segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Resumo Gonçalo Alegre 10A e Aaron Santos 10I

 


As falácias são erros, incorreções em argumentos. Muitas delas são tão tentadoras e, portanto, tão comuns que até têm nomes próprios. Isto pode faze-las parecer um tópico novo e separado, mas, na verdade, dizermos que algo é uma falácia é apenas outra forma de dizermos que uma das regras dos bons argumentos foi violada. A falácia da «causa falsa», por exemplo, é apenas uma conclusão discutível acerca de causas e efeitos, (...) Assim, para o leitor compreender as falácias precisa de compreender que regras foram violadas. Este capítulo começa por explicar duas falácias muito gerais, remetendo-as para uma série de regras deste livro. Fornece depois uma lista e uma explicação de um número de falácias específicas, incluindo os nomes latinos quando estes são frequentemente usados.

As duas grandes falácias 

1. Um dos nossos erros mais comuns é tirarmos conclusões a partir de dados insuficientes. Se o primeiro lituano que encontrarmos for irascível, criamos a expectativa de que todos os lituanos serão irascíveis. Quando um navio desaparece no triângulo das Bermudas, os jornais sensacionalistas concluem que o triângulo das Bermudas está assombrado. Esta é a falácia da generalização a partir de informação incompleta.

É fácil ver este erro quando os outros o fazem, mas é mais difícil vê-lo quando somos nós a fazê-lo. Repare quantas das regras dos capítulos II-VI se dirigem contra este erro. A regra 8 exige mais do que um exemplo: não pode tirar uma conclusão sobre todo o corpo estudantil da sua faculdade baseando-se em si próprio e no seu colega. A regra 9 exige exemplos representativos: não pode tirar conclusões acerca do corpo estudantil de uma faculdade baseando-se nos estudantes que são seus amigos, mesmo que tenha muitos. A regra 10 exige informação de fundo: se tira uma conclusão acerca do corpo estudantil da sua faculdade baseando-se numa amostra de 30 pessoas, tem também de ter em consideração o tamanho do corpo estudantil (30?, 30000?). 

Os, argumentos de autoridade exigem que a autoridade não generalize excessivamente: ele ou ela têm de ter a informação e as qualificações que justifiquem o juízo que cita no seu ensaio. A regra 19 sublinha que uma causa não é necessariamente a causa de um acontecimento. Não generalize excessivamente a partir do fato de ter encontrado uma causa: pode haver outras causas mais prováveis.

Anthony Weston, A arte de argumentar

Texto para resumo e análise Maria Palma 10I





Para além dos argumentos dedutivos temos então os argumentos:

  • Por analogia
  • Indutivos (generalizações a partir de exemplos)
  • Sobre causas
  • De autoridade
Juntamente com os argumentos dedutivos, os argumentos por analogia são os mais utilizados pelos filósofos. Os argumentos por analogia costumam apresentar a seguinte forma:

Os x são E.
Os y são como os x.
Logo, os y são E.
Os argumentos por analogia partem da ideia de que se diferentes coisas são semelhantes em determinados aspectos, também o serão noutros. Veja-se o exemplo seguinte:
Os soldados de um batalhão têm de obedecer às decisões de um comandante para atingir os seus objectivos.
Uma equipa de futebol é como um batalhão.
Logo, os jogadores de uma equipa de futebol têm de obedecer às decisões de um comandante (treinador) para atingir os seus objectivos.
O termo “como” na segunda premissa está destacado. Esse termo indica que estamos a estabelecer uma comparação entre situações análogas, característica dos argumentos por analogia. Mas será que apenas pela forma do argumento ficamos a saber se é aceitável ou não? Para tornar clara a resposta a esta pergunta, compare-se o argumento anterior com o seguinte:
Os soldados de um batalhão andam armados quando treinam.
Uma equipa de futebol é como um batalhão.
Logo, os jogadores de futebol andam armados quando treinam.
A primeira coisa que se torna evidente é que, ainda que o primeiro argumento possa ser aceitável, este último não o é com toda a certeza. Acontece, porém, que ambos exibem exactamente a mesma forma. Concluímos, assim, que a mera inspecção da sua forma não nos permite classificar os argumentos por analogia como bons ou maus. Portanto, a qualidade destes argumentos não depende da sua forma lógica. Encontramos com a mesma forma bons e maus argumentos por analogia. Por isso é que tais argumentos não fazem parte da lógica formal. Por isso também não dizemos que um argumento por analogia é válido ou inválido, coisa que só se aplica aos argumentos dedutivos. Nos argumentos por analogia nunca podemos garantir logicamente que de premissas verdadeiras se obtêm sempre conclusões verdadeiras. Isto é, os argumentos por analogia não possuem a característica de preservar logicamente a verdade.
Os bombeiros dividem-se em batalhões, obedecem a uma hierarquia e têm um quartel, como os polícias.
Os polícias usam farda.
Logo, os bombeiros usam farda.
Vimos que um argumento por analogia não é válido ou inválido, mas que nem todos os argumentos por analogia são maus. Costuma-se dizer que os argumentos por analogia são fortes ou fracos. Como distinguimos uns dos outros? O argumento anterior é constituído por premissas e conclusão verdadeiras. Aparentemente é um argumento forte por analogia. Mas veja-se agora um outro argumento por analogia (com a mesma forma do anterior, claro) com premissas também verdadeiras, mas cuja conclusão é manifestamente falsa:
Os bombeiros dividem-se em batalhões, obedecem a uma hierarquia, têm um quartel e usam farda, tal como os polícias.
Os polícias usam arma.
Logo, os bombeiros usam arma.
Este argumento é, sem dúvida, fraco. Até porque a conclusão é falsa. Ao avaliar um argumento por analogia no sentido de saber se é forte ou fraco, temos de estar atentos a três critérios, os quais se manifestam nas seguintes perguntas:
  1. As semelhanças apontadas nos casos que estão a ser comparados são relevantes para a conclusão que se quer inferir?
  2. A comparação tem por base um número razoável de semelhanças?
  3. Apesar das semelhanças apontadas, não haverá diferenças fundamentais entre os casos que estão a ser comparados?
Aplicando os critérios patentes nas perguntas anteriores, podemos verificar se uma analogia é forte ou fraca. No caso do argumento anterior, por exemplo, verificamos que falha os critérios 1e 3. As semelhanças entre os bombeiros e os polícias são muitas, mas não são relevantes para a conclusão que se quer tirar. Nenhuma delas está sequer relacionada com o uso de arma, falhando assim o critério 1. Mas também falha o critério 3 porque existe uma diferença fundamental entre os bombeiros e os polícias. Estes fazem parte de uma força da ordem, necessitando por isso dos meios para a restabelecerem quando é perturbada; aqueles são membros de uma força de paz, não necessitando de quaisquer meios de coacção.

Aires de Almeida, Lógica informal

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Ficha sobre o filme " 12 Homens em fúria"


12 Homens em Fúria, Sidney Lumet, 1959, EUA


Será curioso verificar que a duração real deste filme - 1h e 30m (aproximadamente) é a mesma duração da ficção, como se o tempo das personagens fosse o nosso tempo e nós também jurados. Há uma  evidente aproximação entre as personagens e nós, espetadores. Este efeito produz uma tensão realista e uma interrogação pessoal; e se fosse eu? Como reagiria eu nesta situação? Em cada uma das personagens há uma característica humana diversa mas familiar, a sala é deste modo um pequeno palco da humanidade. Poderemos observar a dificuldade do discurso racional em impor-se às emoções, hábitos e preconceitos. A argumentação racional é, no entanto, a única que pode aproximar-nos da verdade, num caminho de análise e decisão pelo melhor juízo. Mas esse caminho de difícil e moroso acaba muitas vezes atropelado e, no entanto, o que desencadeia todo este confronto? Uma dúvida e um compromisso ético.
 

