terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Texto para resumo Leonor Arantes 10B

Tem sido comum para esclarecer uma questão central sobre a natureza da ação, invocar uma distinção intuitiva entre as coisas que apenas acontecem com as pessoas - os eventos a que se submetem - e as várias coisas que realmente fazem. Os últimos acontecimentos, as obras, são atos ou ações do agente, e o problema sobre a natureza da ação é suposto ser: o que distingue uma ação de um mero acontecimento ou ocorrência? Há já algum tempo, tem havido, no entanto, uma melhor apreciação dos caprichos do verbo 'fazer' e num sentido mais profundo podemos mostrar que a questão não está bem enquadrada. Por exemplo, uma pessoa pode tossir, espirrar, piscar os olhos ou corar, numa convulsão, e estas são todas coisas que a pessoa tem, nalgum sentido mínimo, "feito", embora nos casos habituais, o agente tenha sido inteiramente passivo ao longo dessas obras. É natural protestarmos dizendo que não é esse o sentido de" fazer " que o filósofo sagaz da ação originalmente tinha em mente, mas também não é tão fácil de dizer que sentido é esse. Além disso, como Harry Frankfurt notou, o comportamento intencional dos animais constitui um tipo inferior de fazer "ativo". Quando uma aranha caminha sobre a mesa, a aranha controla diretamente os movimentos das suas pernas, estes são dirigidos para a levar de um local para outro. Esses mesmos movimentos têm um objetivo ou propósito para a aranha, e, portanto, eles estão sujeitos a um tipo de explicação teleológica. Da mesma forma, os movimentos ociosos dos meus dedos, que faço sem notar, podem ter o objetivo de libertar o lambuzado doce da minha mão. Toda essa atividade comportamental é "ação" num certo sentido bastante fraco.
No entanto, uma grande parte da ação humana tem uma estrutura psicológica mais rica. Um agente executa uma atividade que é dirigida para um objetivo, esse objetivo é uma espécie de meta que o agente adoptou com base numa avaliação prática global das suas opções e oportunidades. Além disso, está imediatamente disponível à consciência do agente, que está realizando a atividade em causa, que esta atividade está destinada por ele para tal e tal fim escolhido. Num nível conceptual ainda mais sofisticado, Frankfurt também argumentou que as questões básicas relativas à liberdade de ação pressupõem dar peso a um conceito de "agir com um desejo com o qual os agentes se identificam". (…) Assim, existem diferentes níveis de ação que são distintos, e estes incluem, pelo menos, o seguinte: inconsciente e / ou comportamento involuntário, atos com um propósito ou meta atividade dirigida (de aranha, por exemplo), ações intencionais e autónomas ou ações de agentes humanos auto-conscientemente ativos. Cada um destes conceitos-chave para serem caracterizados, levantam alguns duros quebra-cabeças.
Ver  

domingo, 15 de dezembro de 2019

Texto para resumo Leonor Pinheiro 10Be Inês Borges10A





Os argumentos não são todos do mesmo tipo. Há vários tipos de argumentos. As duas grandes categorias em que se dividem os argumentos são os válidos e os informais.Os argumentos válidos são os mais seguros porque oferecem uma garantia incrível: é logicamente impossível que as suas premissas sejam verdadeiras e a sua conclusão falsa. Os argumentos informais não oferecem este tipo de garantia. Num bom argumento informal, como um bom argumento indutivo, não é logicamente impossível que as suas premissas sejam verdadeiras e a sua conclusão falsa; pode ser impossível, mas não é logicamente impossível — e isto torna mais difícil decidir se é ou não impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.Com a caracterização dos dois grandes tipos de argumentos ficámos já com uma ideia do que é um argumento correcto ou válido: é um argumento que sustenta a verdade da conclusão, dada a verdade das suas premissas. E já vimos que a diferença entre os argumentos válidos e os argumentos informais é o facto de estes últimos, ao contrário dos primeiros, não garantirem em termos meramente lógicos a verdade da conclusão dada a verdade das premissas.

