quarta-feira, 18 de junho de 2008

Correção da Prova de Avaliação.Junho 2008



1. Análise lógica do texto:
Tema: A Filosofia ou a Utilidade da Filosofia
Problema: O que é a Filosofia? Qual a utilidade da Filosofia?
Tese: A Filosofia impede que nos afundemos na condescendência mental e no dogmatismo.
Argumentos: A Filosofia não aceita nenhuma crença de autoridade ou de senso-comum sem primeiro examiná-la racionalmente. As crenças que temos não podem ser aceites só porque nos facilitam a vida pois a sua aceitação é cómoda, ou porque é da tradição ou porque resultam de um acto de fé. A filosofia dedica-se à investigação persistente para encontrar justificações credíveis e sólidas para as nossas crenças recusando-as se não apresentarem tas justificações.
Conceitos: Crença, Filosofia,

2. A primeira frase ou proposição exprime um juízo de valor e a segunda um juízo de facto. A primeira é subjectiva, podemos ter várias opiniões sobre os morangos e todas são legítimas porque dependem do gosto pessoal. Quanto à segunda implica a descrição de um facto que é objectivo e que por estar provado pode ser verificado se é verdadeiro ou falso.

3. As três teses principais sobre os juízos de gosto consideram ou que o gosto é subjectivo e não é possível discutir se um gosto é melhor que outro, ou que o gosto é algo que deriva da qualidade da obra ou objecto, havendo objectos belos e outros feios, que nos agradam ou desagradam pelas suas qualidade que podíamos resumir genericamente a três: unidade, complexidade e intensidade. Segundo esta perspectiva podemos então justificar objectivamente o nosso gosto, e podemos discutir os gostos porque há gostos que não merecem o nosso crédito. A perspectiva moderada afirma que o gosto é subjectivo e todos temos direito a tê-lo embora dotados de uma estrutura psicológica semelhante poderemos apreciar do mesmo modo e chegar assim a um consenso sobre o gosto educando a nossa sensibilidade de acordo com um padrão de gosto que seria o de um crítico excelente.
Os argumentos principais da teoria subjectivista é a experiência, de acordo com os factos da experiência verificamos uma grande diversidade de gostos, havendo disparidade acerca da mesma obra.
Quanto à teoria objectivista argumenta que não podemos derivar a qualidade de uma obra dos nossos afectos porque isso é redutor quando há unanimidade em considerar a qualidade artística de certas obras, o facto de não a apreciarmos resulta de um nosso defeito e não da falta de qualidade da obra visto que há cânones através dos quais podemos justificar porque é que uma obra de arte tem valor.
A teoria moderada parte do pressuposto de que com a distância do tempo e das modas e livres de certos preconceitos poderemos avaliar com alguma objectividade, é o que podemos observar na prática com certas obras que resistem ao tempo e continuam a ser valorizadas.

4. As vantagens de considerar a Arte como imitação é o facto desta teoria nos fornecer um critério de demarcação claro entre o que é Arte e o que não é, considerando Arte apenas a representação que imite e dê testemunho de uma acção, pessoa ou paisagem que existe ou existiu . A arte é algo feito pelo homem e que imita algo, se não obedecer a estas condições, não é Arte. Esta definição tem também outra vantagem: fornece-nos um critério para distinguir a boa da má arte, de acordo com a fidelidade em relação ao modelo, boa arte seria aquela que representa o modelo tal qual é, e má a que não o faz..
Quanto às desvantagens resultam do seu carácter redutor, de facto consideramos obras de arte pinturas abstractas ou quadros monocromáticos que não representam nem acções, nem pessoas, nem paisagens. Por outro lado como poderemos imitar algo cuja existência é ficcionada como as figuras mitológicas?
Quanto à teoria da Arte como expressão considera que só é Arte o que exprime os sentimentos do artista e os transmite ao público. Esta teoria terá a vantagem, em relação à teoria precedente, de abarcar a arte que não é representativa como a pintura abstracta, a música, e ser abrangente na medida em que centrando-se nos sentimentos pode referir o testemunho de muitos artistas que trabalharam sobre emoções fortes sendo elas a causa ou motivo da sua actividade artística. Outra das vantagens é fornecer um critério de demarcação entre o que é Arte e o que não é Arte de acordo com o sentimento que suscita no público (não sendo considerado Arte o que não provoca sentimento algum).Também possibilita um critério de distinção entre a boa e a má arte consoante for autêntico e intenso o sentimento nela expresso. Por outro lado tem a desvantagem de contrariar o testemunho de alguns artistas que se referem à primazia da técnica sobre o sentimento e que exprimem sentimentos que dizem não ter possuído, dá-nos também a possibilidade de especular sobre a vida dos artistas sem saber quais as suas intenções, pois estes já morreram e não há registos fidedignos que nos possam esclarecer sobre o a história emocional/sentimental da sua obra.

(As restantes duas perguntas eram de escolha múltipla e de opinião. Quanto à primeira, os temas já foram corrigidos em provas passadas, e a pergunta de opinião não tem uma resposta correcta, dependendo dos argumentos usados para fundamentar a sua opinião.)

terça-feira, 17 de junho de 2008

Prova de avaliação Junho 2008


Grupo I


A filosofia recusa-se a aceitar qualquer crença que as provas experimentais e o raciocínio não mostrem que é verdadeira. Uma crença que não possa ser estabelecida por este meio não é digna da nossa fidelidade intelectual e é habitualmente um guia incerto da acção. A Filosofia dedica-se, portanto, ao exame minucioso das crenças que aceitámos acriticamente de várias autoridades. Temos de nos libertar dos preconceitos e emoções que muitas vezes obscurecem as nossas crenças. A Filosofia não permitirá que crença alguma passe a inspecção só porque tem sido venerada pela tradição ou porque as pessoas acham que é emocionalmente compensador aceitar essa crença. A filosofia não aceitará uma crença só porque se pensa que é ‘simples senso-comum’ ou porque foi proclamada por homens sábios. A filosofia tenta nada tomar como garantido e nada aceitar por fé. Dedica-se à investigação persistente e de espírito aberto, para descobrir se as nossas crenças são justificadas, e até que ponto o são. Deste modo, a filosofia impede de nos afundarmos na complacência mental e no dogmatismo em que todos os seres humanos têm tendência para cair.”


Jerome Stolnitz, Estética e Filosofia da Crítica de Arte, 1960

Vocabulário: complacência= condescendência
Crença: inclui não apenas as crenças religiosas mas tudo o que pensamos que é verdade, seja ou não verdade)

GRUPO I
1. Analise logicamente o texto, o tema, o problema, a tese , o/s argumentos e conceitos essenciais. (35Ptos)

2. A acção humana será livre ou não? Exponha os argumentos a favor do livre arbítrio e contra (determinismo). (30Ptos)
“ Estes morangos são saborosos.” e “ Leonardo Da Vinci nasceu em 1452” são exemplos de duas frases que expressam juízos diferentes. Qual a diferença? Justifique a sua resposta.(30Ptos)

3. De que modo podemos classificar as nossas acções tendo em conta o plano Ético/Moral? Justifique.(30Ptos)

4. Confronte os argumentos e as teses principais sobre os juízos de gosto estéticos. (30Ptos)

GRUPO II
Desenvolva um dos seguintes temas tendo em conta a clareza da sua exposição e o rigor da informação: (Aproximadamente 25 linhas) (45Ptos)
Temas:

A natureza da Filosofia.
O relativismo cultural e a universalidade da Ética.
A Ética deontológica de Kant.
A Ética utilitarista de Stuart Mill.
As várias teorias sobre a natureza da Arte.