“Considerai bem a razão por que digo isso: estou para demonstra-vos de onde nasceu a calúnia. Em verdade, ouvindo isso, pensei: que queria dizer o Deus e qual é o sentido de suas palavras obscuras? Sei bem que não sou sábio, nem muito nem pouco: o que quer dizer, pois, afirmando que sou o mais sábio? Certo não mente, não é possível. E fiquei por muito tempo em dúvida sobre o que pudesse dizer; depois de grande fadiga resolvi buscar a significação do seguinte modo: Fui a um daqueles detentores da sabedoria, com a intenção de refutar, por meio dele, sem dúvida, o Oráculo, e, com tais provas, opor- lhe a minha resposta: Este é mais sábio que eu, enquanto tu dizias que eu sou o mais sábio. Examinando esse tal – não importa o nome, mas era, cidadãos atenienses, um dos políticos, este de quem eu experimentava essa impressão – e falando com ele, afigurou-se-me que esse homem parecia sábio a muitos outros e principalmente a si mesmo, mas não era sábio. Procurei demonstrar-lhe que ele parecia sábio sem o ser. Daí me veio o ódio dele e de muitos dos presentes. PREMISSAS-Então, pus- me a considerar, de mim para mim, que eu sou mais sábio do que esse homem, pois que, ao contrário, nenhum de nós sabe nada de belo e bom, mas aquele homem acredita saber alguma coisa, sem sabê-la, enquanto eu, como não sei nada, também estou certo de não saber. CONCLUSÃOParece, pois, que eu seja mais sábio do que ele, nisso ainda que seja pouca coisa: não acredito saber aquilo que não sei. Depois desse, fui a outro daqueles que possuem ainda mais sabedoria que esse, e me pareceu que todos são a mesma coisa. Daí veio o ódio também deste e de muitos outros.

Platão, Apologia de Sócrates

TEMA: DEFESA DE SÓCRATES

OU O QUE É SER SÁBIO

PROBLEMA: O QUE É SER SÁBIO?

TESE-conclusão do argumento

 SER SÁBIO É SABER QUE NADA SE SABE VERDADEIRAMENTE

ou

NÃO ACREDITAR SABER O QUE NÃO SE SABE

ARGUMENTO PREMISSAS

Então, pus- me a considerar, de mim para mim, que eu sou mais sábio do que esse homem, pois que, ao contrário, nenhum de nós sabe nada de belo e bom, mas aquele homem acredita saber alguma coisa, sem sabê-la, enquanto eu, como não sei nada, também estou certo de não saber. Parece, pois, que eu seja mais sábio do que ele, nisso ainda que seja pouca coisa: não acredito saber aquilo que não sei.

Conceitos: Sabedoria, Sábio, 

Proposta de correção da ficha de análise lógica do texto filosófico 2

 

"Devemos procurar o valor da filosofia, de facto, em grande medida na sua própria incerteza. O homem sem rudimentos de filosofia passa pela vida preso a preconceitos derivados do senso comum, a crenças costumeiras da sua época ou da sua nação, e a convicções que cresceram na sua mente sem a cooperação ou o consentimento da sua razão deliberativa. Para tal homem o mundo tende a tornar-se definitivo, finito, óbvio; os objetos comuns não levantam questões, e as possibilidades incomuns são rejeitadas com desdém. Pelo contrário, mal começamos a filosofar, descobrimos, como vimos nos nossos capítulos de abertura, que mesmo as coisas mais quotidianas levam a problemas aos quais só se podem dar respostas muito incompletas. A filosofia, apesar de não poder dizer-nos com certeza qual é a resposta verdadeira às dúvidas que levanta, é capaz de sugerir muitas possibilidades que alargam os nossos pensamentos e os libertam da tirania do costume. Assim, apesar de diminuir a nossa sensação de certeza quanto ao que as coisas são, aumenta em muito o nosso conhecimento quanto ao que podem ser; remove o dogmatismo algo arrogante de quem nunca viajou pela região da dúvida libertadora, e mantém vivo o nosso sentido de admiração ao mostrar coisas comuns a uma luz incomum.

 

2. Análise lógica do texto filosófico.

Tema: O valor da Filosofia ou a sua utilidade

Problema: Onde reside o valor da Filosofia?

Tese

CONCLUSÃO DO ARGUMENTO: O valor da Filosofia reside exatamente naquilo que os homens tendem a desprezar, a sua própria incerteza.

Movimentação argumentativa PREMISSAS QUE SUSTENTAM A CONCLUSÃO: (porque/razões para justificar a tese)

(...) o homem sem Filosofia passa a vida agrilhoado a preconceitos que derivam do senso comum, convicções que cresceram na sua mente sem serem colocadas em dúvida. Para tal homem o mundo é finito definitivo, óbvio. A Filosofia, apesar de não dar respostas certas às dúvidas que levanta, é capaz de sugerir inúmeras possibilidades de resposta que alargam os nossos pensamentos e o libertam da tirania do hábito.  Assim, apesar de diminuir as nossas certezas, aumenta o nosso conhecimento do que as coisas possam ser e, por isso varre o dogmatismo arrogante de quem nunca viajou pelos caminhos da dúvida libertadora.

Conceitos: Filosofia, Incerteza, Dúvida libertadora, hábito.