Aos bons argumentos, os chamados argumentos correctos ou válidos, opõem-se os maus argumentos, os chamados argumentos incorrectos ou inválidos. O que é um argumento inválido ou mau? Um argumento inválido é um argumento que não sustenta a verdade da sua conclusão. Se um argumento for inválido as premissas, ainda que sejam todas verdadeiras, não sustentam a conclusão. O que significa que uma pessoa pode concordar com todas as premissas, mas recusar a conclusão. Por isso é que os bons argumentos, válidos ou informais, são tão importantes: são os únicos que nos conduzem às suas conclusões.Mas repare-se numa subtileza. Dado um argumento válido podemos afirmar que ele conduz a uma conclusão verdadeira? A resposta, talvez surpreendente, é «não». Um argumento válido só conduz a uma conclusão verdadeira se todas as suas premissas forem verdadeiras. A verdade das premissas e a validade do raciocínio conduzem, ambos e apenas ambos, à verdade da conclusão. Por isso, na argumentação, a verdade e a validade andam de mãos dadas, e é preciso dar tanta atenção à validade ou correcção dos nossos raciocínios quanto à verdade das premissas usadas.
Há 4 tipos de argumentos informais:1. Nos argumentos com base em exemplos as premissas consistem num conjunto de exemplos que visam sustentar a conclusão.2. Nos argumentos por analogia as premissas estabelecem uma relação de semelhança entre duas coisas. Afirma-se que uma vez que num certo caso X se defende que Y então no caso Z se deve defender também Y porque X é semelhante a Z.3. Nos argumentos de autoridade citam-se certas fontes e especialistas que dispõem de dados fidedignos de que nós não dispomos.4. Os argumentos causais visam estabelecer uma relação causal entre dois ou mais tipos de fenómenos.Cada um destes tipos de argumentos tem regras próprias, que podem ser preliminarmente estudadas no livro "A Arte de Argumentar", de Anthony Weston.Algumas regras geraisVou agora, para terminar, falar de algumas regras gerais da arte de argumentar. Antes, porém, tenho de alertar o leitor para uma coisa. Hoje em dia está um pouco na moda, em alguns países, a retórica. Não se confunda a retórica de que em geral se fala com a argumentação de que falo aqui. A retórica de que em geral se fala é a arte de enganar; é a arte de usar todos os dispositivos possíveis para influenciar o auditório, apelando para os seus instintos mais baixos, ou para argumentos que parecem razoáveis mas não o são (as falácias). Daí que os amantes da retórica tenham a tendência para dizer que a retórica ultrapassa as limitações da lógica. Sejamos claros: se um argumento for mau, ou incorrecto, ou inválido, por mais retórica que se use, por mais que esse argumento funcione junto das pessoas em geral, continua a ser um mau argumento e quem está a usá-lo está a enganar as pessoas.
Desidério Murcho
Exercícios – Correção a vermelho


I - lógica proposicional


1. A partir de «Se a acrobacia é uma arte, então exprime sentimentos» e de «A acrobacia não exprime sentimentos», por modus tollens, infere-se que


(A) se algo exprime sentimentos, então é arte.

(B) a acrobacia nunca poderá exprimir sentimentos.

(C) a acrobacia é uma arte, mas não exprime sentimentos.

(D) é falso que a acrobacia seja uma arte.


2. Dicionário

P- Sócrates é filósofo

Q – Sócrates é político

R – Sócrates é jurista.

Escreva as fórmulas que traduzem as proposições seguintes.

a) Sócrates é filósofo ou político mas não é jurista-  (PVQ)^ ~R

b) É falso que Sócrates seja jurista logo só pode ser filósofo ou político - ~R PVQ

c) Se Sócrates é filósofo, então não é político nem é jurista-  P→~(Q^R)



3. Se J. K. Rowling deseja ocupar um lugar de destaque entre os escritores britânicos, então tem ambição literária.
 Mas J. K. Rowling não deseja ocupar um lugar de destaque entre os escritores britânicos. Isso mostra que J. K. Rowling não tem ambição literária.

O argumento é inválido. Porquê?  Falácia da negação do antecedente. Negar a condição suficiente (antecedente) não nos permite concluir negando o consequente, porque embora a condição suficiente para um determinado acontecimento não ocorra, o acontecimento pode ainda ocorrer. Por exemplo: é suficiente ter 10 valores para passar numa disciplina, mas posso não ter 10 mas sim 14 e passar na disciplina.

