terça-feira, 31 de outubro de 2023

Matriz do 1º Teste Sumativo de Filosofia /Ano Letivo 2023/2024

 



Estrutura e cotações:

O teste divide-se em duas partes, cada uma com cotação de 0 a 200 pontos.

A primeira parte destina-se a avaliar a competência de Conceptualização.

A segunda parte destina-se a avaliar as competências de Problematização e Argumentação.


Primeira Parte – Conceptualização

• 10 questões de escolha múltipla (10x15 pontos=150 pontos)

• 2 questões de definição de conceitos (2x25 pontos=50 pontos)

Segunda Parte – Problematização e Argumentação

Grupo I

• 2 questões (30+70 pontos=100 pontos)

Grupo II

• 3 questões (20+40+40 pontos=100 pontos)


Conteúdos/ Competências

1. O que é a Filosofia?

• Caracterização da Filosofia enquanto área do saber;

• Caracterização dos problemas, das teses e das questões filosóficas;

• Identificação das diferentes áreas de investigação da Filosofia.

. História da Filosofia: Esclarecimento da principal preocupação dos primeiros filósofos (os filósofos pré-socráticos); 

2. O que é argumentar?

• Análise lógica de textos filosóficos (identificação de teses, premissas, conceitos,

problemas);

• Identificação de premissas omitidas;

• Distinção entre proposições categóricas e condicionais;

. Classificação das proposições categóricas;

• Negação de proposições categóricas;

• Definição de verdade, validade e solidez;

• Distinção entre argumento dedutivo e não dedutivo.

3. Lógica Proposicional

• Identificação de proposições simples e proposições complexas;

• Identificação das diferentes conectivas; negação, conjunção, disjunção inclusiva e exclusiva, condicional e bicondicional;

• Formalização de proposições e argumentos;

• Tradução de proposições em linguagem natural;

• Aplicação das condições de verdade das conectivas;

• Reconhecimento do âmbito das conectivas;

• Construção de tabelas de verdade para proposições complexas;

• Identificação de tautologias, contradições e contingências.

Texto para resumo para Maria Camilo 10C


O valor de verdade de uma proposição complexa gerada por intermédio de um operador verofuncional depende do valor de verdade da proposição ou das proposições que a compõem e do operador usado. Por exemplo, a proposição complexa expressa pela frase “Lisboa é uma cidade e Beja é uma vila”, que resulta da ligação das proposições simples “Lisboa é uma cidade” e “Beja é uma vila” por intermédio do operador conjunção, só seria verdadeira caso estas proposições fossem ambas verdadeiras. Como não é esse o caso, a proposição é falsa. Mas a proposição expressa pela frase “Lisboa é uma cidade ou Beja é uma vila”, que resulta da ligação das mesmas proposições por intermédio do conector disjunção inclusiva, é verdadeira, uma vez que neste caso basta que uma dessas proposições seja verdadeira para que a proposição resultante também o seja. Repare-se que apenas o conector mudou. Onde antes se encontrava uma conjunção a fazer a ligação entre as proposições passou a estar uma disjunção inclusiva. Isso, no entanto, foi suficiente para que o valor de verdade da proposição mudasse. (…) Tanto a conjunção como a disjunção têm a propriedade comutativa, isto é, pode-se mudar a ordem das fórmulas — por exemplo, em vez de P Q escrever Q P — sem que isso altere o valor de verdade da proposição. Não acontece o mesmo na condicional e, por essa razão, as fórmulas à esquerda e à direita do símbolo que representa o operador têm designações diferentes, respetivamente antecedente e consequente. Assim, uma proposição complexa resultante da ligação de duas fórmulas através do conector condicional só é falsa no caso em que o antecedente seja verdadeiro e o consequente falso.

As proposições condicionais podem ser expressas de maneiras muito diferentes em linguagem natural, frequentemente invertendo a posição do antecedente e do consequente, razão pela qual é importante determinar corretamente que proposições constituem um e outro, uma vez que a sua troca pode levar a que uma proposição condicional verdadeira seja considerada falsa e vice-versa. Por exemplo, a posição expressa pela frase “Se Deus existe, então a vida faz sentido”, cuja formalização, usando como dicionário P = Deus existe e Q = A vida faz sentido, é P → Q, pode ser expressa em linguagem natural como “Para que a vida faça sentido, basta que Deus exista”, invertendo a ordem do antecedente e do consequente. Se se não tivesse isso em atenção e se se fizesse a formalização pela ordem em que as proposições simples ocorrem na frase, a sua formalização seria Q → P, o que não corresponde à proposição que a frase de facto expressa. Se, além disso, por hipótese P for verdadeira e Q falsa, a proposição “Se Deus existe, então a vida faz sentido” é falsa, mas, ao inverter incorretamente a ordem do antecedente e do consequente (de P → Q para Q → P), a leitura da tabela de verdade da condicional levará a concluir erradamente que é verdadeira.

