quinta-feira, 3 de abril de 2014

Teste 10E e G



Versão B
Grupo I
(3x15Pontos)
“Enquanto acto de autoprotecção […], podemos fazer o que for necessário para nos defendermos, mesmo que isso implique a morte do atacante […]. O efeito bom é a preservação da nossa vida, sendo o efeito mau a perda da vida do atacante.”
David S. Oderberg, Ética Aplicada, Lisboa, Principia, 2009, p. 233
1.1. Relacione o texto com a noção de preferência e hierarquia dos valores.
1.2. Porque razão o relativismo cultural pode conduzir ao relativismo moral?
1.3. Retire um juízo de valor do seguinte juízo de facto:  “ Em Portugal, o ordenado das mulheres  é10%  inferior ao dos homens, para tarefas iguais”.
Grupo II
(7x35 Pontos)
1. De acordo com o relativismo cultural,
(A) os critérios valorativos não variam de cultura para cultura.
(B) existe um padrão universal para avaliar os costumes.
(C) todas as práticas culturais devem ser toleradas.
(D) os códigos morais são idênticos em todas as culturas.
2. Considerar que os valores são objectivos significa considerar que os valores são
 (A) objectos de preferência.
 (B) relativos ao sujeito que valora.
 (C) objectos estimáveis.
 (D) independentes do sujeito que valora.
3. Segundo o relativismo cultural,
 (A) os valores actuais são melhores do que os do passado.
 (B) os critérios para avaliar as acções são variáveis.
 (C) os critérios para avaliar as acções são absolutos.
 (D) os valores são espirituais e intemporais.
 4. Os valores éticos são
 (A) critérios para a escolha da melhor acção.
 (B) formas determinadas de acção.
 (C) normas legais para regular a acção.
 (D) programas orientadores de acção.
5. Kant defende que a acção moral é determinada
 (A) pela inclinação e pela boa vontade.
 (B) pelo exemplo e pelo sentimento.
 (C) pela razão e pelo dever.
 (D) pelo bem-estar e pela felicidade.
6. Stuart Mill defende que uma acção tem valor moral
 (A) sempre que o agente renuncia ao prazer.
 (B) quando a intenção do agente é boa.
 (C) sempre que resulta de uma vontade boa.
 (D) quando dela resulta um maior bem comum.
 7. Segundo o relativismo cultural,
(A) os hábitos e as tradições culturais não devem ser valorizados.
(B) há verdades morais aceites por todos os povos e culturas.
(C) os juízos morais dependem das convenções de cada sociedade.
(D) a moralidade não é uma questão de convenção social.
Grupo III
(4x30 Pontos)
“ Ora todos os imperativos ordenam ou hipotética ou categoricamente. Os hipotéticos representam a necessidade prática de uma acção possível como meio de alcançar qualquer outra coisa que se quer (ou que é possível que se queira). O imperativo categórico seria aquele que nos representasse uma acção como objectivamente necessária por si  mesma, sem relação com qualquer outra finalidade. […] No caso de a acção ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, o imperativo é hipotético; se a acção é representada como boa em si, por conseguinte, como necessária numa vontade em si conforme à razão, como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico.”
I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 2011
1. A partir do texto, mostre por que razão, para Kant, a acção com valor moral se fundamenta no imperativo categórico e não em  imperativos hipotéticos. Na sua resposta, integre, de forma pertinente, informação do texto.
2. Distinga, segundo a moral de Kant,  acções” por dever”, “conforme ao dever” e “contra  o dever”. Exemplifique.
3. Analise a seguinte situação tendo em conta os princípios da moral deontológica de Kant e da moral utilitarista de Stuart Mill:
Imagina uma cidade onde ocorre um crime que deixa a cidade revoltada e a exigir vingança. O polícia encarregue da investigação não tem qualquer pista, e encontra-se sem auxiliares, a população enfurecida, vai fazer o linchamento público de um idiota com problemas mentais que é agressivo e que todos pensam que é o culpado. Que deve fazer o polícia? Deixar que executem um inocente ou impedir a sua execução e sofrer uma revolta popular que ameaça todas as casas e a sua própria vida?
4.  Qual seria a posição correcta? A mais justa ou a mais segura? Justifique a sua posição.