 4. Mostre que a forma argumentativa seguinte é inválida, recorrendo ao método das tabelas de verdade.

A V B
A
¬B

A
B
AVB
A
¬B
V
V
V
V
F
  V
F
V
V
V
F
V
V
F
F
F
F
F
F
V

Argumento inválido, tal como se pode verificar através da tabela , há uma circunstância em que o argumento tem premissas verdadeiras e conclusão falsa, esta circunstância nunca pode ocorrer num argumento dedutivo válido em que se as premissas são verdadeiras a conclusão é obrigatoriamente e em qualquer circunstância também verdadeira.

5. Interprete a fórmula seguinte, tendo em conta o dicionário apresentado.

P = Francis Bacon é filósofo. Q = Francis Bacon é político. R = Francis Bacon é pintor.   (P V Q) → ¬R
Se Francis Bacon é filósofo ou político então não é pintor.
6.  O que se segue da afirmação dada, aplicando uma das leis de De Morgan?  “É falso que Hume seja inglês ou irlandês.”

Hume não é inglês e não é irlandês

7. Construa um argumento, com a forma modus ponens, cuja primeira premissa seja “ Se não tenho livre arbítrio então existe destino”.

Se não tenho livre-arbítrio então existe destino.
Não tenho livre-arbítrio
Logo, existe destino

8. Sabendo que A é uma proposição verdadeira e C é falsa determine o valor de verdade de uma proposição com a forma  “ A→ (B^C)”. Justifique a sua resposta.

Falsa porque uma proposição condicional com o antecedente verdadeiro  e o consequente falso é sempre  falsa.


II Lógica Aristotélica – Clássica

1. Identifique e coloque na forma padrão as seguintes proposições: Negue as seguintes proposições e justifique.

a) “ Nem todos os políticos são corruptos”
Alguns políticos não são corruptos – Particular negativa
Negação: Todos os políticos são corruptos.  Porque negar uma proposição é negar a proposição em relação à sua quantidade e qualidade. Se é particular a sua negação terá de ser universal e se é negativa a sua negação terá de ser afirmativa. A negação de uma proposição é a sua contraditória.

b) “Há jornais que criam dúvidas sobre a sua imparcialidade .” Alguns jornais são criadores de dúvidas sobre a sua imparcialidade – Particular afirmativa
Negação: nenhum jornal é criador de dúvidas sobre a sua imparcialidade. (as razões são as mesmas já evocadas)

c)  “Não há energias fósseis que sejam ilimitadas.” Nenhuma energia fóssil é ilimitada
Negação: Algumas energias fósseis são ilimitadas



III Lógica informal:

1.Identifique e avalie o seguinte argumentos:
a) O ouro conduz eletricidade.                                   
O chumbo conduz eletricidade.                             
A prata conduz eletricidade.                                                                                                      
Logo, todo metal conduz eletricidade.  
Argumento por indução ou indutivo. Argumento que parte da inumeração de casos particulares de uma mesma classe com uma característica comum e conclui que todos os elementos da mesma classe têm a mesma característica. Trata-se de uma generalização.
Avaliação: Se as premissas são verdadeiras,  o argumento é forte ou fraco dependendo do grau de probabilidade da conclusão. Neste caso o grau de probabilidade é fraco pois embora a amostra seja significativa uma vez que inclui todos os elementos da classe de vários metais diferentes; a quantidade de metais apresentada não é suficiente para podermos concluir, pois parece-nos que deve haver muitos outros metais que não estão enumerados e que podem mudar o resultado da conclusão. Logo, o argumento é fraco.

b) Colhe-se o que se semeia. Se plantarmos amoras, colhemos amoras. Se plantarmos cebolas obtemos cebolas. Do mesmo modo quem semeia a guerra não pode esperar obter paz, justiça e fraternidade.
Argumento por analogia. Faz-se uma comparação entre o comportamento da natureza e o comportamento humano para concluir que são ambos regidos pela mesma lei, a lei de causa efeito.
Argumento fraco pois enquanto a lei de causa efeito  parece ser válida para a natureza nem sempre é válida para o comportamento humano que é mais imprevisível e está sujeito a mais variáveis (livre-arbítrio)que o comportamento das plantas e frutos.

2. Se tiver, no futuro, outro metal , poderei saber que conduz a eletricidade? Porquê?
Não, podemos errar, é muito provável que erremos se arriscarmos uma previsão. A previsão é pouco sólida.
3. Dê um exemplo de um argumento indutivo forte ou fraco.
Todos as maçãs até agora e vistas e conhecidas,  tinham caroço, logo todas as maçãs têm caroço. Argumento forte, dados os inúmeros casos serem suficientes e representativos. A conclusão tem forte probabilidade de ser verdadeira.