Álvaro Nunes, Lógica proposicional


segunda-feira, 23 de outubro de 2023

 Texto para Resumo - Maria Eduarda 10ºC

"Para que serve a lógica?"

"De notar que em lógica e filosofia a palavra “válido” é entendida num sentido especializado. Quase todos os cientistas e leigos usam esta palavra de maneira diferente. É um pouco como velocidade e aceleração, na física, ou massa e peso. A maior parte das pessoas, à exceção dos físicos, usam os dois pares de palavras como se quisessem dizer aproximadamente o mesmo. No seu sentido especializado, contudo, aqueles dois pares de palavras não querem dizer o mesmo — e a física nem sequer dá os primeiros passos a menos que distingamos cuidadosamente a velocidade da aceleração e a massa do peso. O mesmo acontece com o conceito de validade. No seu sentido especializado, em lógica e filosofia, a validade é uma característica do raciocínio dedutivo, e não é o mesmo que a verdade. Num dado raciocínio, as suas afirmações são verdadeiras ou falsas, mas não são válidas nem inválidas, porque a validade diz respeito ao raciocínio constituído por essas afirmações. Por outro lado, o próprio raciocínio não é verdadeiro nem falso, mas antes válido ou inválido, porque a verdade e a falsidade são características de afirmações, e não de raciocínios. É um pouco como ser numeroso. Os indianos são numerosos, porque há muitos, mas nenhum indiano individual é numeroso, porque essa é uma característica do conjunto dos indianos, e não dos indianos individuais. Simetricamente, o conjunto dos indianos não tem cérebro, que é uma coisa que todos os indianos certamente têm. Só porque todos os membros de um conjunto têm uma dada característica, isso não significa que o conjunto tenha também essa característica, nem vice-versa. De modo que quando as pessoas falam de raciocínios verdadeiros ou de afirmações válidas, isso significa que nada praticamente sabem de lógica. São como crianças perdidas na floresta, e nem têm disso consciência.

 A validade, pois, é o que temos num raciocínio quando as suas afirmações estão organizadas de tal maneira que não há condições de verdade nas quais a conclusão seja falsa, caso todas as premissas sejam verdadeiras. É esta característica do raciocínio dedutivo que nos permite descobrir o que não sabíamos, com base no que já sabemos. Assim, se uma pessoa souber que Úrsula não nasceu no Chile, e se souber também que se ela nasceu em Tiradentes, nasceu no Chile, essa pessoa, caso saiba raciocinar bem, consegue descobrir algo de novo acerca de Úrsula: que não nasceu em Tiradentes."


Murcho, Desidério. 2022. “Para que serve a lógica?” [em] Crítica na Rede: https://criticanarede.com/tes_conhecimentologica.html

domingo, 22 de outubro de 2023

Texto para análise/resumo Leonor 10ºC

 
 
A máquina de salsichas da razão

Aquilo que é maravilhoso num argumento sólido é o seu poder de preservar a verdade. Tomemos, por exemplo, o argumento seguinte:
   1. Francisco é um homem.    2. Todos os homens vivem na terra.    Conclusão: Francisco vive na terra.

Este argumento forma-se de duas afirmações, ou premissas, e de uma conclusão. Num argumento dedutivo, como este, as premissas implicam supostamente a conclusão. O argumento, se válido, fornece-nos uma garantia lógica: se as premissas são verdadeiras, a conclusão também o é. Neste caso, o argumento é válido. As premissas implicam realmente a conclusão.
É claro que se introduzirmos num argumento dedutivamente válido uma ou mais falsidades, não há qualquer garantia quanto ao que obteremos. A conclusão pode, ainda assim, ser verdadeira. Mas pode ser falsa. (Suponhamos, por exemplo, que a primeira premissa do nosso argumento é falsa: o Francisco não é um homem – é um extra-terrestre que vive no planeta Plutão; então a nossa conclusão é falsa.)
Portanto, um argumento dedutivo válido preserva a verdade. Se introduzirmos premissas verdadeiras, temos a garantia lógica de que sai uma conclusão verdadeira. Se estivermos interessados em ter convicções que sejam realmente verdadeiras, trata-se de um belo resultado.
Para aqueles que gostam de analogias, podemos dizer que as formas válidas de argumentos dedutivos funcionam um pouco como as máquinas de salsichas. A única diferença é que em vez de introduzirmos carne de salsicha e de saírem do outro lado salsichas, é-nos dada a garantia de que se introduzirmos premissas verdadeiras, sairão conclusões verdadeiras.



