domingo, 27 de maio de 2018

Correção do teste 10E.





Grupo 2

1. A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes. Identificação do juízo de valor expresso no texto: – «O hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo». Nota –  Aceita-se que a identificação seja feita através da transcrição integral da última frase do texto («Contudo, o hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo»), ou através de expressões que indiquem o reconhecimento do único juízo de valor expresso no texto (por exemplo, «É a última frase do texto»). Justificação da identificação feita: – afirmar que o hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo implica recorrer a um critério normativo (de beleza), que indica como deveria ser um desporto no que respeita a beleza; – o juízo em causa é, portanto, uma apreciação normativa, e não um juízo meramente descritivo, acerca do hóquei em patins (e do hóquei no gelo).



2.Acções por dever são aquelas que obedecem ao imperativo categórico, a sua finalidade única é cumprir a lei que a razão a si mesma impõe, isto é o dever, logo são isentas de interesse ou da necessidade do agente. Essas são acções com valor moral.Acções conforme ao dever seguem a norma social, são acções legais mas não são morais porque a vontade do agente é movida por um qualquer interesse ou sentimento como retirar um proveito ou pelo medo das consequências.Acções contra o dever, não seguem a lei moral nem a norma social, não seguem qualquer norma e são comandadas por um interesse ou sentimento momentâneo do agente.

Apresentação da razão pela qual o tipo de ação descrito não tem valor moral: – a ação caritativa descrita resulta de uma disposição compassiva (de um sentimento de compaixão), e é motivada pelo prazer que dela retira quem a pratica, em virtude do contentamento que proporciona aos outros; – de modo a ter valor moral, a ação descrita teria de ser determinada pelo dever / a ação descrita teria de ter como motivo o respeito pelo dever; – o que distingue uma ação por dever de uma ação meramente conforme ao dever, como é o caso desta ação (caritativa), é o motivo ou a intenção do agente; – por resultar de uma disposição/inclinação, a ação caritativa descrita, ainda que seja conforme ao dever, não foi feita por dever, o que a impede de ter valor moral.

3. O princípio da "Máxima felicidade" consiste na avaliação moral das ações segundo a felicidade que provocam, não no agente, mas no maior número de pessoas afectadas pela ação. Por felicidade entende-se menorizar o sofrimento e a dor e aumentar o prazer. Assim segundo este princípio é moralmente correcta uma ação cujas consequências produzem o maior bem no maior número de pessoas. O prazer que se procura alcançar não é espiritual e sensual, sendo o prazer espiritual superior ao sensual. Não importa para avaliar a moralidade da ação o motivo mas a consequência e a imparcialidade na escolha do maior bem. daí que a moral utilitarista defenda um modelo de altruísmo e de hedonismo moderado como razões fundamentais para agirmos moralmente. 

Se o critério da moralidade é a felicidade para o maior número, então a ação tem de ser guiada pelos princípios da imparcialidade e do altruísmo. Imparcialidade do juízo significa julgar casos semelhantes do mesmo modo. Implica também a neutralidade do sujeito nos juízos, não se deixando influenciar pelas suas inclinações ou estados de espírito. O princípio do altruísmo significa que a felicidade que se quer alcançar não é apenas a do agente, mas a felicidade geral, ultrapassando e contrariando assim o egoísmo primário presente em todos os sujeitos.



4. O relativista defende que os valores morais e a sua aplicação dependem das culturas, assim não há juízos morais neutros ou imparciais, nenhuma cultura é superior a outra de modo a poder julgar pois cada juízo revela a forma de pensar de uma cultura específica. Há diferentes valores morais entre culturas historicamente diferentes. A moral é condicionada pela cultura mas nem todos os princípios morais dependem da cultura. Culturas como os Calatinos ou os Gregos, ou os Innui, conduzem os seus costumes por princípios que são semelhantes como: "honrar os mortos", "proteger as crianças", "honrar pai e mãe". A forma de demonstrar esta sua moral é, contudo, diferente, uns queimam, outros comem os seus mortos - por exemplo - . Poderemos então pôr em causa o relativismo moral que defende que cada cultura tem os seus princípios morais, podemos compreender que alguns destes princípios são comuns a todas as culturas, mas há é um conhecimento dos factos diferente.