Depois de ver o filme, tente analisar os seguintes aspetos:(Responda numa folha aparte)

1. Leia o texto acima. Concorda com a frase sublinhada do texto? Justifique a sua resposta.

2. Que poder demonstra ter a personagem principal?
 
3. Saliente alguns dos argumentos decisivos para mudar a opinião dos jurados.
 
4. O que pretende demonstrar a argumentação da personagem principal?
 
5. Faça um retrato de duas das personagens. O que as leva a decidir imediatamente pela culpabilidade do réu?
 
6. Elabore uma opinião pessoal e fundamentada sobre o filme.
 
 

domingo, 20 de novembro de 2022

Texto para resumo Beatriz Morais 10A e Beatriz Aires 10I

Argumento indutivo


Um argumento indutivo é aquele no qual se parte de experiências sobre fatos particulares e se infere daí conclusões gerais. Quando dizemos que todos os homens que nascerem irão morrer porque até hoje ninguém deixou de morrer estamos usando um argumento indutivo. Tais argumentos se baseiam na experiência passada para sustentar uma conclusão.
O primeiro passo para compreender o que é um raciocínio indutivo é não associá-lo à “indução”, “induzir”.  Um dos significados de induzir é “ser causa ou motivo de; inspirar, provocar”. Nesse sentido, podemos dizer “a pessoa x foi induzida a cometer um ato de violência”. Porém, quando falamos de argumento indutivo, o significado de “indutivo” não tem nada a ver com “influenciar, inspirar, provocar”. Portanto, para compreender o que é um raciocínio indutivo é importante deixar de lado esse significado mais comum da palavra “indução”.
Chalmers, define assim um argumento indutivo:
“Se um grande número de As foi observado sob ampla variedade de condições, e se todos esses As observados possuíam sem exceção a propriedade B, então todos os As têm a propriedade B.”
Tomemos como exemplo o ponto de ebulição da água. Sempre que observamos a água ferver (A), isso aconteceu a 100 graus centígrados (propriedade B). Portanto podemos concluir que a água (A), e qualquer água encontrada na terra ou outro planeta, ferve a 100 graus centígrados (propriedade B).

Indução é generalização

Esse tipo de raciocínio também é chamado de generalização indutiva. O uso da palavra “generalização” faz referência ao fato de em um argumento indutivo “generalizarmos”, o que significa passar de premissas particulares para conclusões gerais.
Consideremos mais um exemplo. Imagine que um grupo de pesquisadores está desenvolvendo um remédio para cura da AIDS. Depois de ser testado em animais e se mostrar promissor, os pesquisadores convidam uma série de pacientes com AIDS para serem voluntários nos testes do medicamento em humanos. Inicialmente, cinco pacientes aceitam ser voluntários. Realizando os testes, os cientistas observam o seguinte:
Premissa 1: O remédio R curou a AIDS do paciente A.
Premissa 2: O remédio curou a AIDS do paciente B.
Premissa 3: O remédio R curou a AIDS do paciente C.
Premissa 4: O remédio R curou a AIDS do paciente D.
Premissa 5: O remédio R curou a AIDS do paciente E.
E a partir dessas observações, concluíram:
Conclusão: O remédio R cura a AIDS.
Note que as premissas são particulares: elas se referem a apenas um paciente que foi curado. A conclusão, por outro lado, é geral: ao dizer que “o remédio R cura a AIDS”, se aplica a qualquer eventual paciente. Significa o mesmo que “todo paciente que tomar o remédio R será curado da AIDS”. Todo argumento indutivo tem essa característica: se parte de premissas particulares e se chega a conclusões gerais.

Argumento indutivo forte e fraco

O exemplo apresentado acima é uma generalização fraca. É um pouco precipitado concluir que “o remédio R cura a AIDS” com base em apenas  cinco casos. O ideal seria fazer uma investigação mais aprofundada, testar em mais pacientes, numa diversidade maior de situações.
Um argumento indutivo pode ser mais ou menos forte. A força de um argumento indutivo depende do grau de apoio que as premissas oferecem para a conclusão. Suponha que o remédio R do exemplo anterior tenha sido testado em dez mil pacientes ao redor do mundo e em praticamente todos os casos levou à cura da AIDS. Dado o número de vezes em que o remédio foi avaliado, a conclusão de que “o remédio R cura a AIDS” é muito forte. Ou seja, sendo as premissas verdadeiras, é improvável que a conclusão seja falsa.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Resumo Miriam 10I e Pedro10A

