segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Texto para resumo Giovanna ou Inês 10E

 


Diferença entre relativismo cultural e relativismo moral

Nas discussões calorosas sobre a universalidade de valores morais tornou-se comum apelar para a cultura. Nesses argumentos, a cultura seria responsável para justificar as atitudes. Porém, o conceito de cultura empregue nessas discussões, é muito vago e é  importante diferenciar o relativismo moral do relativismo cultural.

Relativismo cultural é uma atitude e pressuposto de método de pesquisa que serve para descrever, analisar e avaliar a cultura de um grupo humano baseado em termos e valores daquele grupo. Quando se refere aos aspetos morais, trata-se de um relativismo moral descritivo.

Por outro lado, relativismo moral é acreditar que não há valores absolutos ou universais, mas que a moral é determinada pelas circunstâncias.

O relativismo cultural opõe-se ao etnocentrismo enquanto relativismo moral opõe-se ao universalismo moral.

O problema de como julgar os “outros”  ou o “estranho” é universal e antigo. Os gregos chamavam de barbaroi a todos os que eles não entendiam. Os primeiros portugueses a encarar a diversidade cultural dos nativos brasileiros submeteram línguas como o tupi antigo à gramática latina e reclamavam que para os tupi não havia “fé, nem lei, nem rei” – tanto pela ausência dos fonemas /f/, /l/ e /r/  quanto pela falta de religião, normas legais e organização social nos moldes europeus. Assim, a língua indígena por não ser nada similar aos que os europeus conheciam, era tida como defeituosa como os próprios indígenas. Essa atitude de julgar a cultura alheia, frequentemente julgando-a inferior, exemplifica o etnocentrismo.

Baseando-se nesse etnocentrismo, autoridades coloniais e antropólogos do século XIX categorizavam o mundo num esquema evolutivo em civilizados (eles mesmos),  bárbaros (outras nações) e selvagens (gente que supostamente viviam como animais). Tais diferenças de escala teriam razões deterministas: ou era a raça ou o clima que afetavam o grau de civilidade.

O relativismo cultural defende que não é possível julgar culturas diferentes e opõe-se ao etnocentrismo.

Uma maneira de diferenciar os conceitos de relativismo moral e relativismo cultural é aplicá-los num caso. Tomamos, por exemplo, a linguagem. Sob a perspetiva do relativismo cultural, todas as línguas são válidas — não há línguas melhores que outras, pois todas são completas para expressar pensamentos e emoções. Também cada registro linguístico é válido no seu contexto. (…) Agora, aplicando o conceito de relativismo moral: seria certo um ministro chamar os seus pares com um palavrão? Ou ofender verbalmente um membro de outro partido? Ambas as ofensas são moralmente inaceitáveis, embora possíveis com os recursos linguísticos daquelas comunidades. O fato de esses termos existirem nessas comunidades culturais não tornaria seus usos indiscriminados moralmente legítimos.

ALVES, Leonardo Marcondes. Diferença entre relativismo cultural e relativismo moral. Ensaios e Notas,

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

TEXTO PARA RESUMO Daniela Fernandes 10E


TEXTOS FUNDAMENTAIS 2 - Os valores são subjetivos ou objetivos?


" As questões sobre os valores - isto é, sobre o que é bom ou mau em si, independentemente dos seus efeitos estão fora do domínio da ciência, como os defensores da religião afirmam veementemente. Eu penso que nisto têm razão, mas retiro outra conclusão que eles não retiram - a de que as questões sobre "valores" estão completamente fora do domínio do conhecimento. Por outras palavras, quando afirmamos que isto ou aquilo tem "valor", estamos a exprimir as nossas emoções, e não a indicar algo que seria verdadeiro mesmo que os nossos sentimentos pessoais fossem diferentes. (...)


Qualquer tentativa de persuadir as pessoas de que algo é bom (ou mau) em si, e não apenas por causa dos seus efeitos, depende não de qualquer recurso a provas, mas da arte de suscitar sentimentos. O talento do pregador consiste em criar nos outros emoções semelhantes às suas - ou diferentes, se ele for hipócrita. Ao dizer isto não estou a criticar o pregador, mas a analisar o carácter essencial da sua atividade.


Quando um homem diz "Isto é bom em si" parece estar a exprimir uma proposição como se tivesse dito "Isto é um quadrado" ou "Isto é doce". Julgo que isto é um erro. Penso que aquilo que o homem quer realmente dizer é "Quero que toda a gente deseje isto", ou melhor, "Quem me dera que toda a gente desejasse isto". Se aquilo que ele diz for interpretado como uma proposição, esta é apenas sobre o seu desejo pessoal. Se for antes interpretado num sentido geral, nada afirma, exprimindo apenas um desejo. O desejo, enquanto acontecimento, é pessoal, mas o que se deseja é universal. Penso que foi este curioso entrelaçamento entre o particular e o universal que provocou tanta confusão na Ética. (...)


