quinta-feira, 30 de abril de 2020

Textos para resumos 10A e 10B


Imagem: Quadro de Joaquin Sorolla

 Texto para resumo Inês Pereira 10A e Leonor Arantes 10B

"Pelo contrário, conservar a própria vida é um dever, e é, além disso, uma coisa para a qual todos sentimos inclinação imediata. Justamente por isso a solicitude muitas vezes angustiante que a maior parte dos homens demonstra pela vida é destituída de todo valor intrínseco, e a máxima, que, (398) exprime tal solicitude, não tem nenhum valor moral. De fato, eles conservam a vida conformemente ao dever, mas não por dever. Ao invés, se contrariedades ou uma dor sem esperança tiraram a um homem todo o prazer da vida, se o infeliz, de ânimo forte, se sente mais enojado de sua sorte que descoroçoado ou abatido, se deseja a morte, e, no entanto, conserva a vida sem a amar, não por inclinação ou temor, mas por dever, então sua máxima comporta valor moral. Ser benfazejo, quando se pode, é um dever; contudo há certas almas tão propensas à simpatia que, sem motivo de vaidade ou de interesse, experimentam viva satisfação em' difundir em volta de si a alegria e se comprazem em ver os outros felizes, na medida em que isso é obra delas. Mas afirmo que, em tal caso, semelhante ação, por conforme ao dever e por amável que seja, não possui valor moral verdadeiro; é simplesmente concomitante com outras inclinações, por exemplo, com o amor da glória, o qual, quando tem em vista um objeto em harmonia com o interesse público e com o dever, com o que, por conseguinte, é honroso, merece louvor e estímulo, mas não merece respeito; pois à máxima da ação falta o valor moral, que só está presente quando as ações são praticadas, não por inclinação, por dever. Imaginemos pois a alma deste filantropo anuviada por um daqueles desgostos pessoais que sufocam toda simpatia para com a sorte alheia; que ele tenha ainda a possibilidade de minorar os males de outros desgraçados, sem que todavia se sinta comovido com os sofrimentos deles, por se encontrar demasiado absorvido pelos seus próprios; e que, nestas condições, sem ser induzido por nenhuma inclinação, se arranca a essa extrema insensibilidade e age, não por inclinação, mas só por dever:
Immanuel Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes

Texto para resumo João Passos

" NÃO É POSSÍVEL conceber coisa alguma no mundo, ou mesmo fora do mundo, que sem restrição possa ser considerada boa, a não ser uma só: uma BOA VONTADE. A inteligência, o dom de apreender as semelhanças das coisas, a faculdade de julgar, e os demais talentos do espírito, seja qual for o nome que se lhes dê, ou a coragem, a decisão, a perseverança nos propósitos, como qualidades do temperamento, são sem dúvida, sob múltiplos respeitos, coisas boas e apetecíveis; podem entanto estes dons da natureza tornar-se extremamente maus e prejudiciais, se não for boa vontade que deles deve servir-se e cuja especial disposição se denomina caráter. O mesmo se diga dos dons da fortuna. O poder, a riqueza, a honra, a própria saúde e o completo bem-estar e satisfação do próprio estado, em resumo o que se chama felicidade, geram uma confiança em si mesmo que muitas vezes se converte em presunção, quando falta a boa vontade para moderar e fazer convergir para fins universais tanto a imprudência que tais dons exercem sobre a alma como também o princípio da ação. Isto, sem contar que um espectador razoável e imparcial nunca lograria sentir satisfação em ver que tudo corre ininterruptamente segundo os desejos de uma pessoa que não ostenta nenhum vestígio de verdadeira boa vontade; donde parece que a boa vontade constitui a condição indispensável para ser feliz.(...)
A moderação nos afetos e paixões, o domínio de si e a calma reflexão, não são apenas bons sob múltiplos aspectos, mas parece constituírem até uma parte do valor intrínseco da pessoa; falta contudo ainda muito para que sem restrição possam ser considerados bons (a despeito do valor incondicionado que os antigos lhes atribuíam). Sem os princípios de uma boa vontade podem tais qualidades tornar-se extremamente más: por exemplo, o sangue frio de um celerado não só o torna muito mais perigoso, como também, a nossos olhos, muito mais detestável do que o teríamos julgado sem ele. A boa vontade é tal, não por suas obras ou realizações, não por sua aptidão para alcançariam fim proposto, mas só pelo "querer " por outras palavras, é boa em si e, considerada em si mesma, deve sem comparação ser apreciada em maior estima do que tudo quanto por meio dela poderia ser cumprido unicamente em favor de alguma inclinação ou, se , se prefere, em favor da soma de todas as inclinações."
Immanuel Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes

