sábado, 24 de novembro de 2018


Relatório/Resumo - Miguel 10B


De que trata a lógica?


Ao usarmos as palavras lógico e lógica estamos a participar numa tradição de pensamento que se origina na Filosofia grega, quando a palavra logos – significando linguagem-discurso e pensamento-conhecimento – conduziu os filósofos a indagar se o logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, princípios e critérios para seu uso e funcionamento. A disciplina filosófica que se ocupa com essas questões chama-se lógica.
A lógica é um dos campos da filosofia, e pode ser considerada uma disciplina introdutória para qualquer estudo filosófico. Isso acontece porque a lógica lida com raciocínios e argumentos, e raciocínios e argumentos fazem parte de qualquer reflexão filosófica, seja ela no campo da teoria do conhecimento, da ética, da filosofia política ou da estética.
Hoje em dia temos a lógica tradicional e a lógica matemática ou simbólica. A lógica tradicional é mais simples e mais acessível que a lógica matemática, mas nem por isso tem menos importância. Pelo contrário, a lógica matemática desenvolveu-se graças aos avanços da lógica tradicional. A base da lógica tradicional foi formulada pelo filósofo grego Aristóteles e foi reelaborada durante a Idade Média. Na segunda metade do século XIX a lógica teve um enorme desenvolvimento até chegar a seu estágio atual, a lógica matemática ou simbólica.
Os estudiosos definem a lógica de diversas maneiras:
"O estudo da lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto." Irving Coppi

"A lógica trata de argumentos e inferências. Um de seus propósitos básicos é apresentar métodos capazes de identificar os argumentos logicamente válidos, distinguindo-os dos que não são logicamente válidos." Wesley Salmon

"A tarefa da lógica sempre foi a de classificar e organizar as inferências válidas, separando-as daquelas que não o são. A importância desta organização não deve ser subestimada, pois usam-se as inferências (de preferência válidas) tanto na vida comum como nas ciências formais, sendo um exemplo a matemática." Jesus Eugênio de Paula Assis

Estas definições têm alguma coisa em comum. Todas elas se referem a inferências válidas, a raciocínios corretos, a leis do pensamento. O homem sempre foi fascinado pelo pensar e pelas regras deste pensar.

Voltemos ao nosso raciocínio inicial:
Todos os homens são mortais.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.

 Este raciocínio é correto. Sócrates é mortal! Temos três proposições. As duas primeiras proposições servem de evidência para a última. Vamos dizer isto em outras palavras: Temos duas premissas que servem de evidência para a conclusão.
Estamos a estudar as relações entre as proposições. Estamos a estudar o argumento, examinando se ele é válido ou inválido. Essa é a tarefa da lógica. Não estamos a discutir as ideias de Sócrates e da sua condição de homem.
Tradicionalmente a lógica foi considerada um portal de acesso ao estudo da filosofia e das ciências. Faz sentido. Discutir e argumentar faz parte do debate sobre qualquer questão. No caso das ciências, conhecer um pouco de lógica pode ser muito valioso. As ciências foram construídas usando procedimentos lógicos e o método científico pode ser visto como lógica aplicada. 

Heidi Strecker, filósofa e educadora in O que é a lógica?

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Correção do teste -10B


 Marc Chagall

GRUPO I

1. ANÁLISE LÓGICA: Tema: O valor da Filosofia ou a sua utilidade
Problema: Onde reside o valor da Filosofia?
Tese: O valor da Filosofia reside exatamente naquilo que os homens tendem a desprezar, a sua própria incerteza.
Movimentação argumentativa: porque o homem sem Filosofia passa a vida agrilhoado a preconceitos que derivam do senso comum, convicções que cresceram na sua mente sem serem colocadas em dúvida. Para tal homem o mundo é finito definitivo, óbvio. A Filosofia, apesar de não dar respostas certas às dúvidas que levanta, é capaz de sugerir inúmeras possibilidades de resposta que alargam os nossos pensamentos e o libertam da tirania do hábito.  Assim, apesar de diminuir as nossas certezas, aumenta o nosso conhecimento do que as coisas possam ser e, por isso varre o dogmatismo arrogante de quem nunca viajou pelos caminhos da dúvida libertadora.
Conceitos: Filosofia, Incerteza, Dúvida libertadora, hábito.

