terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Resumo de texto António 10I


  1. O princípio do determinismo — que tudo o que acontece tem uma causa;
  2. O princípio de que se uma ação é determinada, então não é livre (a pessoa não poderia realmente ter escolhido não a fazer); 
  3. O princípio de que a pessoa é moralmente responsável apenas por ações livres.

Argumentos a favor do determinismo radical:

Os deterministas radicais tendem a acreditar que as afirmações necessárias para apoiar a sua posição são óbvias. Parece-lhes óbvio que as ações determinadas, digamos, pela hereditariedade e pelo ambiente não podem ser ações livremente escolhidas; e igualmente óbvio que as pessoas são apenas responsáveis pelas ações que escolheram livremente. Por isso, os deterministas radicais concentraram o seu fogo no primeiro princípio — que o determinismo é verdadeiro. Os seus argumentos são muito fortes. Em primeiro lugar, as provas a favor do determinismo em geral baseadas na vida diária parecem extraordinariamente fortes. Quando pomos açúcar no café, esperamos que o café fique doce e ficaríamos muito surpreendidos se não o ficasse. Quando passeamos, o solo suporta-nos sempre — não nos enterramos lentamente na terra. Do mesmo modo, a gravidade nunca falha — nunca flutuamos suavemente até às estrelas. Quando os astronautas vão para o espaço, milhares de peças de equipamento têm de trabalhar de forma exatamente correta milhões de vezes — “exatamente correta” significa exatamente como foi previsto pelas teorias científicas acerca das leis da natureza que explicam como as coisas estão determinadas para acontecer. A verdade é que não podemos fazer um movimento sem confiar em pelo menos algo que funcione como funcionou no passado. Assim, cada experiência que temos parece apoiar a tese geral de que tudo o que acontece neste universo é causado ou determinado pelo que aconteceu no passado. Mas a questão principal entre os deterministas radicais e os seus opositores não é a propósito do determinismo ou da causalidade em geral. A questão diz respeito apenas a um conjunto limitado de acontecimentos ou circunstâncias no universo, a saber, a escolhas e ações humanas, em particular, a escolhas e ações morais. São as nossas ações livres (não-determinadas)? São as nossas escolhas livres? Há “espaço” suficiente nas leis que governam o universo para que estas coisas possam acontecer? Os deterministas dizem que não, e as provas parecem estar fortemente a seu favor. Em primeiro lugar, na vida diária fazemos constantemente previsões acerca do que as pessoas irão fazer. Como é óbvio, não podemos fazer previsões com 100 % de precisão, mas as pessoas perspicazes, de algum modo, fazem-nas razoavelmente bem. Classificam as pessoas em pessoas em quem se pode confiaregoístassem escrúpulossociáveisagressivashostis, e tudo o mais, com um sucesso moderado que é difícil explicar se as nossas ações e as nossas escolhas não forem determinadas. Além do mais, sabemos pela vida diária quão facilmente podemos alterar os nossos estados e capacidades mentais tomando drogas. É essa a razão do amplo uso do álcool, da marijuana, da cafeína, da nicotina, da aspirina, do Valium, e de outros modificadores da mente — alteramos as nossas perceções, libertamos as nossas inibições ou livramo-nos da dor. No caso do álcool, com frequência enfraquecemos a vontade moral ou abalamos, por exemplo, a resolução de nos abstermos de relações sexuais imorais.

Howard Kahane, Thinking About Basic Beliefs (Wadsworth, Belmont, 1983), pp. 44-48.

 

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