Correcção do teste de Março 2014




 
  Grupo I
1     1. Quando o relativismo cultural admite como um facto a diversidade de culturas, e se cada cultura tem códigos morais diferentes, não havendo nenhuma cultura superior que possa ter autoridade moral, então todos os códigos morais e as práticas que os aplicam são justificadas e não podem ser julgadas, pois não existe nenhuma autoridade moral fora da cultura. Deste modo estamos a defender o relativismo moral.

2.       2. A posição que defende que os valores são subjectivos defende que estes dependem do sujeito que aprecia, sendo o valor o resultado de uma apreciação subjectiva, isto é dada por alguém num certo momento histórico e num certo contexto. A posição objectiva diz que os valores não dependem dos sujeitos particulares, que existem nas coisas, não dependem da apreciação, as acções, os objectos e as pessoas têm um determinado valor, o sujeito no seu  juízo reconhece ou descobre esse valor.

3.       3. “A pena de morte é injusta visto que pode executar inocentes". Trata-se de uma opinião que confere um valor moral à pena de morte, como tal, pode ser discutida e é normativa, isto é, quer expressar a forma como o mundo devia ser.

Grupo III

1. Segundo o texto mentir nunca é moralmente permissível, seja qual for a posição, a situação ou a necessidade de alguém, nunca é correcto mentir, nem pode haver justificação para o fazer. Pois se acção moral deve cumprir o imperativo categórico, deve ser uma acção cujo único motivo seja o respeito para com a lei moral cuja fórmula eleva o homem a ser um legislador, isto é a poder fazer da regra pela qual se segue, uma lei universal. Neste sentido a regra “Deves mentir” nunca poderia ser uma lei universal, logo não podendo ser válida para todos, não pode ter apenas valor para alguns, pois isso é impossível para Kant. O valor moral de uma acção não pode ser apenas para alguns. 

2.Acções por dever são aquelas que obedecem ao imperativo categórico, a sua finalidade única é cumprir a lei que a razão a si mesma impõe, isto é o dever, logo são isentas de interesse ou da necessidade do agente. Essas são acções com valor moral.
Acções conforme ao dever seguem a norma social, são acções legais mas não são morais porque a vontade do agente é movida por um qualquer interesse ou sentimento como retirar um proveito ou pelo medo das consequências.
Acções contra o dever, não seguem a lei moral nem a norma social, não seguem qualquer norma e são comandadas por um interesse ou sentimento momentâneo do agente.


4.      3. A situação descrita no texto apresenta uma situação de dilema moral. Um dilema moral é um problema com duas soluções.  Ambas as soluções violam princípios morais, porque um dilema coloca em termos alternativos duas soluções que não seriam escolhidas livremente pelo sujeito, qualquer uma delas implica o abandono da outra  que não é correcto abandonar.
Comparação das perspetivas de Kant e de Stuart Mill relativamente ao critério de avaliação das ações morais:
Para Kant, as ações são más ou boas em si mesmas, independentemente das suas consequências práticas ou materiais. Só a vontade é boa, pois só ela pode ser controlada pelo agente, as consequências não estão no domínio do agente, logo não contam para determinar o valor moral da acção.A avaliação é feita "a priori", isto é, independente da experiência. Para Stuart Mill não há ações boas ou más em si mesmas, e a intenção com que são praticadas é irrelevante. As consequências são o único critério relevante para apreciar o valor moral das ações. Porque a acção moral visa assegurar um bem maior para todos os que estão ao seu alcance e não apenas para o agente. Daí que toda a avaliação moral seja "a posteriori".
 Comparação de Kant e de Stuart Mill relativamente ao princípio supremo da moralidade
Para Kant o imperativo categórico é o princípio supremo da moralidade. Este determina que devemos agir somente de acordo com máximas universalizáveis
Para Stuart Mill a moralidade deve fundamentar-se no princípio de utilidade que afirma que são boas as ações que tendem a promover de forma estritamente imparcial a felicidade do maior número possível de indivíduos.
 Segundo a moral kantiana o arquitecto deve dizer a verdade, porque deve obedecer à máxima moral que diz : "Não deves mentir". Mentir é, portanto, contra a lei moral, e essa lei não muda de acordo com as situações porque é universal e anterior a qualquer experiência. Essas são as condições da acção moral, por mais dolorosas que sejam as consequências, a autonomia da pessoa coloca-se na obediência à lei da razão e não aos seus interesses e sentimentos porque se assim fosse nada na sua acção poderia ter uma máxima universal porque os interesses e os sentimentos variam de pessoa para pessoa.

