segunda-feira, 21 de maio de 2018

Correção do teste 10D


Correção 10D

1. A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes. Explicação de como se poderia usar a fórmula do imperativo categórico apresentada para condenar a mentira: – de acordo com a fórmula apresentada, é errado agir de tal modo que alguém seja usado como um mero meio; – quando mentimos a alguém, estamos a condicionar as decisões dessa pessoa de acordo com os nossos interesses; – ao condicionar uma pessoa de acordo com os nossos interesses, estamos a instrumentalizá-la (OU a tratá-la como um mero meio).

Segundo o texto mentir nunca é moralmente permissível, seja qual for a posição, a situação ou a necessidade de alguém, nunca é correto mentir, nem pode haver justificação para o fazer. Pois se ação moral deve cumprir o imperativo categórico, deve ser o único motivo o respeito para com a lei moral cuja fórmula eleva o homem a ser um legislador, isto é, a poder fazer da regra pela qual se segue, uma lei universal. Neste sentido a regra “Deves mentir” nunca poderia ser uma lei universal, não podendo ser válida para todos, não pode ter apenas valor para alguns, pois isso significava a destruição das leis morais que por serem leis são válidas para todos os sujeitos racionais em todas as situações. Por outro lado se houvesse uma lei cuja máxima fosse “Deves mentir” essa máxima ao ter a pretensão de ser verdadeira estaria a ir contra si própria, logo auto destruir-se-ia.

 

2. O imperativo categórico é uma ordem a que todos os sujeitos racionais estão obrigados a obedecer, seja qual for a situação em que se encontrem, é válida em todas as situações. Expressa-se como um dever moral e a sua forma é a seguinte: “age de tal modo que queiras que a máxima da tua ação possa ser constituída como lei universal para todos.” È incondicionada pois não depende das situações.

Quanto ao imperativo hipotético é uma ordem que é válida apenas em algumas situações, corresponde aos deveres não morais. Esta ordem acaba quando acaba o dever que o sujeito tem de cumprir. Exemplo de um imperativo categórico é: “Não mentir”. Um exemplo de imperativo hipotético: “Deves estudar para passar no exame” Este dever não é incondicionado pois tem um objetivo, está sujeito a uma condição, não apenas o dever pelo dever mas é um meio para o cumprimento de uma certa condição que se não existir também acaba o dever que temos, isto é, se não quisermos que confiem em nós e nas nossas promessas, então justifica-se mentir.

Identificação do imperativo: – imperativo hipotético. Justificação da resposta: – de acordo com o imperativo apresentado, o dever de não mentir é respeitado na condição de querermos que acreditem em nós quando dizemos a verdade; – de acordo com o imperativo apresentado, o dever de não mentir é condicional e, assim, o imperativo que o ordena é hipotético; – para ser categórico, um imperativo tem de ordenar incondicionalmente um dever (por exemplo, ordenando do seguinte modo: «não mintas porque não deves mentir»); – nesse caso, o dever de não mentir teria de ser respeitado em qualquer circunstância, e não apenas na circunstância de querermos que acreditem em nós quando dizemos a verdade.

 

3. A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros equivalentes. Apresentação da solução que um defensor da ética de Mill adotaria: – os automóveis autónomos devem ser programados para, em caso de acidente iminente, darem prioridade à minimização do número total de vítimas. Justificação da solução apresentada: – o princípio ético defendido por Mill é o princípio da maior felicidade; – de acordo com o princípio da maior felicidade, temos o dever de promover imparcialmente a felicidade geral; – no caso em questão, promover imparcialmente a felicidade geral implica optar pela solução que minimiza o número total de vítimas, atribuindo igual importância aos passageiros do automóvel autónomo e a todas as outras pessoas envolvidas no acidente.

 

O princípio da "Máxima felicidade" consiste na avaliação moral das ações segundo a felicidade que provocam, não no agente, mas no maior número de pessoas afetadas pela ação. Por felicidade entende-se menorizar o sofrimento e a dor e aumentar o prazer. Assim segundo este princípio é moralmente correta uma ação cujas consequências produzem o maior bem no maior número de pessoas. O prazer que se procura alcançar não é espiritual e sensual, sendo o prazer espiritual superior ao sensual. Não importa para avaliar a moralidade da ação o motivo mas a consequência e a imparcialidade na escolha do maior bem, daí que a moral utilitarista defenda um modelo de altruísmo e de hedonismo moderado como razões fundamentais para agirmos moralmente. 