Texto resumo João Paulo 10A e Madalena Moura 10B

"Passo aqui em silêncio todas as ações geralmente havidas por contrárias ao dever, se bem que, deste ou daquele ponto de vista, possam ser úteis, pois nelas não se põe a questão de saber se podem ser praticadas por dever\ uma vez que estão em contradição com ele. Deixo também de lado as ações que são realmente conformes com o dever, para as quais entanto os homens não sentem inclinação imediata, mas que apesar disso executam sob o impulso de outra tendência porque, em tal caso, é fácil distinguir se a ação conforme com o dever foi realizada por dever ou por cálculo interesseiro. Muito mais difícil é notar esta distinção, quando, sendo a ação conforme com o dever, o sujeito sente para com ela uma inclinação imediata. Por exemplo, é manifestamente conforme com o dever que o comerciante não peça um preço demasiado elevado a um comprador inexperiente, e, mesmo quando o comércio é intenso, o comerciante hábil não procede desse modo; mantém, pelo contrário, um preço fixo igual para todos, de sorte que uma criança lhe pode comprar uma coisa pelo mesmo preço que qualquer outro cliente. As pessoas são pois servidas lealmente; mas isso não basta para crer que o negociante procedeu assim por dever ou por princípios de proíbidos; movia-o o interesse; e não se pode supor neste caso que ele tivesse, além disso, uma inclinação imediata para com seus clientes, que o induzisse a fazer, por amor, preços mais convenientes a um do que a outro. Eis aí uma ação cumprida não por dever, nem por inclinação imediata, mas tão somente por cálculo interesseiro."

Immanuel Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes

terça-feira, 28 de abril de 2020

Apontamentos de ética deontológica aula 5


EXISTE UMA LEI MORAL?

SIM
A lei está em nós é inata à razão é racional , porque somos seres guiados pela razão seremos morais.
Essa lei contraria o nosso egoísmo.
( os motivos egoístas não podem ser considerados éticos porque são importantes apenas para nós, mas nós não somos mais importantes que os outros, se acharmos que sim estamos a ser parciais, arbitrários)

As leis

1. A lei da natureza
Exemplo a lei da gravidade,  eu sei que estou sujeita à gravidade e caio
É necessária, acontece sempre independente da vontade humana ( a não ser que se construa aparelhos com vácuo)

2. A lei civil
Exemplo “ É proibido matar um homem”
quem matar intencionalmente terá uma pena de 25 anos de prisão
“É proibido poluir rios e afluentes” Será que há uma lei sobre isto?
As leis civis são punitivas, proíbem certas coisas, mas não nos dizem o que devemos fazer.
 Lei política e social, construída para responder a necessidades sociais.

A  lei da natureza não tem exceções é igual em todo o lado, a lei civil, tem exceções e não é igual em todo o lado.


3. Lei moral

Kant diz que a lei que nos diz o que devemos fazer é a lei moral

Não tem exceções e é igual em todo o lado

Mas ...