Não mentir e não matar são normas morais para todas as culturas, pois sem essas normas a sociedade não podia evoluir pois não tinha segurança nem confiança no outro. A moral existe para podermos viver com os outros e para isso temos de os respeitar como queremos ser respeitados. Se não houvesse o dever de não mentir, se mentir fosse permitido moralmente, então nenhum contrato ou transação era possível entre dois homens. Não podia estabelecer-se a confiança que permite a entreajuda necessária à sobrevivência. A moral expressa a nossa necessidade de nos ajudarmos para podermos sobreviver e evoluir enquanto comunidade; cada indivíduo está também dependente da comunidade para sobreviver e viver melhor .



Grupo 3
A situação descrita no texto apresenta uma situação de dilema moral. Um dilema moral é um problema com duas soluções.  Ambas as soluções violam princípios morais, porque um dilema coloca em termos alternativos duas soluções que não seriam escolhidas livremente pelo sujeito, qualquer uma delas implica o abandono de certos valores que não é correto abandonar.

Comparação das perspetivas de Kant e de Stuart Mill relativamente ao critério de avaliação das ações morais:

Para Kant, e segundo o fundamento deontológico, as ações devem ser realizadas de acordo com uma intenção que visa o dever acima de tudo, independentemente das consequências práticas ou materiais que a ação possa vir a ter. Só a vontade é boa, pois só ela pode ser controlada pelo agente, as consequências não estão no domínio do agente, logo não contam para determinar o valor moral da ação. A avaliação é feita "a priori", isto é, independente da experiência. Pelo contrário, para um utilitarista, não há ações boas ou más em si mesmas, e a intenção com que são praticadas é irrelevante. As consequências são o único critério relevante para apreciar o valor moral das ações. Porque a ação moral visa assegurar um bem maior para todos os que estão ao seu alcance e não apenas para o agente. Daí que toda a avaliação moral seja "a posteriori", isto é, a partir da situação concreta.

Tendo em conta estes pressupostos, para um defensor do dever e do imperativo categórico, não podemos nunca utilizar um homem como instrumento para alcançar um bem maior, porque o valor do indivíduo é supremo, tem valor intrínseco. Sendo assim, não se poderia acusar o inocente. Para a moral que tem como fim a utilidade das ações, poderia sacrificar-se o indivíduo para salvar outros, daí justificar-se esta ação para impedir um mal maior.



segunda-feira, 21 de maio de 2018

Correção do teste 10D


Correção 10D

1. A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes. Explicação de como se poderia usar a fórmula do imperativo categórico apresentada para condenar a mentira: – de acordo com a fórmula apresentada, é errado agir de tal modo que alguém seja usado como um mero meio; – quando mentimos a alguém, estamos a condicionar as decisões dessa pessoa de acordo com os nossos interesses; – ao condicionar uma pessoa de acordo com os nossos interesses, estamos a instrumentalizá-la (OU a tratá-la como um mero meio).

Segundo o texto mentir nunca é moralmente permissível, seja qual for a posição, a situação ou a necessidade de alguém, nunca é correto mentir, nem pode haver justificação para o fazer. Pois se ação moral deve cumprir o imperativo categórico, deve ser o único motivo o respeito para com a lei moral cuja fórmula eleva o homem a ser um legislador, isto é, a poder fazer da regra pela qual se segue, uma lei universal. Neste sentido a regra “Deves mentir” nunca poderia ser uma lei universal, não podendo ser válida para todos, não pode ter apenas valor para alguns, pois isso significava a destruição das leis morais que por serem leis são válidas para todos os sujeitos racionais em todas as situações. Por outro lado se houvesse uma lei cuja máxima fosse “Deves mentir” essa máxima ao ter a pretensão de ser verdadeira estaria a ir contra si própria, logo auto destruir-se-ia.