Se esta análise está correta, a ética não contém quaisquer proposições, sejam elas verdadeiras ou falsas, consistindo em desejos gerais de uma certa espécie, nomeadamente naqueles que dizem respeito aos desejos da humanidade em geral - e dos deuses, dos anjos e dos demónios, se eles existirem. A ciência pode discutir as causas dos desejos e os meios para os realizar, mas não contém quaisquer frases genuinamente éticas, pois esta diz respeito ao que é verdadeiro ou falso.


A teoria que estou a defender é uma forma daquela que é conhecida por doutrina da "subjetividade" dos valores. Esta doutrina consiste em sustentar que, se dois homens discordam quanto a valores, há uma diferença de gosto, mas não um desacordo quanto a qualquer género de verdade. Quando um homem diz "As ostras são boas" e outro diz "Eu acho que são más" , reconhecemos que nada há para discutir. A teoria em questão sustenta que todas as divergências de valores são deste género, embora pensemos naturalmente que não o são quando estamos a lidar com questões que nos parecem mais importantes que as das ostras. A razão principal para adotar esta perspetiva é a completa impossibilidade de encontrar quaisquer argumentos que provem que isto ou aquilo tem valor intrínseco. Se estivéssemos de acordo a este respeito, poderíamos defender que conhecemos os valores por intuição. Não podemos provar a um daltónico que a relva é verde e não vermelha, mas há várias maneiras de lhe provar que ele não tem um poder de discriminação que a maior parte dos homens tem. No entanto, no caso dos valores não há qualquer maneira de fazer isso, e aí os desacordos são muito mais frequentes que no caso das cores. Como não se pode sequer imaginar uma maneira de resolver uma divergência a respeito de valores, temos de chegar à conclusão de que a divergência é apenas de gostos e não se dá ao nível de qualquer verdade objetiva.

Bertrand Russell, Ciência e Ética, 1935. Tradução de Paula Mateus

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Trabalhos práticos para cidadania

 


Fotografia Bloncourt

ATENÇÃO NOVAS DATAS PARA AS APRESENTAÇÕES ORAIS:
Grupos de 4 alunos

Apresentação oral com diapositivos. Todos os alunos têm de entregar o diapositivo até dia 24 de Fevereiro para logosferas@gmail.com

Data de entrega: 24 Fevereiro (todos os trabalhos em diapositivo). 

Apresentações orais: 24 FEV (GRUPOS 1, 2 e 4)

25 FEV (GRUPOS 3, 5 e 6)



Temas Gerais: Interculturalidade e Igualdade

1. O Terrorismo e o choque de culturas. Será o terrorismo provocado pela marginalização de certas comunidades? Será um problema religioso ou político? (GRUPO 2)

2. IGUALDADE DE GÉNERO -Violência doméstica. Qual a origem da violência doméstica? (GRUPO 1)

3. Multiculturalismo e Interculturalidade. Que políticas seguir em sociedades com grande diversidade cultural? Deve haver leis universais para todos ou cada comunidade deve seguir as suas leis e costumes mesmo dentro de outro Estado? (GRUPO 6)

4. IGUALDADE DE GÉNERO - As lutas de emancipação das mulheres. Qual a origem da discriminação contra as mulheres? (GRUPO 5)

5. Dimensão ética dos valores. O relativismo moral. Devemos tolerar todas as práticas apenas porque são de culturas diferentes? Porquê? (GRUPO 4)

6.Estudo de casos de descriminação devido ao género, à etnia ou à religião. O que está na origem da discriminação?(GRUPO 3)


DIAPOSITIVO:

INTRODUÇÃO - Introduz o tema, explica o problema. define os conceitos que vão ser usados.
DESENVOLVIMENTO POR CAPÍTULOS:  Organização da informação que possa conduzir a um esclarecimento do problema colocado.
CONCLUSÃO.: Resposta bem fundamentada à questão colocada.
BIBLIOGRAFIA: Sites, textos

AVALIAÇÃO:


Avaliação auto e heteroavaliação
Diapositivo:

1. Apresentação criativa.

2. Investigação cuidada ao nível da informação.

3. Bem organizado e estruturado.

4. Resposta bem fundamentada à questão colocada. (CONCLUSÃO)


Apresentação oral:

1. Discurso bem articulado.
 
2. Atitude dinâmica e de interação com os colegas.

3. Boa assimilação dos conteúdos expostos.

4. Argumenta e problematiza de forma correta.