segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Diógenes



Diógenes (413 – 323 a.C.) nasceu em Sínope, cidade costeira da região da Turquia e foi o símbolo da escola Cínica, isto porque ele fez da sua filosofia uma forma de viver, bastante radical para qualquer época da história. Diógenes desprezava as convenções sociais, isto é o comportamento que a sociedade tinha naquele momento, o luxo, riquezas e demasiado conforto que necessitava para viver. Ele desprezava tais coisas e afirmava que o homem precisava apenas daquilo que lhe era básico para sobreviver e ser feliz.
Sustentando esta corrente de pensamento Diógenes passou a viver tal qual os mendigos, alimentando-se de sobras que conseguia recolher pela cidade, vestindo apenas uma túnica velha e fazendo de um barril a sua morada. Ele era conhecido por deambular pelas ruas carregando consigo uma espécie de lamparina acesa, mesmo durante o dia, e respondia a todos que lhe perguntassem sobre o propósito de sua vida com a frase “Procuro um homem”. E este homem que procurava era aquele que vivia de acordo com a sua própria natureza, suprindo apenas as suas necessidades básicas para viver e não vivendo de acordo com os conceitos da sociedade superficial.
A trajectória
Numa ocasião em que o seu pai teria adulterado uma moeda do Estado, Diógenes foi exilado de sua cidade natal para Atenas, onde começou a pôr em prática os seus pensamentos com o estilo de vida simples e praticamente sem posses. Contudo, alguns estudiosos afirmam que a culpa do exílio foi do próprio Diógenes, pois o seu pai lhe tinha confiado a cunhagem das tais moedas.
Em Atenas, vivendo como um mendigo, Diógenes pretendia ser discípulo de Antístenes, fundador da escola Cínica, mas o próprio o rejeitou e somente após muita insistência lhe  concedeu o título de discípulo. Pode-se destacar um episódio em que Antístenes ergue um bastão com a intenção de golpear Diógenes na cabeça e o mesmo lhe responde com a seguinte frase: “Pode golpear, mas não encontrará um bastão duro o suficiente para me fazer desistir de querer que me diga algo, que acho que deve.”
Tornando-se símbolo da escola Cínica, Diógenes continuou a viver segundo os seus ideais e para ele este estilo radical de vida permitia-lhe ser ele mesmo sem estar preso às convenções sociais, sendo livre. Para ele esta liberdade era alcançada à medida que cansava o corpo para que se habituasse a dominar os seus prazeres até que fossem ignorados por completo, pois para os seguidores do cinismo os prazeres enfraquecem a alma do homem, pois este vai-se tornando seu escravo.
Um episódio marcante da vida de Diógenes foi quando o então imperador, e mais poderoso homem conhecido na época, Alexandre da Macedónia, o encontrou tomando um banho de sol e lhe disse “Peça-me o que quiser”. Contudo, no momento em que falava com Diógenes, Alexandre fazia sombra ao mesmo, encontrando-se despretensiosamente à frente do sol. Então Diógenes respondeu-lhe com a seguinte frase “Devolva-me o sol.”. Demonstrando o pouco que precisava para se contentar.
Diógenes e Alexandre da Macedónia

Imagem: Reprodução
Diógenes tornou-se o símbolo da simplicidade e a sua história ensina até os dias de hoje que os homens precisam de menos do que pensam para sobreviver e serem felizes.  Ao falecer, a seguinte frase foi escrita na sua lápide “O próprio bronze envelhece com o tempo, mas a tua gloria, Diógenes, nem toda a eternidade destruirá; pois apenas tu ensinaste aos mortais a lição da autossuficiência na vida e a maneira mais fácil de viver”. Foi feita em sua homenagem uma coluna com um cão no topo, que simbolizava o seu apelido “Diógenes, O Cão”, e também o seu modo de viver, simples como os cachorros, alimentando-se de restos, bebendo água das poças que encontrava e deambulando pelas ruas de Atenas.
Os modernos termos "cínico" e "cinismo" derivam da palavra grega "kynikos", a forma adjetiva de "kynon", que significa "cão".[3] Diógenes acreditava que os humanos viviam artificialmente de maneira hipócrita e poderiam ter proveito ao estudar o cão. Este animal é capaz de realizar as suas funções corporais naturais em público sem constrangimento, comerá qualquer coisa, e não fará estardalhaço sobre em que lugar dormir. Os cães, como qualquer animal, vivem o presente sem ansiedade e não possuem as pretensões da filosofia abstrata. Somando-se ainda a estas virtudes, estes animais aprendem instintivamente quem é amigo e quem é inimigo. Diferentemente dos humanos, que enganam e são enganados uns pelos outros, os cães reagem com honestidade frente à verdade.