Segundo a moral utilitarista o arquitecto deveria calcular as hipóteses de sofrimento e prazer que as consequências da sua acção teriam para a comunidade. Se encobrir o presidente fosse necessário para proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas, teria de ponderar, entre o sofrimento causado pelo dinheiro roubado e as consequências futuras. A sua acção poderia mudar favoravelmente a condição de muitos e isso justificaria mentir




quarta-feira, 2 de abril de 2014

Teste 10B- março 2014



VERSÃO A
Grupo I
(3x15)
  1. Diga como o relativismo cultural pode conduzir ao relativismo moral. Dê um exemplo.
  2. Distinga, no seu traço fundamental, a posição que defende que os valores são subjectivos da posição contrária.
  3. Qual o juízo de valor que poderia retirar do  seguinte juízo de facto: “ Em Portugal ,no ano de 2012, 37 mulheres morreram vítimas de violência doméstica”  ”. Justifique.
Grupo II
(7x5 Pontos)
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
1. Kant defende que a acção moral é determinada
(A) pela inclinação e pela boa vontade.
(B) pelo exemplo e pelo sentimento.
(C) pela razão e pelo dever.
(D) pelo bem-estar e pela felicidade.
2.Stuart Mill defende que uma acção tem valor moral
(A) sempre que o agente renuncia ao prazer.
(B) quando a intenção do agente é boa.
(C) sempre que resulta de uma vontade boa.
(D) quando dela resulta um maior bem comum.
3. Segundo Kant, a boa vontade
(A) não está influenciada pelo sentimento ou pelo interesse.
(B) é contrário à moral, porque torna as pessoas egoístas.
(C) é um princípio ético que a todos impõe a beatitude.
(D) pode fornecer regras, mas não uma lei moral.
4. Para Kant, a lei «Age de modo que a tua regra de conduta possa ser adoptada como lei por todos os seres racionais» significa que…
(A) os seres racionais estão submetidos a leis objectivas.
(B) as acções morais são avaliadas segundo as leis vigentes.
(C) as acções morais são avaliadas pelas suas consequências.
(D) os seres racionais estão submetidos às suas emoções.
5. O texto do imperativo categórico refere:
(A) as máximas da acção.
(B) as leis da vontade.
(C) regras em média correctas.
(D) o princípio da felicidade.
6. Um argumento contra o relativismo cultural é o de que:
(A) O relativismo cultural promove a tolerância entre culturas.
(B) Não há argumentos contra.
(C) O relativismo cultural conduz ao relativismo moral.
(D) Não devemos julgar as culturas.
7. O argumento das consequências indesejáveis  é defendido pela teoria:
(A) Objectivista
(B) Subjectivista
(C) Não é defendido por ninguém.
(D) Relativista moral.
Grupo III
(4x30 Pontos)

(…) Ficaria eu satisfeito de ver a minha máxima (de me tirar de apuros por meio de uma promessa não verdadeira) tomar o valor de lei universal (tanto para mim como para os outros)? E poderia eu dizer a mim mesmo: – Toda a gente pode fazer uma promessa mentirosa quando se acha numa dificuldade de que não pode sair de outra maneira? Em breve reconheço que posso em verdade querer a mentira, mas que não posso querer uma lei universal de mentir; pois, segundo uma tal lei, não poderia propriamente haver já promessa alguma […]. Por conseguinte, a minha máxima, uma vez arvorada em lei universal, destruir-se-ia a si mesma necessariamente. (…)
Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Coimbra, Atlântida, 1960


1.       Explique, a partir do exemplo do texto, por que razão o acto de mentir nunca é moralmente permissível, segundo Kant.
2.       Distinga acções “contra o dever”, “conforme ao dever” e “por dever”  e reconheça o valor moral de cada uma delas.
3.       Imagine a seguinte situação de um dilema moral:
Um rapaz tem a promessa do presidente da câmara para realizar um bairro com jardins e centro cultural para um grupo de desfavorecidos. Por outro lado o rapaz tem provas de que o presidente é corrupto e que desviou dinheiro para a sua conta pessoal. Se depuser em tribunal contra o presidente não terá o bairro construído pois o presidente será preso, se não depuser tem a promessa que esse projecto se realizará.
Que deve fazer o rapaz? Avalie a questão segundo os princípios da ética deontológica de kant e da ética utilitarista de Stuart Mill.
4.       Qual a sua opinião, o que faria neste caso? Fundamente.