A máquina de salsichas indutiva

A argumentação dedutiva não é a única forma de argumentação sólida. Há também os raciocínios indutivos. Eis um exemplo de um argumento indutivo:


 
 1. A maçã um tem sementes.
2.          2. A maçã dois tem sementes.       3. A maçã três tem sementes.
    [...]   1000. A maçã mil tem sementes.   Conclusão: Todas as maçãs têm sementes.

Este argumento tem mil premissas (embora eu não me tenha dado ao trabalho de listar mais do que quatro). Num argumento indutivo, as premissas apoiam supostamente a conclusão. Aqui, a palavra-chave é apoiam. É claro que estes argumentos não são (e não pretendem ser) dedutivamente válidos. As premissas não implicam dedutivamente a conclusão. Não há garantia lógica de que a maçã seguinte não terá sementes, apesar das muitas maçãs que examinámos até agora. Apesar disso, supomos que o facto de todas as maçãs que examinámos até agora terem sementes torna extremamente razoável que concluamos que todas têm. As premissas, supomos, tornam a verdade da conclusão bastante provável. Se isto é correcto, os argumentos indutivos sólidos também têm a qualidade de preservar a verdade à maneira da máquina das salsichas. Introduzam-se premissas verdadeiras num argumento indutivo sólido e sai provavelmente uma conclusão verdadeira do outro lado.
Uma vez mais, se é a verdade que buscamos, trata-se de um belo resultado.

Stephen Law, The War for Children’s Minds (Londres & Nova Iorque, 2006). Trad. Carlos Marques.

sábado, 14 de outubro de 2023

Sobre o discurso filosófico e a análise lógica do discurso



O DISCURSO FILOSÓFICO - DIAPOSITIVO 1 - AULA DE FILOSOFIA- SETEMBRO 2023

A ESTRUTURA LÓGICA DO DISCURSO -DIAPOSITIVO 2 - AULA DE FILOSOFIA - OUTUBRO 2023 

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ANÁLISE LÓGICA DO TEXTO FILOSÓFICOI 1 – Correção do exercício feito pelos alunos em aula:

 

Problema 1: Como compreendemos uma idade ou nação?

      TESE (CONCLUSÃO) 1 Para compreender uma idade ou uma nação temos de compreender-lhe a filosofia, e para isso temos de ser em qualquer grau filósofos.

      CORPO ARGUMENTATIVO – PREMISSAS 1- Há aqui uma causalidade recíproca. As circunstâncias da vida do homem concorrem muito para determinar a sua filosofia e, reciprocamente, a sua filosofia determina em muito as suas circunstâncias. Esta interação multisecular é o tópico das páginas seguintes (da história da filosofia).

       PROBLEMA2: Qual o dom que a filosofia do nosso tempo nos dá?

      Há, no entanto, uma resposta mais pessoal. A ciência diz-nos o que sabemos, e é pouco; e se esquecemos quanto ignoramos ficaremos insensíveis a muitos factos da maior importância. Por outro lado, a teologia induz a crer dogmaticamente que temos conhecimento onde realmente só temos ignorância, e assim produz uma espécie de impertinente arrogância em relação ao Universo. A incerteza perante esperanças vivas e receios é dolorosa, mas tem de suportar-se se quisermos viver sem o conforto dos contos de fadas. Nem é bom esquecer as questões postas pela filosofia, nem persuadirmo-nos de que lhes achámos resposta indubitável. Ensinar a viver sem certeza sem ser paralisado pela hesitação é talvez o mais importante dom que a filosofia do nosso tempo dá, a quem a estuda. TESE 2 (CONCLUSÃO)

      Bertrand Russell, História da filosofia ocidental

       

      PROBLEMAS: PRETO

      TESES (CONCLUSÕES DO ARGUMENTO) A VERMELHO

      CORPO ARGUMENTATIVO (PREMISSAS) A VERDE

      CONCEITOS (TERMOS) A AZUL