domingo, 23 de outubro de 2016

Correção do teste de Outubro 2016

Grupo I
Análise lógica do texto filosófico apresentado no teste:
Tema: As falsas opiniões sobre a Filosofia
Problema: A que se devem as falsas opiniões sobre a filosofia?
Tese: As falsas opiniões sobre a Filosofia devem-se à forma demasiado técnica e especializada com que os filósofos escrevem.
Movimentação argumentativa: Apesar da escrita académica dos filósofos ser difícil para a maior parte das pessoas, os filósofos refletem de forma cuidadosa e racional sobre o que nós sabemos e isso levanta muitos problemas, mas a forma como se criticam impiedosamente leva a controvérsias e discussões que são divertidas e esclarecedoras e nada enfadonhas como a maioria das pessoas pensa. O problema é que não nos dá certezas reconfortantes o que não agrada a muita gente, mas a Filosofia é compreensível por todos e é excitante e importante.
Conceitos: Filosofia, Controvérsia, Crítica.
2. A atividade filosófica referida no texto é a crítica. Os filósofos criticam as ideias uns dos outros contrapondo argumentos e analisando as teorias dos outros filósofos no sentido de apurar a verdade do que é dito.
3. Conceito: Palavra ou palavras que referem uma classe de objetos e as características que lhe são comuns. É uma ideia que define uma classe de objetos. Exemplo: Termo: Filosofia, Conceito: Ideia que define a Filosofia, por exemplo, “Amor à sabedoria”
O termo é a expressão verbal de um conceito.
Juízo ou proposição é uma relação entre conceitos que traduz uma qualquer forma de conhecimento. Expressa-se numa frase ou proposição que tem valor de verdade. Exemplo de um juízo ou proposição:
“A escrita dos filósofos é demasiado técnica e especializada”
Raciocínio ou argumento: É um encadeamento lógico de juízos que fundamentam ou justificam um outro juízo que se retira destes e que é a sua conclusão.
GRUPO II
1.Sócrates não se assume como um sábio porque tem consciência que nada sabe pois o saber humano é de pouco valor, por mais que se saiba mais consciência se ganha da nossa ignorância, assim sendo a sua posição caracteriza-se por procurar o saber e amar a verdade. Esta atitude é própria do filósofo e não do sábio, visto que quem ama a verdade não se satisfaz com as crenças comuns pois nenhum saber é fixo, está continuamente sujeito à crítica.
2. Alegoria da Caverna é uma história imaginada por Platão no livro "A República" onde se pretende através de imagens, representar a condição humana face ao conhecimento. Descreve a situação de um grupo de homens numa caverna. Cada uma das imagens pretende representar um aspecto da realidade em que os homens vivem habitualmente assim como o seu conhecimento. Assim, primeiramente:
A descrição do mundo da caverna – o mundo sensível
Os prisioneiros representam a condição humana presa a ilusões e preconceitos. Escravos do hábito, do senso comum, acreditam no que vêem e rejeitam tudo o que coloque em causa a sua crença.
Um dos prisioneiros consegue fugir e libertar-se, iniciando a escalada para fora da escuridão, inicia a sua aprendizagem habituando-se progressivamente à luz e aos objetos. Começa por ver reflexos mas depois por etapas pode ver tudo, incluindo a origem da luz que é o próprio SOL (BEM). O Bem é a Verdade , a Beleza e Proporção de todas as coisas.

O Homem depois de se ter libertado, volta à caverna para libertar os outros, mas os outros não acreditam, presos ao hábito e incapazes de pensarem para além dele, matarão o libertador. A caverna representa a ignorância, o mundo em que não há liberdade pois não há alternativas, Platão pretende demonstrar que o mundo fora da caverna corresponde ao mundo pensado, onde podemos ver para além das crenças habituais que corresponde ao conhecimento.

