sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Correção da Prova de Avaliação de 3 de Dezembro

1. Tema: A liberdade humana.
Problema: Qual a origem da nossa convicção de que somos livres?
Tese: A origem da nossa convicção de que somos livres é a experiência de nos empenharmos em acções voluntárias e intencionais.
Argumento: Quando nos empenhamos nas acções humanas normais da vida veremos a possibilidade de alternativas que poderíamos ter escolhido. Temos portanto a consciência de que podíamos ter feito outra coisa, e que decidimos fazer o que fazemos. Temos portanto a experiência de que as nossas acções são uma possibilidade entre outras que nos dá a convicção forte de que a nossa vontade é livre.
Ponderar razões e decidir é também um caso, mas não o único que nos fornece a convicção da liberdade.
Conceitos: convicção da liberdade, experiência, decisão, alternativas.

2. a. Acção mista, inevitável. Clarice não queria chegar atrasada mas as circunstâncias forçaram a que chegasse. Não é uma acção completamente involuntária visto que Clarice voluntariamente veio de automóvel para o emprego o que poderia supor ou prever que poderia ficar parada por causa de um engarrafamento.

b. Acção voluntária visto que resulta de uma decisão consciente do agente que opta, entre várias alternativas, por protestar.

c. Acção mista, equivocada. É fruto da negligência do agente, não sendo voluntário pegar fogo à floresta é voluntário atirar o cigarro para o chão. O agente devia prever as consequências do seu acto e não o fez.

3. 1. Toda a acção é um acontecimento. Porque agir significa provocar uma alteração no mundo e no próprio agente.

3.2. Explica-se a acção através do motivo, isto é a resposta à pergunta “Porque fizeste isso? E da intenção: O que fizeste? Para quê o fizeste?

3.3. Algumas coisas que fazemos são acções. A diferença entre agir e fazer é que agir implica fazer algo,mas o contrário não é verdadeiro porque podemos fazer coisas como abrir e fechar as pálpebras sem agir, isto é sem o fazer consciente e intencionalmente. Fazer é condição necessária para agir mas não é suficiente.

3.4. Os enunciados que descrevem uma acção são:
“Apanhado pelo professor a copiar o Francisco mentiu”
“Joana não se inscreveu no curso de pintura.”
Ambas são acções voluntárias e conscientes, têm uma intenção e um motivo.


4. Dizer que somos condicionados, que temos condicionantes, significa dizer que não existe uma liberdade ilimitada, que as nossas opções estão limitadas, por vezes muito limitadas dependendo da história, das condições sociais e económicas,da cultura, das condições hereditárias ,biológicas, psicológicas. Os homens são seres limitados às suas condições biológicas e físicas, por exemplo não temos força para levantar determinadas coisas, não temos inteligência para compreender tudo, não podemos viajar à velocidade da luz. Para além destas condicionantes biológicas e físicas temos constrangimentos sociais e culturais, deveres para com as leis que cumprimos para evitar um mal maior, hábitos adquiridos e socialmente aceites etc. Apesar da liberdade ser em abstracto um conceito magnífico é algo que procuramos ultrapassando estas condicionantes,lutando por melhores condições de vida, revoltando-nos contra certas leis injustas, isto é lutando por uma maior autonomia face às condicionantes que nos limitam.

5. Os valores são qualidades potenciais das coisas que resultam da sua relação com um sujeito que as aprecia ou não de acordo com os seus interesses e as suas circunstâncias. Os valores não são qualidades primárias porque estas são universais e objectivas, são essenciais ao objecto enquanto as qualidades valorativas são dependentes do sujeito e da sua reacção a determinado objecto.
Os valores são bi-polares porque têm um pólo positivo e um negativo, hierarquizáveis porque podemos organizá-los numa ordem de acordo com um critério de valores superiores e inferiores; relativos se considerarmos que dependem do gosto, cultura e circunstãncias, mas também absolutos como certos valores éticos que são independentes da cultura, do gosto e das circunstâncias.

6.a. O João agiu honestamente é um juízo de valor porque a honestidade e um valor ético, e porque é normativo, isto é não descreve a acção do João mas sim expressa o acordo com uma norma moral ou ética pela a qual a acção do João é julgada. Seguindo outra norma a acção poderia ter outro valor.

6.b. Traduz um juízo de valor, de gosto e portanto sbjectivo, é também normativo porque o sujeito expressa o seu acordo a uma norma que expressa o seu critério do que é uma comida saborosa.

6.c. É um juízo de facto porque tem valor de verdade e traduz as propriedades primárias e inquestionáveis do objecto.

7. Argumentos a favor do determinismo: tudo o que existe tem uma causa, a causa explica e permite à acção ter uma lógica e não ser fruto do acaso. De facto como elemento natural, também o homem é determinado por circunstâncias psicológicas, hereditárias e sociais que explicam racionalmente a sua acção. Deste modo toda a acção é determinada. Consequência: Não pode haver responsabilidade individual.
A tese do livre arbítrio defende que enquanto o sujeito tiver a consciência que poderia ter feito isto ou aquilo, tem a consciência que é livre, logo para si é livre e portanto responsável e imputável. Argumentos: De facto, conscientemente, temos a noção da nossa liberdade e portanto mesmo que seja uma ilusão ela é indissociável da nossa experiência enquanto agentes.