4. Identifique as seguintes falácias e justifique.

a) O meu médico diz que não há provas que a minha dor de cabeça seja provocada por “falta de vista”, mas também não há provas que não seja, logo, eu tinha razão, as minhas dores de cabeça são mesmo “falta de vista”.
Apelo à ignorância. Falácia de dados insuficientes. Como não há provas retira-se a conclusão que nos convém. A falta de provas acerca de algo impede-nos de retirar uma conclusão afirmativa ou negativa acerca da sua existência.  

 b) Einstein foi o criador da relatividade mas é preciso ver que Einstein era judeu e comunista, logo a teoria da relatividade só pode ser mentira.  
Ad hominem.  Falácia de dados não relevantes. Não há nenhuma relação lógica entre ser comunista e judeu e ser mau cientista com teorias erradas. É um ataque à pessoa e não apresenta argumentos que nos permitam aceitar a conclusão.


c) Sabemos que Deus existe, porque a Bíblia o diz. E o que a Bíblia diz deve ser verdadeiro, dado que foi escrita por Deus e Deus não mente.
Petição de princípio. Falácia de pressuposição. Raciocínio circular, queremos concluir que Deus existe porque Deus escreveu a Bíblia a dizê-lo. Trata-se de pressupor como verdadeiro o que se queria provar.
d)  Vou ter boa nota no teste porque está Lua cheia e sempre que está Lua cheia eu sei que a sorte está comigo.
Falsa causa. Falácia de dados insuficientes. Não é suficiente estar lua cheia para ter boa nota no teste, as premissas não sustentam a conclusão. Os dois factos não têm qualquer relação causal.


e) Tu defendes a luta de Greta pelo clima, o que defendes é uma ideologia que está a tomar conta das redes sociais e tem interesses instalados, no fundo defender o clima é o mesmo que não ver o óbvio.
Boneco de palha ou espantalho. Falácia de dados insuficiente. Tentativa de distorcer o argumento adversário para o enfraquecer e o tornar ridículo perante a assembleia ou perante os outros. Neste caso estamos a acusar a luta do clima de ser estúpida  ou ingénua porque não “vê o óbvio”.



sábado, 7 de dezembro de 2019

Matriz 2º teste do 1º sementre - DEZEMBRO 2019


A. Estrutura e Cotações
Grupo I - Questões de V e F ou escolha múltipla 5x15 = 75 Pontos;
Grupo II -Texto com 5 perguntas para desenvolver os conteúdos  - 5x25= 125 Pontos
(Uma das perguntas é um pequeno ensaio argumentativo; o aluno deve  construir um texto onde  coloque um diálogo entre posições acerca de um tema/problema)
As respostas têm que ser estruturadas. Evidenciar domínio dos conteúdos. Fundamentar bem as afirmações.

B. Conteúdos e competências específicas.

1. Análise lógica do texto: Identificar o tema e o problema tratado, a tese, o corpo argumentativo e os conceitos.

2. Lógica formal – Proposicional.
a) Identificar as proposições e as conectivas proposicionais de conjunção, disjunção, condicional, bicondicional e negação.
b) Traduzir para linguagem simbólica uma proposição dada.
c) Traduzir da linguagem simbólica para a natural e identificar as proposições.
d) Saber as regras lógicas da verdade das proposições e da validade dos argumentos.
e) Aplicar o quadrado da oposição para negar proposições.
f) Aplicar as inferências de Modus Ponens, Modus Tollens, Condicionais, disjunções, leis de Morgan, contraposição e dupla negação.
g) Aplicar as tabelas de verdade para verificar se os argumentos são válidos ou não.
h) Identificar as falácias formais de afirmação do consequente e negação do antecedente.
3. Lógica formal – Clássica
a. Identificar proposições simples na forma padrão
b. negar proposições simples – a contraditória de uma proposição
c. Entimemas
3. O domínio do discurso argumentativo - a procura de adesão do auditório.
a.  Distinguir argumentos dedutivos/formais de argumentos informais/não dedutivos
b. Compreender o plano da demonstração e da argumentação.
Caracterizar os principais argumentos informais não dedutivos : Indutivos, por Analogia, de Autoridade qualificada.
c. Avaliar e identificar os argumentos no texto.
d. Interpretar corretamente o conteúdo do texto.
e. Construir um texto argumentativo onde possa aplicar vários tipos de argumentos.
f. Identificar as principais falácias informais: Petição de princípio, ad verecundiam, ad hominem,ad ignorantiam, bola de neve (reação em cadeia), generalização apressada, boneco de palha, falso dilema, falsa causa, falsa analogia e amostra não representativa. 


