quarta-feira, 11 de março de 2009

A Moral Estóica e Epicurista.



A moral estóica:




No pensamento dos estóicos, o fim supremo, o único bem do homem, não é o prazer, a felicidade, mas a virtude; não é concebida como necessária condição para alcançar a felicidade, e sim como sendo ela própria um bem imediato. Com o desenvolvimento do estoicismo, todavia, a virtude acaba por se tornar meio para a felicidade da tranquilidade, da serenidade, que nasce da virtude negativa da apatia, da indiferença universal. A felicidade do homem virtuoso é a libertação de toda perturbação, a tranquilidade da alma, a independência interior, a autarquia.
Como o bem absoluto e único é a virtude, assim o mal único e absoluto é o vício. E não tanto pelo dano que pode acarretar ao vicioso, quanto pela sua irracionalidade e desordem intrínseca, ainda que se acabe por repudiá-lo como perturbador da indiferença, da serenidade, da autarquia do sábio. Tudo aquilo que não é virtude nem vício, não é nem bem nem mal, mas apenas indiferença; pode tornar-se bem se for unido com a virtude, mal se for ligado ao vício; há o vício quando à indiferença se junta a paixão, isto é, uma emoção, uma tendência irracional, como geralmente acontece.
A paixão, na filosofia estóica, é sempre e substancialmente má; pois é movimento irracional e vício da alma - quer se trate de ódio, quer se trate de piedade. De tal forma, a única atitude do sábio estóico deve ser o aniquilamento da paixão, até a apatia. O ideal ético estóico não é o domínio racional da paixão, mas a sua destruição total, para dar lugar unicamente à razão: maravilhoso ideal de homem sem paixão, que anda como um deus entre os homens. Daí a guerra justificada do estoicismo contra o sentimento, a emoção, a paixão, donde derivam o desejo, o vício, a dor, que devem ser aniquilados.
A virtude estóica é, no fundo, a indiferença e a renúncia a todos os bens do mundo que não dependem de nós, e cujo curso é fatalmente determinado. Por conseguinte, indiferença e renúncia a tudo, salvo e pensamento, a sabedoria, a virtude, que constituem os únicos bens verdadeiros: indiferença e renúncia à vida e à morte, à saúde e à doença, ao repouso e à fadiga, à riqueza e à pobreza, às honras e à obscuridade, numa palavra, ao prazer e ao sofrimento - pois o prazer é julgado insana vaidade da alma. Dada a indiferença estóica do suicídio como voluntário e moral afastamento do mundo; isto não se concilia, porém, com a virtude da fortaleza que o estoicismo reconhece e louva, e nem se pode explicar racionalmente o suicídio, se a ordem do universo é racional, como precisamente afirmam os estóicos.

Objecções à moral estóica:1. Uma moral sem qualquer espécie de emoção é contrária à própria natureza humana que os estóicos prezam, ora viver segundo a natureza é também deixar-se guiar por emoções, elas são muitas vezes a nossa mais humana forma de nos relacionarmos e apesar de causarem sofrimento também podem causar felicidade.
2. A virtude como sabedoria faz da moral estóica algo acessível às elites intelectuais não estando portanto ao alcance de um homem vulgar, de uma escolaridade vulgar, o alcance da virtude que só é acessível ao sábio, esta exigência torna a moral elitista e portanto algo que não está acessível a todos.


O hedonismo
A ambiguidade do conceito de prazer permitiu agrupar, sob a classificação geral de hedonismo, várias linhas filosóficas claramente distintas.
Hedonismo é definido como a doutrina que considera o prazer (hedoné em grego) o objectivo supremo da vida. Apareceu muito cedo na história da filosofia, em duas modalidades: a primeira toma o prazer como critério das acções humanas; a segunda considera o prazer como único valor supremo.