Depende da nossa vontade cumpri-la, ela não nos obriga nem nos pune (não determina a vontade apenas afeta a nossa vontade)

Por isso é que cumprir a lei moral é o verdadeiro ato livre, porque nos faz seres legisladores e não obrigados a cumprir leis externas

A lei moral não prescreve nada  de concreto  e não te proíbe nada à partida.
Como uma ordem que apresenta o fim da tua ação, em todas as circunstâncias
Apresenta-se com uma forma e não um conteúdo concreto:

Eis a forma da lei moral:

IMPERATIVO CATEGÓRICO

“ AGE SEMPRE DE MODO QUE QUEIRAS QUE A MÁXIMA DA TUA AÇÃO POSSA  SER LEI UNIVERSAL”

“ AGE DE TAL MODO QUE VEJAS NO OUTRO UM FIM EM SI E NÃO UM MEIO”

( semelhante à regra cristã: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.”)

A tua ação é um exemplo da tua capacidade de fazer as suas próprias leis  e de lhes obedecer por vontade livre, não determinada pela natureza -AUTONOMIA = LIBERDADE

Exemplo de uma ação que viola a forma do imperativo categórico:
Cuspo para o chão

Será que esta ação é um exemplo que gostaria que fosse igual para todos? Que fosse lei?
A lei seria “ Doravante todos devem cuspir para o chão”

NNNNNNAO, eu não o podia querer!

Dá um exemplo então de uma ação que obedece ao imperativo categórico?
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 Devo cumprir a ordem moral sem nenhum objetivo, porque é correto.Exemplos......

Mas será que todas as ordens que te dás a ti próprio são válidas para todos?
Não, só algumas, aquelas que têm em si o seu próprio fim.

EXEMPLO de uma ordem que não é válida para todos, não é moral:

Obedecer ao chefe neste emprego que tenho

Há deveres e ordens que são meus de acordo com a minha situação. Que são necessárias para cumprir um objetivo. Mas que acabam quando cumpres o objetivo.
Exemplos: Estudar para passar o ano
Ir trabalhar nas férias para comprar uma bicicleta
(dá outros exemplos de deveres que tens de cumprir para atingir um objetivo)

Não estou sempre obrigado, e acaba esse ordem/dever quando muda a minha situação (deixo aquele emprego)
A estas ordens que tenho de cumprir para atingir um objetivo 

Chamam-se a estas ordens IMPERATIVO HIPOTÉTICO
devo cumpri-las se quero atingir certos objetivos, não é universal nem absoluto como o imperativo categórico.

sábado, 25 de abril de 2020

Texto para resumo Gonçalo Prado 10A Leonor Silva 10B

"A ética deontológica valoriza primeiramente o conceito de dever e só posteriormente o conceito de bem e as consequências da acções. Significa, portanto, que os juízos morais da acção humana não têm como justificação a obtenção de bons resultados ou a sua utilidade. Esta teoria avalia as acções do homem em função do seu princípio implícito e independentemente dos seus efeitos, tratando-se assim de uma ética formal, de uma ética do dever. Esta teoria ética ganha particular expressão em Immanuel Kant com o seu imperativo categórico (imperativo porque ordena e categórico por oposição a hipotético ou condicional), com o qual determina a moralidade dos actos. Essa lei fundamental assegura a sua universalidade pelo seu carácter formal e não se faz depender de qualquer fim concreto ou empírico. Kant enunciou-o deste modo: “Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”. Devido à sua universalidade, as regras consideram o agir como baseado no puro dever, constituindo-se numa ética pura que não dita conteúdos mas normas formais, não se deixando contaminar pelo empirismo nem por exigências exteriores. É uma ética autónoma visto que o imperativo não pode ser exterior à própria vontade, nem se deixar contaminar por motivos extrínsecos. Trata-se, portanto, de uma ética própria do homem, não sendo contudo uma ética particular ou pessoal, pois não contempla interesses particulares mas universais. O agir deve, todavia, ser conformado com a boa vontade, isto é, a pessoa tem a boa vontade e age com base naquilo que é correcto, independentemente das consequências de sua decisão, sendo o correcto o que está em conformidade com o imperativo categórico. A autonomia do agir, leva a que Kant reconheça direitos universais, tal como a liberdade de expressão, a liberdade de escolha, o direito à privacidade ou a liberdade de consciência e como tal é inaceitável a instrumentalização do homem, entendendo-o como fim e nunca como meio. Kant foi um dos expoentes da exaltação do respeito pelo homem, diríamos hoje, da dignidade humana."