C. Competências gerais:
Dominar os conhecimentos exigidos.
Compreender as várias regras e aplica-las de forma correta.
Expor de forma clara e objetiva o pensamento.
Interpretar um texto.
Aplicar os conhecimentos adquiridos a novas situações.
Avaliar e identificar os argumentos e teses (conclusão) dos textos.
Justificar com razões fortes as afirmações proferidas.
Realizar um texto argumentativo.
Escrever corretamente.

Critérios de correção:
Apresentar os conteúdos considerados relevantes de forma completa
Apresentar esses conteúdos de forma clara, articulada e coerente;
Evidenciar uma utilização adequada da terminologia filosófica;
Evidenciar a interpretação adequada dos documentos apresentados
Evidenciar capacidade de argumentação e de crítica.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Resumo de texto Daniela 10A, Gabriel 10B

A manipulação conscienciosa e inteligente dos hábitos organizados e das opiniões é um elemento importante da sociedade democrática. Aqueles que manipulam este oculto mecanismo da sociedade constituem um governo invisível que é o verdadeiro poder regulador do nosso país.
Somos governados, as nossas mentes moldadas, os nossos gostos formados, as nossas ideias sugeridas, em grande medida por homens dos quais nunca ouvimos falar. Este é o resultado lógico do modo com a nossa democracia está organizada. Um vasto número de seres humanos têm de cooperar desta maneira se querem viver em conjunto como uma sociedade que funcione tranquilamente. (...)
Nos dias em que os reis eram reis, Luís XIV proferiu esta modesta observação: “O Estado sou eu”. Ele estava quase certo.
Mas os tempos mudaram. A máquina a vapor, a impressão em série, a escola pública, este trio da revolução industrial, retirou o poder aos reis e deu-o ao povo. O povo hoje conquista o poder que o rei perdeu. O poder económico tende a ser arrastado pelo poder político; a história da revolução industrial mostra como o poder passou do rei e da aristocracia para a burguesia. O sufrágio universal e a escola universal reforçaram esta tendência, e por fim mesmo a burguesia sente-se ameaçada pelas pessoas comuns. As massas prometem ser o próximo rei.
Hoje, contudo, surge uma reação. A minoria descobriu um poderoso auxiliar para influenciar as massas. Tornou-se então possível moldar a mentalidade das massas que se lançarão com o seu vigor recém-adquirido na direção desejada. Na actual estrutura da sociedade, esta prática é inevitável. Qualquer que seja a importância social que lhe é dada hoje, seja na política, finança, industria, agricultura, caridade, educação, ou noutros campos, deve ser feita com recurso à propaganda. A propaganda é o braço executor do governo invisível.
Supunha-se que a literacia universal educaria o homem comum a controlar o meio ambiente. Uma vez que podia ler e escrever poderia ter uma mentalidade apta a governar. Mas em vez de uma mentalidade, a literacia universal ofereceu-lhe carimbos, carimbos esses pintados com slogans publicitários, com editoriais, com dados científicos, com as trivialidades dos tablóides e as vulgaridades da história, mas pouco inocentes no que respeita à originalidade. Cada carimbo humano é duplicado de milhões de outros, de modo que quando estes milhões são expostos aos mesmos estímulos, recebem todos impressões idênticas. (…)O mecanismo pelo qual as ideias são disseminadas em larga escala é a propaganda, no sentido lato de um esforço organizado para espalhar uma convicção ou uma doutrina.
Estou consciente que a palavra propaganda provoca em muitas mentes uma conotação desagradável. De qualquer maneira, em qualquer circunstância, a propaganda ser boa ou má depende do mérito da causa advogada, e da correção da informação publicada.(…)
Trotter e Le Bon concluíram que a mentalidade de grupo não pensa no sentido estrito da palavra. Em vez de pensamentos tem impulsos, hábitos, e emoções. Ao elaborar o seu pensamento o primeiro impulso geralmente é seguir o exemplo de um líder em que se confia. Este é um dos princípios mais firmemente estabelecidos da psicologia de massas. Funciona a subida ou diminuição de prestígio de uma estância estival, ao provocar uma corrida a um banco, ou o pânico na cotação de ações, ao criar um “best-seller” ou u êxito de bilheteira. Mas quando o exemplo do líder não está à mão e a multidão tem de pensar por si, fá-lo com o recurso a clichés, palavras ou imagens que permanecem na globalidade de um grupo de ideias e experiências. Não há muitos anos atrás, era somente preciso etiquetar um candidato político com a palavra interesses para fazer com que milhões de pessoas votassem contra ele, porque qualquer coisa associada a “os interesses” parecia necessariamente corrupta. Recentemente a palavra Bolchevique tem desempenhado um serviço semelhante a pessoas que desejam assustar o público para o afastar de uma linha de ação.(…)
Os homens raramente se apercebem das verdadeiras razões que motivaram as suas ações. Um homem pode acreditar que compra um carro porque, depois de ter cuidadosamente estudado as características técnicas de todas as marcas no mercado, concluiu que aquele é o melhor. Quase de certeza que se está a enganar a si próprio. Compra-o, talvez, porque um amigo, cuja esperteza financeira respeita, comprou um na semana anterior; ou porque os seus vizinhos crêem que ele não é capaz de ter recursos para comprar um carro daquela categoria; ou porque vem com as cores do lar universitário de estudantes em que viveu.
Foram principalmente os psicólogos da escola de Freud que identificaram que muitos dos pensamentos e ações do homem são substitutos compensatórios dos desejos que são obrigados a reprimir. (…) Os desejos humanos são o vapor que faz a máquina social funcionar. Só compreendendo-os o propagandista pode controlar esse vasto mecanismo, ao mesmo tempo solto e unido, que é a sociedade moderna.
Edward Bernays (1928) Propaganda, Lisboa, Mareantes Editora, 2005 (p.p 19, 31,32,  64,66)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Roger Scruton - O grande pecado contemporâneo

