sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Resumo Jadzia 10B

 


"Um rio serpenteia por vales íngremes e verdejantes e por desfiladeiros rochosos em direção ao mar. A Comissão Hidroeléctrica nacional encara a água que corre livremente como energia desperdiçada. A construção de uma barragem num dos desfiladeiros proporcionaria três anos de emprego a mil pessoas e emprego permanente a vinte ou trinta pessoas. A barragem acumularia água suficiente para assegurar que, economicamente, o país seria capaz de satisfazer as suas necessidades energéticas durante a década seguinte. Isso encorajaria o estabelecimento, no país, de indústrias que fazem um uso intensivo de energia, o que contribuiria ainda mais para o crescimento económico e para a criação de empregos.


O terreno acidentado do vale do rio só é acessível aos que estão em boa forma, mas ainda assim este é um local predilecto para quem gosta de passear no bosque. O próprio rio atrai os praticantes de desportos náuticos mais ousados. No coração dos vales abrigados, encontram-se manchas de uma espécie rara de pinheiro, constituídas por árvores com milhares de anos de idade. Os vales e os desfiladeiros são habitados por muitas aves e animais, incluindo uma espécie rara de rato-marsupial que só existe noutra região da Austrália. Podem também existir outras plantas e animais raros, mas isso ninguém sabe, já que os cientistas têm ainda que investigar a região exaustivamente.


Será que se deve construir a barragem?"

Peter Singer, Escritos sobre uma vida ética, 
D. Quixote, 2008, Lisboa, pp.103.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Resumo de texto Dário 10B

 


Quadro de  Pissaro

A teoria que estou a defender é uma forma daquela que é conhecida por doutrina da "subjetividade" dos valores. Esta doutrina consiste em sustentar que, se dois homens discordam quanto a valores, há uma diferença de gosto, mas não um desacordo quanto a qualquer género de verdade. Quando um homem diz "As ostras são boas" e outro diz "Eu acho que são más" , reconhecemos que nada há para discutir. A teoria em questão sustenta que todas as divergências de valores são deste género, embora pensemos naturalmente que não o são quando estamos a lidar com questões que nos parecem mais importantes que as das ostras. A razão principal para adotar esta perspetiva é a completa impossibilidade de encontrar quaisquer argumentos que provem que isto ou aquilo tem valor intrínseco. Se estivéssemos de acordo a este respeito, poderíamos defender que conhecemos os valores por intuição. Não podemos provar a um daltónico que a relva é verde e não vermelha, mas há várias maneiras de lhe provar que ele não tem um poder de discriminação que a maior parte dos homens tem. No entanto, no caso dos valores não há qualquer maneira de fazer isso, e aí os desacordos são muito mais frequentes que no caso das cores. Como não se pode sequer imaginar uma maneira de resolver uma divergência a respeito de valores, temos de chegar à conclusão de que a divergência é apenas de gostos e não se dá ao nível de qualquer verdade objetiva.

 

Bertrand Russell, Ciência e Ética, 1935. Tradução de Paula Mateus