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Trabalho de resumo Íris Salomé 10B

Imagem: Quadro de Paul Klee
“- Kant tinha desde o princípio a forte impressão de que a diferença entre o justo e o injusto tinha de ser mais do que uma questão de sentimentos. Nesse aspecto ele estava de acordo com os racionalistas, que tinham explicado que era inerente à razão humana distinguir o justo do injusto. Todos os homens sabem o que é justo e o que não é, e nós sabemo-lo não apenas porque o aprendemos, mas também porque é inerente à nossa razão. Kant achava que todos os homens tinham uma “razão prática” que nos diz sempre o que é justo e o que é injusto no domínio da moral.
- Então é inata?
 - A capacidade de distinguir o justo do injusto é tão inata como todos os outros atributos da razão. Todos os homens vêem os fenómenos como determinados causalmente – e também têm acesso à mesma lei moral universal. Esta lei moral tem a mesma validade absoluta que as leis físicas da natureza. Isso é tão fundamental para a nossa vida moral como é fundamental para a nossa vida racional que tudo tenha uma causa, ou que sete mais cinco sejam doze.
- E o que é que diz essa lei moral?
- Uma vez que precede qualquer experiência, é "formal". Significa que não está relacionada com possibilidades morais de escolha determinadas. É válida para todos os homens em todas as sociedades e em todos os tempos. Logo, não diz que tens de fazer isto ou aquilo nesta ou naquela situação. Diz como te deves comportar em todas as situações.
- Mas que sentido tem uma lei moral, se não nos diz como nos devemos comportar numa situação determinada?
-Kant formula a lei moral como imperativo categórico. Por isto, ele entende que a lei moral é "categórica", quer dizer, é válida em todas as situações. Além disso, é um "imperativo" e consequentemente uma "ordem" e absolutamente inevitável.
- Hm...
- Aliás, Kant formula o seu imperativo categórico de diversas formas. Primeiro, diz: “devíamos agir sempre de tal forma que pudéssemos desejar simultaneamente que a regra segundo a qual agimos fosse uma lei universal”.
- Quando faço alguma coisa, tenho de ter a certeza de que desejo que todos façam o mesmo na mesma situação.
- Exato. Só nessa altura ages de acordo com a tua lei moral interior. Kant também formulou o imperativo categórico da seguinte forma: devemos tratar os outros homens sempre como um fim em si e não como um meio para alguma outra coisa.
-Não podemos, portanto, "explorar" os outros para obtermos benefícios.
 -Não, porque todos os homens são um fim em si. Mas isso não é válido apenas para os outros, mas também para nós mesmos. Também não nos devemos explorar como meio para alcançar algo.
- Isso faz-me lembrar a "regra dourada": não faças aos outros o que não queres que te façam a ti. -Sim, e isso é uma norma formal que abrange basicamente todas as possibilidades éticas de escolha. (…)
- Para Kant, a lei moral era tão absoluta e universalmente válida como, por exemplo, a lei da causalidade. Também não pode ser provada pela razão, mas é incontornável. Nenhum homem a contestaria.
 - Começo a ter a sensação de que estamos realmente a falar da consciência, porque todos os homens têm uma consciência."
Jostein Gaarder “ O Mundo de Sofia” p.296/297