Ficha de revisões para realizar até dia 11 de Dezembro


Exercícios –

I - lógica proposicional


1. A partir de «Se a acrobacia é uma arte, então exprime sentimentos» e de «A acrobacia não exprime sentimentos», por modus tollens, infere-se que


(A) se algo exprime sentimentos, então é arte.

(B) a acrobacia nunca poderá exprimir sentimentos.

(C) a acrobacia é uma arte, mas não exprime sentimentos.

(D) é falso que a acrobacia seja uma arte.


2. Dicionário

P- Sócrates é filósofo

Q – Sócrates é político

R – Sócrates é jurista.

Escreva as fórmulas que traduzem as proposições seguintes.

a) Sócrates é filósofo ou político mas não é jurista

b) É falso que Sócrates seja jurista logo só pode ser filósofo ou polítco

c) Se Sócrates é filósofo, então não é político nem é jurista



3. Se J. K. Rowling deseja ocupar um lugar de destaque entre os escritores britânicos, então tem ambição literária.
 Mas J. K. Rowling não deseja ocupar um lugar de destaque entre os escritores britânicos. Isso mostra que J. K. Rowling não tem ambição literária.

O argumento é inválido. Porquê? 

 4. Mostre que a forma argumentativa seguinte é inválida, recorrendo ao método das tabelas de verdade.

A V B
A
¬B

7. Interprete a fórmula seguinte, tendo em conta o dicionário apresentado.

P = Francis Bacon é filósofo. Q = Francis Bacon é político. R = Francis Bacon é pintor.   (P V Q) → ¬R

8.  O que se segue da afirmação dada, aplicando uma das leis de De Morgan?  “É falso que Hume seja inglês ou irlandês.”

9. Construa um argumento, com a forma modus ponens, cuja primeira premissa seja “ Se não tenho livre arbítrio então existe destino”.

10. Sabendo que A é uma proposição verdadeira e C é falsa determine o valor de verdade de uma proposição com a forma  “ A→ (B^C)”. Justifique a sua resposta.


II Lógica Aristotélica – Clássica

1. Identifique e coloque na forma padrão as seguintes proposições: Negue as seguintes proposições e justifique.

a) “ Nem todos os políticos são corruptos”

b) “Há jornais que criam dúvidas sobre a sua imparcialidade .”

c)  “Não há energias fósseis que sejam ilimitadas.”