2. Atitude crítica, não dogmática que dúvida e recusa-se a dar consentimento às crenças que são tomadas em conjunta sem um juízo prévio e a atitude dogmática do senso comum construída a partir de dogmas ou certezas que se recusa a pensar de outro modo.

3. O pensamento sobre certas questões filosóficas destrói as certezas pois cria novas possibilidades sobre o modo como as coisas podem ser e neste caso a destruição das certezas cria mais dúvidas mas contribui para aumentar o conhecimento pois contribui para que não erremos tanto.

GRUPOIII

1. Alegoria da Caverna é uma história imaginada por Platão no livro "A República" onde se pretende através de imagens, representar a condição humana face ao conhecimento. Descreve a situação de um grupo de homens numa caverna. Cada uma das imagens pretende representar um aspeto da realidade em que os homens vivem habitualmente assim como o seu conhecimento. Assim, primeiramente: A descrição do mundo da caverna – o mundo sensível.
Os prisioneiros representam a condição humana presa a ilusões e preconceitos. Escravos do hábito, do senso comum, acreditam no que veem e rejeitam tudo o que coloque em causa a sua crença.
Um dos prisioneiros consegue fugir e libertar-se, iniciando a escalada para fora da escuridão, inicia a sua aprendizagem habituando-se progressivamente à luz e aos objetos. Começa por ver reflexos mas depois por etapas pode ver tudo, incluindo a origem da luz que é o próprio SOL (BEM). O Bem é a Verdade, a Beleza e Proporção de todas as coisas. O Homem depois de se ter libertado, volta à caverna para libertar os outros, mas os outros não acreditam, presos ao hábito e incapazes de pensarem para além dele, matarão o libertador. A ousadia de Platão é a de identificar algo podre na sociedade, as pessoas vivem numa cegueira permanente e não lhes interessa a verdade. A caverna representa a ignorância, o mundo em que não há liberdade pois não há alternativas, Platão pretende demonstrar que o mundo fora da caverna corresponde ao mundo pensado, onde podemos ver para além das crenças habituais e começar a aprender o conhecimento verdadeiro.


2. Os primeiros filósofos, também denominados pré-socráticos porque se situam cronologicamente antes de Sócrates, tinham como principal problema a origem do mundo  e tentavam explicar essa origem através de uma substância primordial: "arché". O "arché" era um elemento material que poderia constituir a unidade através da qual toda a diversidade do mundo poderia ter surgido. Procuravam dar uma explicação recorrendo a uma certa lei natural da matéria e não recorriam apenas a histórias míticas para explicar o mundo como faziam os seus antepassados. Recorrem ao raciocínio a partir da observação da natureza tentando encontrar um “logos” uma lei ou unidade que permita explicar racionalmente a diversidade das coisas bem como a sua transformação. Assim, ao procurar o elemento original procuravam compreender a ordem do cosmos e a matéria que todas as coisas têm em comum. Assim para Tales o "arché" era a água, para Anaximandro o "Apeiron" e para Anaxímenes o ar.