terça-feira, 21 de abril de 2020

Textos para resumo: Gabriel 10B e Diogo 10A, Chloé e Daniela 10A


Quadro de Sorolla


TEXTO1 - GABRIEL E DIOGO 
"- Sim, quando Kant descreve a lei moral, descreve a consciência humana. Não podemos provar o que a consciência diz, mas sabemo-lo. - Por vezes, sou muito simpático para com os outros simplesmente porque é vantajoso para mim. Desse modo, posso ser popular. - Mas quando és simpática para com os outros apenas para seres popular, não estás a agir de acordo com a lei moral. Talvez não estejas a observar a lei moral. Talvez estejas a agir numa espécie de acordo superficial com a lei moral - e isso já é alguma coisa -, mas uma ação moral tem de ser o resultado de uma superação de ti mesma. Só quando fazes algo porque achas ser teu “dever” seguir a lei moral é que podes falar de uma ação moral. Por isso, a ética de Kant é frequentemente chamada “ética do dever”.
- Eu posso achar ser meu dever juntar dinheiro para a Cruz Vermelha ou a Caritas. - Sim, e o importante é tu fazeres uma coisa porque a achas correta. Mesmo quando o dinheiro que tu juntaste se extravia ou nunca alimente as pessoas que devia alimentar, tu cumpriste a lei moral. Agiste com a atitude correta e, segundo Kant, a atitude é decisiva para podermos dizer que uma coisa é moralmente correta. Não são as consequências de uma ação que são decisivas. Por isso, também dizemos que a “ética de Kant é uma ética da boa vontade”.
 - Porque é que era tão importante para ele saber quando é que agimos por respeito à lei moral? Não é mais importante que aquilo que fazemos ajude os outros? - Sim, Kant concordaria, mas só quando sabemos que agimos por respeito à lei moral é que agimos em “liberdade”.
- Só obedecendo a uma lei é que agimos em liberdade? Isso não é estranho?
- Segundo Kant, não. Talvez ainda te lembres que ele "postulou" o livre arbítrio do homem. Esse é um ponto importante, porque Kant achava que todas as coisas seguem a lei da causalidade. Como é que podemos ter livre arbítrio assim?
-Não me perguntes.
 - Aqui, Kant divide o homem em duas partes, e nisso faz lembrar Descartes, que afirmava que o homem era um ser duplo visto que tem corpo e razão. Enquanto seres sensíveis, estamos completamente sujeitos às leis imutáveis da causalidade, segundo Kant. Não decidimos o que sentimos; as sensações surgem necessariamente e influenciam-nos, quer queiramos quer não. Mas o homem não é apenas um ser sensível. Somos também seres racionais. - Explica-me isso! - Enquanto seres sensíveis, pertencemos à ordem da natureza. Por isso estamos sujeitos à lei da causalidade. Deste ponto de vista, não temos livre arbítrio. Mas enquanto seres racionais, participamos no mundo "em si" – ou seja, no mundo independente das nossas sensações. Só quando seguimos a nossa "razão prática" - que nos possibilita fazer uma escolha moral -, temos livre arbítrio. Se obedecermos à lei moral, somos nós que fazemos a lei pela qual nos orientamos.
-Sim, isso está certo. Eu digo - ou alguma coisa em mim diz - que eu não devo ser má para os outros. - Se decides não ser má - mesmo quando ages contra o teu próprio interesse - então estás a agir livremente. - Pelo menos, não somos livres e autónomos quando seguimos apenas os nossos instintos. - Podemos fazer-nos escravos de tudo. Sim, podemos inclusivamente ser escravos do nosso próprio egoísmo. Para nos elevarmos acima dos nossos instintos e vícios é necessário autonomia - e liberdade.
- E quanto aos animais? Eles seguem só os seus instintos e necessidades. Não têm essa liberdade de seguir uma lei moral? 