Se o critério da moralidade é a felicidade para o maior número, então a ação tem de ser guiada pelos princípios da imparcialidade e do altruísmo. Imparcialidade do juízo significa julgar casos semelhantes do mesmo modo. Implica também a neutralidade do sujeito nos juízos, não se deixando influenciar pelas suas inclinações ou estados de espírito. O princípio do altruísmo significa que a felicidade que se quer alcançar não é apenas a do agente, mas a felicidade geral, ultrapassando e contrariando assim o egoísmo primário presente em todos os sujeitos. Daí que entre minimizar os danos sofridos sobre muitos ou maximizar a felicidade de poucos, a alternativa utilitarista seria a primeira.

 

4. Não. Há diferentes valores morais entre culturas historicamente diferentes. A moral é condicionada pela cultura mas nem todos os princípios morais dependem da cultura. Culturas como os Calatinos ou os Gregos, ou os Innui, conduzem os seus costumes por princípios que são semelhantes como: "honrar os mortos", "proteger as crianças", "honrar pai e mãe". A forma de demonstrar esta sua moral é, contudo, diferente, uns queimam, outros comem os seus mortos - por exemplo - . Poderemos então pôr em causa o relativismo moral que defende que cada cultura tem os seus princípios morais, podemos compreender que alguns destes princípios são comuns a todas as culturas, mas há é um conhecimento dos factos diferente.

Não mentir e não matar são normas morais para todas as culturas, pois sem essas normas a sociedade não podia evoluir pois não tinha segurança nem confiança no outro. A moral existe para podermos viver com os outros e para isso temos de os respeitar como queremos ser respeitados. Se não houvesse o dever de não mentir, se mentir fosse permitido moralmente, então nenhum contrato ou transação era possível entre dois homens. Não podia estabelecer-se a confiança que permite a entreajuda necessária à sobrevivência. A moral expressa a nossa necessidade de nos ajudarmos para podermos sobreviver e evoluir enquanto comunidade; essas normas expressam os valores morais comuns a todas as sociedades, embora haja diferentes conhecimentos dos factos, da geografia e da história que os cumprem com diferentes práticas culturais.

 

Grupo 3

1. Comparação das perspetivas de Kant e de Stuart Mill relativamente ao critério de avaliação das ações morais:

Para Kant, o unicamente bom é boa vontade, esta está presente no motivo e intenção do sujeito quando pratica certa ação. A ação moral é aquela que respeita o dever, sem pensar nas circunstâncias ou consequências que possa ter para a vida da sociedade ou do próprio sujeito. O que torna má ou boa uma ação é a intenção com que é praticada. A intenção é determinada pela vontade de obedecer à lei moral, independentemente de qualquer interesse ou sentimento.

Para Stuart Mill não há ações boas ou más em si mesmas, e a intenção com que são praticadas é irrelevante. As consequências são o único critério relevante para apreciar o valor moral das ações. Daí que toda a avaliação moral seja "a posteriori".

Para Kant o imperativo categórico é o princípio supremo da moralidade. Este determina que devemos agir somente de acordo com máximas universalizáveis

Para Stuart Mill a moralidade deve fundamentar-se no princípio de utilidade que afirma que são boas as ações que tendem a promover de forma estritamente imparcial a felicidade do maior número possível de indivíduos.

Comparação de Kant e de Stuart Mill relativamente ao princípio supremo da moralidade. Para Kant o imperativo categórico é o princípio supremo da moralidade. Este determina que devemos agir somente de acordo com máximas universalizáveis. Logo, o imperativo do dever diria “Não deves mentir”, e, dado que temos provas de que alguém é corrupto, devíamos cumprir o dever, entregando-o à justiça. Para Stuart Mill a moralidade deve fundamentar-se no princípio de utilidade;  são boas as ações que tendem a promover de forma estritamente imparcial a felicidade do maior número possível de indivíduos. Segundo a moral kantiana o rapaz deve dizer a verdade, porque deve obedecer à máxima moral que diz : "Não deves mentir". Mentir é, portanto, contra a lei moral, e essa lei não muda de acordo com as situações porque é universal e anterior a qualquer experiência. Essas são as condições da ação moral, por mais dolorosas que sejam as consequências, a autonomia da pessoa coloca-se na obediência à lei da razão e não aos seus interesses e sentimentos porque se assim fosse nada na sua ação poderia ser universalizável porque os interesses e os sentimentos variam de pessoa para pessoa.
Segundo a moral utilitarista o rapaz deveria calcular as hipóteses de sofrimento e prazer que as consequências da sua ação teriam para a comunidade. Se encobrir o presidente fosse necessário para proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas, teria de ponderar, entre o sofrimento causado pelo dinheiro roubado e as consequências futuras. A sua ação poderia mudar favoravelmente a condição de muitos e isso justificaria mentir.

 


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