3.Estética: estuda/investiga a sensibilidade aos juízos de belo e feio e as teorias sobre a arte. Questões? O que é o Belo? Será que a beleza é objetiva ou subjetiva?
Ética: Estuda/investiga a ação e comportamento bom ou mau. O que é uma ação eticamente correta? Será que há juízos morais universais?
Filosofia política: Estuda/investiga sobre a justiça e as formas de governo. O que é um governo justo? Será que a autoridade que o Estado tem é legítima?
Lógica: Estuda/investiga a estrutura dos raciocínios e do pensamento. As condições de validade dos raciocínios ou argumentos. O que é um argumento válido? Qual a distinção entre vários tipos de argumentos?

domingo, 4 de novembro de 2018

Trabalho para apresentar sexta-feira dia 9 de novembro

A máquina de salsichas da razão

Aquilo que é maravilhoso num argumento sólido é o seu poder de preservar a verdade. Tomemos, por exemplo, o argumento seguinte:


   1. Francisco é um homem.
   2. Todos os homens vivem na terra.
   Conclusão: Francisco vive na terra.

Este argumento forma-se de duas afirmações, ou premissas, e de uma conclusão. Num argumento dedutivo, como este, as premissas implicam supostamente a conclusão. O argumento, se válido, fornece-nos uma garantia lógica: se as premissas são verdadeiras, a conclusão também o é. Neste caso, o argumento é válido. As premissas implicam realmente a conclusão.
É claro que se introduzirmos num argumento dedutivamente válido uma ou mais falsidades, não há qualquer garantia quanto ao que obteremos. A conclusão pode, ainda assim, ser verdadeira. Mas pode ser falsa. (Suponhamos, por exemplo, que a primeira premissa do nosso argumento é falsa: o Francisco não é um homem – é um extra-terrestre que vive no planeta Plutão; então a nossa conclusão é falsa.)
Portanto, um argumento dedutivo válido preserva a verdade. Se introduzirmos premissas verdadeiras, temos a garantia lógica de que sai uma conclusão verdadeira. Se estivermos interessados em ter convicções que sejam realmente verdadeiras, trata-se de um belo resultado.
Para aqueles que gostam de analogias, podemos dizer que as formas válidas de argumentos dedutivos funcionam um pouco como as máquinas de salsichas. A única diferença é que em vez de introduzirmos carne de salsicha e de saírem do outro lado salsichas, é-nos dada a garantia de que se introduzirmos premissas verdadeiras, sairão conclusões verdadeiras.



A máquina de salsichas indutiva

A argumentação dedutiva não é a única forma de argumentação sólida. Há também os raciocínios indutivos. Eis um exemplo de um argumento indutivo:


  1. A maçã um tem sementes.
2.          2. A maçã dois tem sementes.
      3. A maçã três tem sementes.
    [...]
  1000. A maçã mil tem sementes.
  Conclusão: Todas as maçãs têm sementes.

Este argumento tem mil premissas (embora eu não me tenha dado ao trabalho de listar mais do que quatro). Num argumento indutivo, as premissas apoiam supostamente a conclusão. Aqui, a palavra-chave é apoiam. É claro que estes argumentos não são (e não pretendem ser) dedutivamente válidos. As premissas não implicam dedutivamente a conclusão. Não há garantia lógica de que a maçã seguinte não terá sementes, apesar das muitas maçãs que examinámos até agora. Apesar disso, supomos que o facto de todas as maçãs que examinámos até agora terem sementes torna extremamente razoável que concluamos que todas têm. As premissas, supomos, tornam a verdade da conclusão bastante provável. Se isto é correcto, os argumentos indutivos sólidos também têm a qualidade de preservar a verdade à maneira da máquina das salsichas. Introduzam-se premissas verdadeiras num argumento indutivo sólido e sai provavelmente uma conclusão verdadeira do outro lado.
Uma vez mais, se é a verdade que buscamos, trata-se de um belo resultado.

Stephen Law, The War for Children’s Minds (Londres & Nova Iorque, 2006). Trad. Carlos Marques.

1. Qual o problema tratado no texto?
2. Que comparação é feita? 
3. O que se pretende mostrar com essa comparação?
4.  Investigue sobre estes dois tipos de argumentos  e acrescente alguns tópicos que não estejam presentes neste texto.
5. Dê um exemplo de um argumento dedutivo válido e de um argumento indutivo cuja conclusão seja provavelmente verdadeira.