2. Negue cada uma das proposições e justique.


III Lógica informal:

1.Identifique e avalie o seguinte argumentos:
a) O ouro conduz eletricidade.                                   
O chumbo conduz eletricidade.                             
A prata conduz eletricidade.                                                                                                      
Logo, todo metal conduz eletricidade.  

b) Colhe-se o que se semeia. Se plantarmos amoras, colhemos amoras. Se plantarmos cebolas obtemos cebolas. Do mesmo modo quem semeia a guerra não pode esperar obter paz, justiça e fraternidade.

2. Se tiver, no futuro, outro metal , poderei saber que conduz a eletricidade? Porquê?

3. Dê um exemplo de um argumento indutivo forte ou fraco.

4. Identifique as seguintes falácias e justifique.

a) O meu médico diz que não há provas que a minha dor de cabeça seja provocada por “falta de vista”, mas também não há provas que não seja, logo, eu tinha razão, as minhas dores de cabeça são mesmo “falta de vista”.

 b) Einstein foi o criador da relatividade mas é preciso ver que Einstein era judeu e comunista, logo a teoria da relatividade só pode ser mentira.

c) Sabemos que Deus existe, porque a Bíblia o diz. E o que a Bíblia diz deve ser verdadeiro, dado que foi escrita por Deus e Deus não mente.

d)  Vou ter boa nota no teste porque está Lua cheia e sempre que está Lua cheia eu sei que a sorte está comigo.

e) Tu defendes a luta de Greta pelo clima, o que defendes é uma ideologia que está a tomar conta das redes sociais e tem interesses instalados, no fundo defender o clima é o mesmo que não ver o óbvio.


terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Texto para resumo Gonçalo 10B e Catarina Lopes 10A


A retórica é a arte da influência, da amizade e da eloquência, da inteligência pronta e da lógica irrefutável. E aproveita a mais poderosa das forças sociais, o argumento.

 Jay Heinrichs

A retórica, ou a arte da persuasão, é praticada desde os tempos antigos e continua sendo uma ferramenta essencial para convencer os outros até hoje. É uma habilidade praticada por políticos, empresários, anunciantes, educadores e estudantes. Às vezes, os dispositivos retóricos são usados ​​por pessoas que nem percebem que os estão usando, e muitas vezes as pessoas não percebem quando estão sendo expostas a esses dispositivos.
Como parte de outras pessoas ou público, é ótimo identificar a retórica e os dispositivos retóricos usados ​​para convencer. Estamos aqui para ajudá-lo a explorar o tópico da retórica para você explorar.

Alguém disse antigo?

 Olá, sou Aristóteles. Na minha época, a retórica era a arte de descobrir todos os meios disponíveis de persuasão, e sublinhei fortemente o aspeto lógico deste processo. Eu defendi  três tipos de provas retóricas: ethos, pathos e logos
Através do logos (lógica), pode-se usar o raciocínio indutivo ou dedutivo. Se usarmos o raciocínio indutivo, a nossa conclusão pode ou não ser factual.

Por exemplo, se ferimos o joelho e compramos tintura de iodo na farmácia e isso ajuda muito, quando o nosso irmão fere o pulso aplicamos a mesma receita. Como outro exemplo, Long Island pode ter um clima semelhante às regiões da Califórnia que cultivam uvas vermelhas, além de apresentar amostras de solo semelhantes. Podemos usar o raciocínio indutivo para recomendar o cultivo de uvas vermelhas em Long Island no verão.

O raciocínio dedutivo começa com declarações gerais de fato para construir um argumento. Todos os gatos são felinos. Kira é um gato. Portanto, Kira é um felino.


O Ethos, ou apelo ético, é baseado na sua credibilidade e caráter. Pode ter sucesso referenciando as suas áreas de especialização diretamente, embora com modéstia. Seja creditado em fontes confiáveis. Não deturpe o lado oposto (por um boneco de palha ou por outros meios); Em vez disso, represente o outro  lado com precisão.
 
Pathos é um apelo à emoção; pode usar uma história ou exemplo que realmente seja útil para apoiar seu argumento e torne seu argumento mais memorável. De acordo com Jennifer Aaker, professora de marketing da Stanford Graduate School of Business, as histórias são lembradas até 22 vezes mais que os fatos. Os ouvintes passam pela história e sentem-se de maneira diferente, e isso pode resultar em persuasão e ação

Texto original AQUI