O EpicurismoA moral epicurista pode ser entendida como uma moral hedonista. O fim supremo da vida é o prazer sensível; o critério único de moralidade é o sentimento. O único bem é o prazer, como o único mal é a dor; nenhum prazer deve ser recusado, a não ser por causa de consequências dolorosas, e nenhum sofrimento deve ser aceite, a não ser em vista de um prazer maior. No epicurismo não se trata, portanto, do prazer imediato, como é desejado pelo homem vulgar; trata-se do prazer reflectido, avaliado pela razão, escolhido prudentemente, sabiamente, filosoficamente. É mister dominar os prazeres, e não se deixar por eles dominar; ter a faculdade de gozar e não a necessidade de gozar. A filosofia toda está nesta função prática. Este prazer imediato deveria ficar sempre essencialmente sensível, mesmo quando Epicuro fala de prazeres espirituais, para os quais não há lugar no seu sistema, e nada mais seriam que complicações de prazeres sensíveis. O prazer espiritual diferenciar-se-ia do prazer sensível, porquanto o primeiro se estenderia também ao passado e ao futuro e transcende o segundo, que é unicamente presente. Verdade é que Epicuro mira os prazeres estéticos e intelectuais, como os mais altos prazeres. Aqui, porém, se ele faz uma afirmação profunda, está certamente em contradição com a sua metafísica materialista.
O verdadeiro prazer não é positivo, mas negativo, consistindo na ausência do sofrimento, na quietude, na apatia, na insensibilidade, no sono, e na morte. Mas precisamente ainda, Epicuro divide os desejos em naturais e necessários - por exemplo, o instinto da reprodução; não naturais e não necessários - por exemplo, a ambição. O sábio satisfaz os primeiros, quando for preciso, os quais exigem muito pouco e cessam apenas satisfeito; renuncia os segundos, porquanto acarretam fatalmente inquietação agitação, perturbam a serenidade e a paz; mas ainda renuncia os terceiros, pelos mesmos motivos. Assim, a vida ideal do sábio, do filósofo, que aspira a liberdade e à paz como bens supremos, consistiria na renúncia a todos os desejos possíveis, aos prazeres positivos, físicos e espirituais; e, por conseguinte, em vigiar-se, no precaver-se contra as surpresas irracionais do sentimento, da emoção, da paixão. Não sofrer no corpo, satisfazendo suas necessidades essenciais, para estar tranquilo; não ser perturbado no espírito, renunciando a todos os desejos possíveis, visto ser o desejo inimigo do sossego: eis as condições fundamentais da felicidade, que é precisamente liberdade e paz.

Objecções ao Epicurismo e ao Hedonismo.

1. Se a busca do prazer é constante então há sempre uma insatisfação, uma procura de novos prazeres e um certo desencanto perante os velhos prazeres.2. O hedonismo conduz-nos a um estado de egoísmo em que podemos sacrificar o outro se esse sacrifício implicar um novo prazer para o próprio justifica-se moralmente. Ora este princípio parece-nos contrário ao que é moralmente ju

Tópicos sobre a origem das normas e princípios morais.

1. Origem da consciência Moral e das normas e princípios morais.
A consciência moral é a condição necessária para agir moralmente. Éssa conciência moral dá-nos os princípios da acção correcta assim como representa as normas morais.
A sociedade, a cultura e a Educação(Os princípios e as normas morais são adquiridos por educação, através de castigos e recompensas aprendemos o que é bom e mau. As culturas instituem determinadas normas morais que são necessárias para podermos viver em comunidade e sobreviver. Segundo esta concepção, há certas normas que uma sociedade segue e outra não, sendo o valor das normas morais, discutível)

DEUS – ( A moral e a Ética traduzem as ordens de Deus aos homens, não cumprir essas ordens é desobedecer a Deus e fazer o mal.As ordens divinas são absolutas não podem ser discutíveis porque são divinas e não humanas). A conciência moral reflecte essa origem divina da moral


A Razão - (inata, a faculdade da Razão, rege-se por princípios universais de melhor
e pior.)

2. O que caracteriza os nossos juízos morais.

IMPARCIALIDADEA avaliação dos nossos actos e dos outros deve ser imparcial. Não interessa quem realiza o acto, actos semelhantes em circunstâncias semelhantes devem ter a mesma avaliação. Não há que ter em conta interesses.