3. Os primeiros filósofos, também denominados pré-socráticos porque se situam cronologicamente antes de Sócrates, tinham como principal problema a origem do mundo  e tentavam explicar essa origem através de uma substância primordial: "arché". O "arché" era um elemento material que poderia constituir a unidade através da qual toda a diversidade do mundo poderia ter surgido. Procuravam dar uma explicação recorrendo a uma certa lei natural da matéria e não recorriam apenas a histórias míticas para explicar o mundo como faziam os seus antepassados. Recorrem ao raciocínio a partir da observação da natureza tentando encontrar um “logos” uma lei ou unidade que permita explicar racionalmente a diversidade das coisas bem como a sua transformação. Assim, ao procurar o elemento original procuravam compreender a ordem do cosmos e a matéria que todas as coisas têm em comum. Assim para Tales o "arché" era a água, para Anaximandro o "Apeiron" e para Anaxímenes o ar.
4. A Filosofia distingue-se da Ciência pelo método e pelo ponto de vista em que se coloca. Quanto ao método não recorre a factos ou experiências para provar as suas teorias, nem para verificar se elas são verdadeiras, a Filosofia não tem um método empírico ou experimental mas sim um método argumentativo que consiste na colocação de hipóteses e na dedução das suas consequências. A Filosofia também se distingue da Ciência por causa do ponto de vista em que se coloca face ao saber. Enquanto A ciência parte de determinados pressupostos indiscutíveis como certos axiomas indemonstráveis ou de princípios, como a causalidade, a Filosofia interroga os pressupostos e coloca-os em dúvida, sendo por isso um pensamento radical no sentido em que nada aceita sem discussão prévia. A Ciência divide o seu objeto de estudo em disciplinas perdendo por isso a visão da totalidade do real, enquanto a Filosofia tem sempre como perspetiva a totalidade, o seu objeto de estudo é a totalidade do real.  Por outro lado a Filosofia não é senso comum pois este não coloca em causa o saber tradicional e tende a adotar crenças espontâneas  que não são submetidas a um exame racional ao contrário da Filosofia que submete as nossas crenças ao juízo crítico.
5. A Filosofia etimologicamente significa “amar o saber” e caracteriza-se por ser uma atividade intelectual que pretende colocar em causa as crenças infundadas tentando compreendê-las e discuti-las racionalmente de modo a poder esclarecer e problematizar o que se toma como garantido. É também uma forma de responder às questões mais gerais sobre o Bem, o Belo, o conhecimento e o ser.


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Trabalho dobre "Apologia de Sócrates"


Pode ler aqui o texto completo da Apologia de Sócrates de Platão

Para  os alunos que vão fazer o trabalho sobre a obra, vamos dividi-la em três partes e cada um, uma vez que são três, faz o resumo de cada uma das partes para apresentar à turma.

1ª Parte - Visto que a obra tem 30 Capítulos. A primeira parte será do I ao X Capítulo.
2ª Parte: Do XI ao XX
3ª Parte: Do XXI ao XXX

Organização e objectivos:
1. Fazer um resumo de cada capítulo, salientando os problemas/acusações que Sócrates tem pela frente e vai responder em tribunal bem como os argumentos que usa para o fazer.
2. Salientar algumas das teses que nos permitem compreender a Filosofia Socrática.
3. Integrar a obra no contexto histórico. Onde? Quando? Quem governava? 
4. Uma conclusão onde pode dar a sua opinião acerca deste julgamento.

Escolham então os capítulos e mãos à obra.


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Análise Lógica de um texto de Kant.

"No reino dos fins tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto não permite equivalente, então ela tem dignidade.
O que se relaciona com as inclinações e necessidades gerais do homem tem um preço venal; aquilo que, mesmo sem pressupor uma necessidade, é conforme a um certo gosto, isto é a uma satisfação no jogo livre e sem finalidade das nossas faculdades anímicas, tem um preço de afeição ou de sentimento; aquilo porém que constitui a condição graças à qual qualquer coisa pode ser um fim em si mesma, não tem apenas um valor relativo, isto é um preço, mas um valor íntimo, isto é dignidade.
Ora a moralidade é a única condição que pode fazer de um ser racional um fim em si mesmo, pois só por ela lhe é possível ser membro legislador no reino dos fins. portanto a moralidade, e a humanidade enquanto capaz de moralidade, são as únicas coisas que têm dignidade. A destreza e a diligência no trabalho têm um preço venal; a argúcia de espírito, a imaginação viva e as fantasias têm um preço de sentimento; pelo contrário, a lealdade nas promessas, o bem querer fundado em princípios ( e não no instinto) têm um valor íntimo."

Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos costumes

TEMA: A DIGNIDADE MORAL
PROBLEMA: Onde podemos encontrar a dignidade?
TESE: A moralidade, e a humanidade enquanto capaz de moralidade, são as únicas coisas que têm dignidade.

ARGUMENTO:
Todas as coisas têm um preço ou uma dignidade. Se o seu valor reside no prazer que poderemos obter (inclinação) ou na satisfação de uma necessidade, então esse valor tem um preço. Estaremos dispostos a pagá-lo com dinheiro ou favores. Poderemos substituir essa coisa por outra que possa servir para o mesmo fim e de valor equivalente. Se por acaso o seu valor é afectivo ou sentimental tem um preço sentimental, podendo ser substituída por outra coisa de igual valor. Mas quando algo não tem equivalente nem pode ser substituído, tem dignidade. O valor da humanidade está no facto de poder ser moral, ser moral ou possuir moralidade é ser capaz de produzir leis acima das inclinações, dos afectos ou das necessidades. Estas leis têm um valor absoluto porque não têm equivalente e não podem ser trocadas de acordo com as circunstâncias e as vontades particulares.
A lealdade, a honestidade têm valor íntimo e conferem dignidade ao homem. O seu valor reside no facto de não haver outro fim ou interesse em ser leal ou honesto senão o respeito pelo valor em si.
Conceitos: Dignidade, Moralidade, Os valores morais.