Fotograma do filme "Crash" (1994)
A ideia de multiculturalismo no discurso político
contemporâneo e na filosofia política reflete um debate sobre como compreender
e responder aos desafios associados à diversidade cultural com base nas
diferenças étnicas, nacionais e religiosas. O termo “multicultural” é frequentemente
usado como um termo descritivo para caracterizar o fato de haver diversidade numa
sociedade, mas no que se segue, o foco é no multiculturalismo como um ideal
normativo no contexto das sociedades democráticas liberais ocidentais. Embora o
termo tenha abrangido uma variedade de reivindicações e objetivos normativos, é
justo dizer que os proponentes do multiculturalismo encontram um terreno comum
ao rejeitar o ideal do "caldeirão" em que se espera que membros de
grupos minoritários sejam assimilados pela cultura dominante. Em vez disso, os proponentes
do multiculturalismo defendem um ideal
em que os membros de grupos minoritários podem manter as suas identidades e
práticas coletivas distintas. No caso dos imigrantes, os proponentes do multiculturalismo
tentam mostrar que o multiculturalismo é
compatível, e não oposto, à integração dos imigrantes na sociedade; as
políticas de multiculturalismo proporcionam condições de integração mais justas
para os imigrantes. Os Estados modernos são organizados em torno da língua e da
cultura dos grupos dominantes que os constituíram historicamente. Como
resultado, os membros de grupos culturais minoritários enfrentam barreiras nas suas
práticas sociais de uma forma que os membros de grupos dominantes não
enfrentam. Alguns teóricos defendem a tolerância de grupos minoritários,
deixando-os livres da interferência do Estado. Outros argumentam que a mera
tolerância das diferenças de grupo deixa de tratar os membros de grupos
minoritários como iguais; o que é necessário é o reconhecimento e a acomodação
positiva das práticas dos grupos minoritários por meio de “direitos
diferenciados de grupo”. Alguns direitos diferenciados por grupo são detidos
por membros individuais de grupos minoritários, como no caso de indivíduos que
recebem isenções das leis geralmente aplicáveis em virtude de suas crenças
religiosas ou indivíduos que buscam acomodações linguísticas na educação e no
voto. Outros direitos diferenciados por grupo são detidos pelo grupo enquanto
grupo, e não pelos seus membros individualmente; tais direitos são apropriadamente
chamados de “direitos de grupo”, como no caso de grupos indígenas e nações
minoritárias, que reivindicam o direito de autodeterminação. Neste último aspeto,
o multiculturalismo está intimamente ligado ao nacionalismo.
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