 

2. O imperativo categórico é uma ordem a que todos os sujeitos racionais estão obrigados a obedecer, seja qual for a situação em que se encontrem, é válida em todas as situações. Expressa-se como um dever moral e a sua forma é a seguinte: “age de tal modo que queiras que a máxima da tua ação possa ser constituída como lei universal para todos.” È incondicionada pois não depende das situações.

Quanto ao imperativo hipotético é uma ordem que é válida apenas em algumas situações, corresponde aos deveres não morais. Esta ordem acaba quando acaba o dever que o sujeito tem de cumprir. Exemplo de um imperativo categórico é: “Não mentir”. Um exemplo de imperativo hipotético: “Deves estudar para passar no exame” Este dever não é incondicionado pois tem um objetivo, está sujeito a uma condição, não apenas o dever pelo dever mas é um meio para o cumprimento de uma certa condição que se não existir também acaba o dever que temos, isto é, se não quisermos que confiem em nós e nas nossas promessas, então justifica-se mentir.

Identificação do imperativo: – imperativo hipotético. Justificação da resposta: – de acordo com o imperativo apresentado, o dever de não mentir é respeitado na condição de querermos que acreditem em nós quando dizemos a verdade; – de acordo com o imperativo apresentado, o dever de não mentir é condicional e, assim, o imperativo que o ordena é hipotético; – para ser categórico, um imperativo tem de ordenar incondicionalmente um dever (por exemplo, ordenando do seguinte modo: «não mintas porque não deves mentir»); – nesse caso, o dever de não mentir teria de ser respeitado em qualquer circunstância, e não apenas na circunstância de querermos que acreditem em nós quando dizemos a verdade.

 

3. A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros equivalentes. Apresentação da solução que um defensor da ética de Mill adotaria: – os automóveis autónomos devem ser programados para, em caso de acidente iminente, darem prioridade à minimização do número total de vítimas. Justificação da solução apresentada: – o princípio ético defendido por Mill é o princípio da maior felicidade; – de acordo com o princípio da maior felicidade, temos o dever de promover imparcialmente a felicidade geral; – no caso em questão, promover imparcialmente a felicidade geral implica optar pela solução que minimiza o número total de vítimas, atribuindo igual importância aos passageiros do automóvel autónomo e a todas as outras pessoas envolvidas no acidente.

 

O princípio da "Máxima felicidade" consiste na avaliação moral das ações segundo a felicidade que provocam, não no agente, mas no maior número de pessoas afetadas pela ação. Por felicidade entende-se menorizar o sofrimento e a dor e aumentar o prazer. Assim segundo este princípio é moralmente correta uma ação cujas consequências produzem o maior bem no maior número de pessoas. O prazer que se procura alcançar não é espiritual e sensual, sendo o prazer espiritual superior ao sensual. Não importa para avaliar a moralidade da ação o motivo mas a consequência e a imparcialidade na escolha do maior bem, daí que a moral utilitarista defenda um modelo de altruísmo e de hedonismo moderado como razões fundamentais para agirmos moralmente. 

Se o critério da moralidade é a felicidade para o maior número, então a ação tem de ser guiada pelos princípios da imparcialidade e do altruísmo. Imparcialidade do juízo significa julgar casos semelhantes do mesmo modo. Implica também a neutralidade do sujeito nos juízos, não se deixando influenciar pelas suas inclinações ou estados de espírito. O princípio do altruísmo significa que a felicidade que se quer alcançar não é apenas a do agente, mas a felicidade geral, ultrapassando e contrariando assim o egoísmo primário presente em todos os sujeitos. Daí que entre minimizar os danos sofridos sobre muitos ou maximizar a felicidade de poucos, a alternativa utilitarista seria a primeira.

