terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Texto para resumo Gui 10A
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Resumo de texto Beatriz Soares 10E e Gabriel Duarte 10A
Paulo Gonçalves, um dos portugueses que participou no rali Dakar 2016, esteve em grande destaque na sétima etapa, depois de ter parado mais de dez minutos para ajudar Matthias Walkner — um piloto rival — que sofrera um acidente e partiu o fémur. Esta ação poderia ter custado a Paulo Gonçalves a liderança da classificação geral, mas ele não hesitou em parar para ajudar. Mais tarde, escreveria no Facebook:
Fiz aquilo que me competia. […] Não sou um herói, sou um ser humano com respeito pelos outros. A nossa vida vale mais que qualquer vitória, sem ela não vencemos.
O Público, onde li a notícia, refere que Paulo Gonçalves “protagonizou a boa ação do dia na sétima etapa do rali” (Pimentel, 2016).
As nossas ações podem ter várias características. Quando encaradas sob o aspeto pelo qual podem chamar-se boas ou más, têm um valor moral. Ao lermos as declarações de Paulo Gonçalves e a notícia do Público, formamos a crença de que é uma pessoa de valores, ou com valores, querendo com isto dizer que segue bons valores: foi solidário, bondoso e respeitoso com o seu rival. (...)
Mas o que são os valores? Qual é a sua natureza? As coisas têm valor porque as valorizamos, ou valorizamo-las porque têm valor? A axiologia, também chamada filosofia dos valores ou teoria dos valores, procura responder a estas perguntas. A axiologia estuda a natureza dos valores em geral, o significado e as características das afirmações que referem valores (os juízos de valor), analisa a possibilidade de esses juízos serem verdadeiros ou falsos e as condições em que o poderão ser
Os
filósofos discordam em relação ao que sejam os valores (como, de resto, em
relação a quase tudo). Uns pensam que os valores são ideias que existem apenas
na mente de quem neles pensa, outros pensam que os valores são realidades
abstratas com alguma independência dos sujeitos. Uma definição neutra e
consensual dos valores apresenta-no-los como “aquilo que nos leva a ter
preferência e interesse por algumas coisas, pessoas, ações, situações, etc., e
não por outras, e, por isso, a avaliá-las positiva ou negativamente” . Entendidos deste modo, os valores são critérios de
ação, orientam as nossas decisões, dão-nos uma linha de rumo:
Permitem avaliar pessoas e situações, e ajudam-nos a classificar as coisas como boas ou más, desejáveis ou indesejáveis, benéficas ou prejudiciais.
Os valores são diversos. Vão desde
as ações cotadas na bolsa — que têm um valor económico — aos mais elevados
valores morais, desde o copo de água, capaz de matar a sede, até ao que
pensamos que nos ajuda a aproximar-nos de Deus — como a fé. Dada a grande
diversidade de valores, é costume agrupá-los em áreas ou domínios. Entre os
mais estudados em filosofia, temos os valores éticos, os estéticos e os
religiosos. Valores como a bondade, a solidariedade, o respeito, a honestidade,
a lealdade, a justiça e a liberdade são valores éticos. Valores como a beleza,
a graciosidade, a harmonia e a elegância são valores estéticos. Valores como a
fé, o sagrado e a pureza são valores religiosos.
António Padrão
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
sábado, 15 de fevereiro de 2025
Texto para resumo Ana Rita 10E
Terá o mundo contemporâneo, valores?
«No passado, os Homens tinham certezas religiosas e morais. Toda a vida individual e social estava organizada em redor dessas crenças sagradas. Os seus símbolos de pedra, os monumentos religiosos, sobreviveram aos milénios. Tal como as estátuas dos deuses, os livros de inspiração divina. A grande mudança teve lugar com a Revolução Industrial. Então, a pouco e pouco, a banca, a bolsa, o arranha-céus de escritórios substituíram a catedral. Paralelamente à crise do sacro, difunde-se a recusa do conceito de pecado e, eventualmente, do conceito de culpa. As grandes revoluções contemporâneas, a libertação sexual, o feminismo, fizeram desaparecer muitas crenças e muitas normas consideradas imutáveis.
Já não existem tábuas da lei absolutas e imutáveis e muitos pensam, depois de Nietzsche, que os conceitos de bem e de mal se estão a desvanecer, tal como a ideia de demónio e da tentação.
Muitos pensadores laicos constatam que o pensamento progressista
triunfa hoje, mas como que despojado de valores. Ensina a não ser
fanático, a ser tolerante, racional, mas ao fazê-lo, aceita um pouco de
tudo, o consumismo, a superficialidade da moda, o vazio da televisão.
Não consegue, sobretudo, fazer despertar nos indivíduos uma chama que vá
para além do
mero bem-estar, um ideal que supere o horizonte de
uma melhor distribuição dos rendimentos. Não cria metas, não suscita
crenças. Não sabe fornecer critérios do bem e do mal, do justo e do
injusto. Desta forma, tudo se reduz à opinião e à conveniência pessoais.
Isto é o que os filósofos, os sociólogos e os observadores críticos continuam a dizer do nosso mundo.
E não restam dúvidas de que, em boa medida, as suas observações têm fundamento. Mas, em nosso entender, não tomam em consideração os valores positivos do mundo moderno, a sua moralidade específica.
Partamos da observação de alguns factos. A nossa sociedade tem
muitos valores reconhecidos, partilhados, não discutidos. Considera
negativamente a violência em todas as suas formas. A nossa sociedade
eliminou as formas mais brutais de abuso. Eliminou o duelo, as vinganças
privadas. Hoje, a pouco e pouco, está a eliminar os focos de guerra.
Combateu a doença e as dores físicas e mentais. Defendeu as crianças, os
velhos, os doentes, protegendo-os com uma rede de direitos. Combate os
preconceitos raciais, as discriminações étnicas. É certo que estas
coisas ainda existem, mas são condenadas e combatidas como nunca o foram
no passado. A nossa sociedade favoreceu a ciência, o conhecimento
objetivo, difundiu a instrução, procurou estabelecer a equidade social,
nivelando as diferenças mais agudas. Tornou-
-nos mais compreensivos
das necessidades dos outros, mais civilizados, mais amáveis. Fez com
que nos tornássemos mais conscientes em relação à natureza, à vida
animal, ao nosso próprio planeta. Também não é verdade que não sintamos o
dever. Sentimos como drama e dever a pobreza do Terceiro Mundo. Sabemos
que é nosso dever acabar com a miséria, com a fome, com os desgastes
provocados pelas doenças. Sabemos que é nosso dever dirigir o progresso
técnico para um equilíbrio ecológico que garanta a vida às gerações
futuras.
Não nos sentimos, de facto, para além do bem e do mal. Talvez sejamos hipócritas, mas damo-nos conta de que os desastres sociais e naturais são o produto do nosso egoísmo individual e coletivo.»
Francesco Alberoni e Salvatore Veca, O altruísmo e a moral. Lisboa: Bertrand, 1998.