- Não, é justamente esta liberdade que nos torna seres humanos. - Estou a ver. “



Jostein Gaarder “ O Mundo de Sofia” p.296/297

TEXTO 2 - CHLOÉ

"Pode-se dizer que, pelo menos desde Kant, o discurso da filosofia moderna em matéria de ética gira em torno da questão da “fundamentação” da moral, ou, mais precisamente, do princípio universal da moralidade, da chamada “lei moral”. Enquanto que, para os antigos, a tarefa da ética consistia fundamentalmente na explicação do “bem”, e em particular, nomeadamente em Aristóteles, do “bem humano”, os modernos veem na fundamentação da “lei moral” a tarefa central, essencial e, para alguns autores, praticamente exclusiva da ética enquanto disciplina filosófica.
Convém começar por explicitar os níveis do questionamento moral que suscitaram a tarefa da fundamentação. Podemos distinguir três níveis deste questionamento. Num primeiro nível da reflexão moral, o nível mais primário e espontâneo, a questão moral mais ou menos implícita é, no fundo: Como me devo comportar na sociedade em que vivo? O que é o bem e o mal nesta sociedade? Com esta questão, o sujeito começa por procurar regras ou normas suscetíveis de orientar o seu agir no âmbito da interação social. Nas sociedades mais tradicionais e/ou pré-modernas, estas normas provêm da tradição cultural ou da religião (que é um núcleo central dessa tradição).
Num segundo nível de questionamento, que também já pode ser considerado um primeiro nível do questionamento da ética, enquanto reflexão filosófica sobre a moral, coloca-se a questão de saber se uma dada ação, e, portanto, a regra ou norma que ela atualiza (aquilo a que Kant chama “máxima”), seja qual for a sua proveniência (tradição, religião, doutrina filosófica, convenção social, etc.), é correta ou não, válida ou não, “verdadeira” ou “falsa” no plano normativo. A resposta a esta pergunta requer a formulação de um princípio universal que permita subsumir e, assim, justificar toda e qualquer norma de natureza moral. Na deontologia moral kantiana a primeira tarefa da ética é a formulação deste princípio, o qual servirá de teste de validade que pode  ser aplicado a toda e qualquer ação, ou, mais precisamente, a toda e qualquer “máxima” de ação. A verdadeira questão da fundamentação só surge, na sequência da formulação do princípio universal, a um terceiro nível de interrogação. Não se trata apenas de formular um princípio universal que possa servir de teste de verificação da “correção” ou verdade moral, mas de “fundamentar”  um tal princípio. O problema central que põe esta fundamentação é que o que está aqui em causa não é apenas a sustentação lógica de um “princípio”, mas, mais profundamente, a justificação de uma atitude, da atitude moral ou do “ponto de vista moral” enquanto tal. O que se trata de justificar é a moralidade. Esta questão de terceiro nível é, em última instância, a de saber “porque devo agir moralmente” ou “porque devo ser moral”."

O que é e para que serve a moral? José Manuel Santos



TEXTO 3 - DANIELA -Este texto está no manual na página 126 

" As teorias éticas baseadas no dever sublinham que cada um de nós tem certos deveres – ações que devemos executar ou não – e que agir moralmente é equivalente a cumprir o nosso dever, sejam quais forem as consequências que daqui surgirem. É esta ideia – a de que algumas ações são absolutamente boas ou más independentemente dos resultados a que derem origem – que distingue as teorias éticas baseadas nos deveres ( também conhecidas por deontológicas ) das teorias éticas consequencialistas. [...] duas teorias baseadas no dever são a ética cristã e a ética kantiana ( do filósofo Immanuel Kant ).
[...]
O termo "consequencialismo" é usado para descrever teorias éticas que ajuízam da retidão ou não de uma ação, não através das intenções do autor da ação como as deontológicas, mas antes através das consequências das suas ações. Enquanto Kant afirmaria que dizer uma mentira é sempre errado, sejam quais forem as possíveis benefícios que daí possam resultar, um consequencialista julgaria o ato de mentir através dos seus resultados efetivos ou previstos. O utilitarismo é o tipo mais bem conhecido de teoria ética consequencialista. O seu mais famoso representante foi John Stuart Mill [...] ."

Nigel Warburton, Elementos básicos de Filosofia

terça-feira, 14 de abril de 2020

ENSAIO FILOSÓFICO: Destino e Liberdade #4

  1. Destino e Livre-arbítrio
  2. Alguns conceitos


domingo, 12 de abril de 2020

quarta-feira, 8 de abril de 2020

ENSAIO FILOSÓFICO: ARTE #3

  1. Algumas perguntas sobre arte
  2. Experiência do objeto artístico


ENSAIO FILOSÓFICO #2

  1. O que é o corpo do texto?
  2. Tipos de argumentos.
  3. O que é a conclusão?