 

4. Não. Há diferentes valores morais entre culturas historicamente diferentes. A moral é condicionada pela cultura mas nem todos os princípios morais dependem da cultura. Culturas como os Calatinos ou os Gregos, ou os Innui, conduzem os seus costumes por princípios que são semelhantes como: "honrar os mortos", "proteger as crianças", "honrar pai e mãe". A forma de demonstrar esta sua moral é, contudo, diferente, uns queimam, outros comem os seus mortos - por exemplo - . Poderemos então pôr em causa o relativismo moral que defende que cada cultura tem os seus princípios morais, podemos compreender que alguns destes princípios são comuns a todas as culturas, mas há é um conhecimento dos factos diferente.

Não mentir e não matar são normas morais para todas as culturas, pois sem essas normas a sociedade não podia evoluir pois não tinha segurança nem confiança no outro. A moral existe para podermos viver com os outros e para isso temos de os respeitar como queremos ser respeitados. Se não houvesse o dever de não mentir, se mentir fosse permitido moralmente, então nenhum contrato ou transação era possível entre dois homens. Não podia estabelecer-se a confiança que permite a entreajuda necessária à sobrevivência. A moral expressa a nossa necessidade de nos ajudarmos para podermos sobreviver e evoluir enquanto comunidade; essas normas expressam os valores morais comuns a todas as sociedades, embora haja diferentes conhecimentos dos factos, da geografia e da história que os cumprem com diferentes práticas culturais.

 

Grupo 3

1. Comparação das perspetivas de Kant e de Stuart Mill relativamente ao critério de avaliação das ações morais:

Para Kant, o unicamente bom é boa vontade, esta está presente no motivo e intenção do sujeito quando pratica certa ação. A ação moral é aquela que respeita o dever, sem pensar nas circunstâncias ou consequências que possa ter para a vida da sociedade ou do próprio sujeito. O que torna má ou boa uma ação é a intenção com que é praticada. A intenção é determinada pela vontade de obedecer à lei moral, independentemente de qualquer interesse ou sentimento.

Para Stuart Mill não há ações boas ou más em si mesmas, e a intenção com que são praticadas é irrelevante. As consequências são o único critério relevante para apreciar o valor moral das ações. Daí que toda a avaliação moral seja "a posteriori".

Para Kant o imperativo categórico é o princípio supremo da moralidade. Este determina que devemos agir somente de acordo com máximas universalizáveis

Para Stuart Mill a moralidade deve fundamentar-se no princípio de utilidade que afirma que são boas as ações que tendem a promover de forma estritamente imparcial a felicidade do maior número possível de indivíduos.

Comparação de Kant e de Stuart Mill relativamente ao princípio supremo da moralidade. Para Kant o imperativo categórico é o princípio supremo da moralidade. Este determina que devemos agir somente de acordo com máximas universalizáveis. Logo, o imperativo do dever diria “Não deves mentir”, e, dado que temos provas de que alguém é corrupto, devíamos cumprir o dever, entregando-o à justiça. Para Stuart Mill a moralidade deve fundamentar-se no princípio de utilidade;  são boas as ações que tendem a promover de forma estritamente imparcial a felicidade do maior número possível de indivíduos. Segundo a moral kantiana o rapaz deve dizer a verdade, porque deve obedecer à máxima moral que diz : "Não deves mentir". Mentir é, portanto, contra a lei moral, e essa lei não muda de acordo com as situações porque é universal e anterior a qualquer experiência. Essas são as condições da ação moral, por mais dolorosas que sejam as consequências, a autonomia da pessoa coloca-se na obediência à lei da razão e não aos seus interesses e sentimentos porque se assim fosse nada na sua ação poderia ser universalizável porque os interesses e os sentimentos variam de pessoa para pessoa.
Segundo a moral utilitarista o rapaz deveria calcular as hipóteses de sofrimento e prazer que as consequências da sua ação teriam para a comunidade. Se encobrir o presidente fosse necessário para proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas, teria de ponderar, entre o sofrimento causado pelo dinheiro roubado e as consequências futuras. A sua ação poderia mudar favoravelmente a condição de muitos e isso justificaria mentir.