UNIVERSALIDADESe consideramos que agimos bem em determinadas circunstâncias então consideramos que nas mesmas circunstâncias qualquer um agiria bem. Devemos poder universalizar o princípio que nos leva a considerar bom ou mau determinado acto.

AUTONOMIAÉ a consciência/razão que deve guiar a acção e o juízo moral e não a obediência a uma ordem exterior. A ordem moral deve ser interior, do sujeito, e só a ela o sujeito deve obediência. Porque é o verdadeiro sinal de liberdade, fazer as suas próprias leis, desde que obedeçamos ao princípio geral da imparcialidade e da universalidade.


Tipos de actos considerados morais:ACTOS ERRADOS
Não são permitidos porque causam o mal ao outro ou a si próprio, utilizando-o como um meio para um determinado fim. Exemplo: Matar um inocente.
Nem todos os actos são errados na mesma medida.
Actos correctos:
Obrigatórios: Temos a obrigação moral de não realizar actos errados.Temos obrigação moral de honrar uma palavra dada, se as circunstâncias nos permitirem fazê-lo.
Opcionais: Fica ao critério do agente a sua realização. Exemplo: ajudar um estranho. Não é moralmente errado não o fazer porque pode ter riscos para o agente.


ACTOS INDIFERENTES: São aqueles que não têm valor ético/moral, vestir-se deste ou daquele modo, por exemplo,

Ficha sobre o relativismo cultural

FICHA FORMATIVA 3 Nome:_________________________________/__________________________________

O relativismo cultural desafia a nossa crença habitual na objectividade e universalidade da verda­de moral. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes. Logo, não há uma verdade objecti­va de moralidade. Certo e errado são apenas questões de opinião e as opiniões variam de cultura para cultura. Podemos chamar a isto o argumento das diferenças culturais. Para muitas pessoas é persua­sivo. Mas, de um ponto de vista lógico, será sólido? Não é sólido. O problema é que a conclusão não se segue da premissa - isto é, mesmo que a premissa seja verdadeira a conclusão pode continuar a ser falsa. A premissa diz respeito àquilo em que as pessoas acreditam - em algumas sociedades as pessoas acreditam numa coisa; noutras sociedades acreditam noutra. O erro fundamental do argumento das diferenças culturais é que tenta derivar uma conclusão substancial sobre um tema partindo do mero facto de pessoas discordarem a seu respeito.

James Rachels, Elementos de Filosofia Moral.

Assinale, para cada item, a opção que completa correctamente a frase, de acordo com o texto.

1.O autor do texto defende a tese segundo a qual ...
A. culturas diferentes têm códigos morais diferentes.
B. o nosso código moral não tem um estatuto especial.
C. o argumento das diferenças culturais não. é sólido.
D. se existe uma verdade moral, todos têm de conhecê-la.

2.O argumento das diferenças culturais ...
A. permite sustentar a tese do relativismo cultural, porque é um argumento persuasivo.
B. não permite sustentar a tese do relativismo cultural, porque nem todas as pessoas conside­ram o argumento persuasivo.
C. permite sustentar a tese do relativismo cultural, porque a premissa «culturas diferentes têm códigos morais diferentes» é empiricamente verificável.
D. não permite sustentar a tese do relativismo cultural, porque a conclusão não se segue da pre­missa apresentada.

3.O desafio lançado pelo relativismo cultural à nossa crença habitual na objectividade e na univer­salidade da verdade
A. é forte porque somos incapazes de encontrar razões para rejeitar o argumento das diferenças culturais.
B. não é forte porque somos capazes de encontrar razões para rejeitar o argumento das diferen­ças culturais.
C. é forte porque se baseia em factos empiricamente observáveis .
. D. não é forte porque a partir de factos empiricamente observáveis não podem ser construídos argumentos sólidos.

4.Se a nossa crença habitual na objectividade e na universalidade da verdade é verdadeira, então ...
A. culturas diferentes não deveriam ter códigos morais diferentes.
B. o nosso código moral tem um estatuto especial.
C. a verdade moral tem de ser evidente.
D. algumas diferenças culturais mostram que existem opiniões morais erradas.

5. Análise lógica do texto.