Argumentos com base em exemplos
ARGUMENTOS INDUTIVOS
Os argumentos com base em exemplos oferecem um ou mais exemplos específicos para apoiar uma generalização:
Outrora as mulheres casavam muito novas. A Julieta da peça Romeu e Julieta, de Shakespeare, ainda nem tinha 14 anos. Na Idade Média, 13 anos era a idade normal de casamento para uma rapariga judia. E durante o Império Romano muitas mulheres casavam aos 13 anos, ou mesmo mais novas.
Este argumento generaliza a partir de três exemplos —Julieta, as mulheres judias durante a Idade Média e as mulheres do Império Romano— para muitas ou para a maior parte das mulheres de outrora. Para vermos a forma deste argumento mais claramente podemos enunciar as premissas separadamente, com a conclusão no fim: Na peça de Shakespeare, Julieta nem sequer tinha 14 anos. Durante a Idade Média, as mulheres judias casavam normalmente aos 13 anos. No tempo do Império Romano muitas mulheres casavam aos 13 anos ou mesmo antes. Logo, outrora muitas mulheres casavam muito jovens.
Será um bom argumento indutivo?
Há um pequeno conjunto de regras que permitem avaliar argumentos com base em exemplos a) Use mais do que um exemplo Um exemplo único pode por vezes ser usado a título ilustrativo. O exemplo da Julieta só por si pode ilustrar o casamento em idade precoce. Mas um exemplo único não oferece praticamente qualquer apoio a uma generalização. Pode ser um caso atípico, a «excepção que confirma a regra». E necessário mais do que um exemplo.
b)  O número de exemplos necessários depende parcialmente da sua representatividade, aspecto tratado na regra . Mesmo um número elevado de exemplos pode não ser representativo do conjunto sobre o qual estamos a generalizar. O argumento precisa de ter igualmente em conta mulheres de outras partes do mundo
c) Tem que ter exemplos suficientes.  O tamanho do conjunto a partir do qual estamos a generalizar deve ser suficiente para permitir a generalização. . Conjuntos grandes requerem normalmente mais exemplos. A afirmação de que a sua cidade esta cheia de pessoas notáveis requer mais exemplos do que, digamos, a afirmação de que os seus amigos são pessoas notáveis. Mesmo dois ou três exemplos podem ser suficientes para estabelecer que os seus amigos são pessoas notáveis (depende de quantos amigos têm), mas, a menos que a sua cidade seja muito, muito pequena, são necessários mais exemplos para mostrar que a sua cidade está cheia de pessoas notáveis. Os exemplos são representativos?. Um número elevado de exemplos de mulheres romanas, unicamente, estabelece muito pouco acerca das mulheres em geral, uma vez que as mulheres romanas não são necessariamente representativas das mulheres de outras partes do mundo.
Argumentos por analogia
Há uma excepção à regra 8 («use mais do que um exemplo»). Os argumentos por analogia, em vez de multiplicarem exemplos para apoiarem uma generalização, argumentam a partir de um caso ou exemplo específico para provarem que outro caso, semelhante ao primeiro em muitos aspectos, é também semelhante num outro aspecto determinado. O presidente americano George Bush argumentou uma vez que o papel do vice-presidente é o de apoiar as políticas do presidente, concordando ou não com elas, porque «ninguém quer meter golos na própria baliza». Bush está a sugerir que fazer parte da administração é como fazer parte de uma equipa de futebol. Quando. alguém entra para uma equipa de futebol, concorda em obedecer às decisões do treinador, porque o sucesso da equipa depende dessa obediência. Bush sugere que, analogamente, entrar para a administração é um compromisso de obediência às decisões do presidente, porque o sucesso da administração depende também da obediência. Distinguindo premissas e conclusão: Quando alguém entra para uma equipa de futebol, concorda em obedecer às decisões do treinador (porque o sucesso da equipa depende da obediência dos respectivos membros). A administração americana é como uma equipa de futebol (o seu sucesso depende também da obediência dos respectivos membros). Logo, quando alguém entra para a administração americana, concorda em obedecer às decisões do presidente. 18 Repare na palavra «como» em itálico na segunda premissa. Quando um argumento sublinha as semelhanças entre dois casos, é muito provavelmente um argumento por analogia.

Anthony Weston, A Arte de Argumentar