 


terça-feira, 8 de maio de 2018

terça-feira, 1 de maio de 2018

Texto para relatório


Pintura de Vanessa Bell




Quem supõe que ...o ser superior, em qualquer coisa como circunstâncias iguais, não é mais feliz que o inferior -confunde as duas ideias muito diferentes de felicidade e contentamento. É indiscutível que um ser cujas capacidades de deleite são baixas tem maior probabilidade de tê-las inteiramente satisfeitas, e que um ser altamente dotado sentirá sempre que qualquer felicidade que pode esperar, tal como o mundo é constituído, é imperfeita. Mas pode aprender a suportar as suas imperfeições, se de todo forem suportáveis, e elas não o farão invejar o ser que na verdade não tem consciência das imperfeições, mas só porque não sente de maneira nenhuma o bem que essas imperfeições qualificam. É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito. E se o idiota ou o porco têm uma opinião diferente é porque só conhecem o seu próprio lado da questão. A outra parte da comparação conhece ambos os lados.



De dois prazeres, se houver um ao qual todos ou quase todos aqueles que tiveram a experiência de ambos derem uma preferência decidida, independentemente de sentirem qualquer obrigação moral para o preferir, então será esse o prazer mais desejável. Se um dos dois for colocado, por aqueles que estão competentemente familiarizados com ambos, tão acima do outro que eles o preferem mesmo sabendo que é acompanhado de um maior descontentamento, e se não abdicarem dele por qualquer quantidade do outro prazer acessível à sua natureza, então teremos razão para atribuir ao deleite preferido uma superioridade em qualidade que ultrapassa de tal modo a quantidade que esta se torna, por comparação, pouco importante.




Ora, é um facto inquestionável que aqueles que estão igualmente familiarizados com ambos, e que são igualmente capazes de os apreciar e de se deleitar com eles, dão uma preferência muitíssimo marcada ao modo de existência que emprega as suas faculdades superiores. Poucas criaturas humanas consentiriam ser transformadas em qualquer dos animais inferiores perante a promessa da plena fruição dos prazeres de uma besta, nenhum ser humano inteligente consentiria tornar-se tolo, nenhuma pessoa instruída se tornaria ignorante, nenhuma pessoa de sentimento e consciência se tornaria egoísta e vil, mesmo que a persuadissem de que o tolo, o asno e o velhaco estão mais satisfeitos com a sua sorte do que ela com a sua. (...) Um ser com faculdades superiores precisa de mais para ser feliz, provavelmente é capaz de um sofrimento mais agudo e certamente é-lhe vulnerável em mais aspetos. Mas, apesar destas desvantagens, não pode nunca desejar realmente afundar-se naquilo que se lhe afigura como um nível de existência inferior. (...) Quem supõe que esta preferência implica um sacrifício da felicidade - que, em igualdade de circunstâncias, o ser superior não é mais feliz que o ser inferior - confunde as ideias muito diferentes de felicidade e de contentamento. É indiscutível que um ser cujas capacidades de deleite sejam baixas tem uma probabilidade maior de as satisfazer completamente, e que um ser amplamente dotado sentirá sempre que, da forma como o mundo é constituído, qualquer felicidade que possa procurar é imperfeita. Mas pode aprender a suportar as suas imperfeições, se de todo forem suportáveis, e estas não o farão invejar o ser que, na verdade, está inconsciente das imperfeições, mas apenas porque não sente de modo nenhum o bem que essa imperfeições qualificam. É melhor um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; é melhor Sócrates insatisfeito do que um tolo satisfeito. E se o tolo ou o porco têm uma opinião diferente é porque só conhecem o seu próprio lado da questão. A outra parte da comparação conhece ambos os lados.


John Stuart Mill, Utilitarismo, Porto Editora, Porto, 2005