segunda-feira, 26 de maio de 2008

Correção da Prova de 9 Maio 2008


Professora Helena Serrão

1. Análise lógica do texto de David Hume:Tema: Os padrões de gosto
Problema: Será possível um padrão de gosto?
Tese: Apesar da diversidade de gosto não poder ser anulada, é possível um padrão de gosto.
Argumento: Há certos princípios gerais de aprovação ou de censura, cuja influência um olhar cuidadoso pode verificar em todas as operações do espírito. Há determinadas formas que devido a uma certa estrutura original da constituição interna do espírito estão destinadas a agradar e outras a desagradar.
Condições para um padrão de gosto: só um espírito são pode apreciar algo esteticamente, se estiver doente o seu juízo não tem credibilidade.
Podemos também notar que além da enfermidade física que afecta o a nossa sensibilidade (do sujeito). A proximidade temporal da obra e do autor pode também tornar o juízo de gosto parcial, sujeito a modas e a sentimentos de inveja. Também há factores exteriores como o clima, governo, religião e linguagem que afectam o juízo de gosto daí que avaliar a obra de Homero à distância de 2000 anos e num qualquer lugar da Europa, permite-nos compreender que o juízo de gosto poderá aproximar-se de uma certa imparcialidade uma certa unanimidade. Conceitos: padrão de gosto, autoridade, estrutura do espírito, sentimentos agradáveis, desagradáveis.

2. Que teoria sobre os juízos de gosto defende o autor?
A posição do autor é subjectivista visto que considera que uma obra é bela quando suscita sentimentos de prazer e agrado no sujeito e não apenas por qualidades objectivas, todavia há uma estrutura geral no espírito humano, uma estrutura sensível que é comum a todos os homens sãos. Daí que há certas formas que causam agrado, na generalidade dos homens e outras não. Poderemos assim, encontrar um padrão de gosto que consistiria em captar aquelas qualidades que o sujeito que avalia as obras devia ter. Para que o seu juízo pudesse aproximar-se de um padrão de gosto ele tinha que ter certas qualidades, assim como manter-se afastado de factores exteriores (preconceitos culturais) e interiores como conhecimento do autor. Afastados os elementos que podem influenciar o juízo de gosto poderíamos estabelecer certos princípios gerais a propósito do sujeito, Hume fala da ideia de um crítico excelente. As qualidades do crítico excelente seriam: delicadeza de gosto, prática de fazer juízos, larga experiência de vida, distanciação em relação a modas e preconceitos, bom senso e disposição certa.

3. Caracterize a experiência estética.
A experiência estética caracteriza-se por uma sensação de agrado ou desagrado em relação a um determinado objecto, sensação essa subjectiva. Implica uma atitude desinteressada em relação ao objecto, isto é, não tem com ele uma relação de utilidade, necessidade ou desejo, mas distanciada porque o objecto é olhado ou sentido como uma forma, isto é como objecto estético. Não pode ser descrita em conceitos porque se trata de uma sensação e é por isso singular e intransmissível.

4. Imagine a seguinte situação (ver prova) a partir dos princípios da moral deontológica de Kant e da moral consequencialista de Stuart-Mill. Enuncie esses princípios.
Segundo os princípios da moral deontológica de Kant, a acção correcta é aquela que traduz uma boa vontade, isto é, uma vontade afastada do interesse pessoal, uma vontade desinteressada , essa boa vontade não podia moldar-se pelas consequências materiais da acção mas apenas pelo cumprimento da lei. A lei moral ordena-nos que a máxima da nossa acção possa ser universalizável, ora mentir mesmo que seja para um bom fim, não pode ser universalizável. O arquitecto não devia mentir.
Quanto à moral consequencialista a acção correcta deve proporcionar o maior bem ao maior número de pessoas, entendendo-se como maior bem, para avaliar a acção teríamos de equacionar a qualidade do bem proporcionado, se é duradouro e a quantidade de pessoas que seriam afectadas pela acção. Assim, segundo estes princípios o facto do arquitecto não mentir, seria bom para a sua consciência mas, possivelmente teria como consequência a prisão do presidente da Câmara e o congelamento das verbas. Justificar-se-ia então mentir desde que as consequências fossem minorar o sofrimento e proporcionar o maior Bem ou felicidade ao maior número de pessoas, facto que seria possível através da mentira.

5. Poder-se-á dizer que o Utilitarismo é uma forma de Hedonismo?
Embora o Utilitarismo defenda o princípio do prazer sobre a dor (esta só se justifica se for útil isto é se puder proporcionar uma maior felicidade futura ao sujeito e aos outros) diferencia-se contudo do Hedonismo em dois aspectos:
1: Diferencia os prazeres espirituais dos corporais dizendo que os primeiros são superiores porque são mais fecundos e duradouros enquanto que para o Hedonismo todos os prazeres são equivalentes.
2. Por outro lado, diferencia a felicidade como maior número de experiências de prazer, tal como sugere o Hedonismo, da felicidade enquanto satisfação de preferências, isto é não é o número de experiências que constituem o critério de uma vida feliz mas a satisfação de prazeres criteriosamente escolhidos pelo sujeito segundo os seus valores e preferências.

6. Porque é que o Egoísmo Ético não é satisfatório?
O Egoísmo ético não é satisfatório por duas razões: primeiro porque é arbitrário, ao colocar o “eu” acima dos outros e defender como princípio ético que cada um deva fazer o que lhe é mais vantajoso, está a reivindicar um princípio que não tem um fundamento racional, pois porque será que o “eu” de cada um se deve sobrepor ao “eu” dos outros quando não há nenhuma razão para julgar alguém superior a outro. Permite também o Egoísmo Ético, justificar acções injustas desde que sejam para benefício daquele que as pratica, um mundo assim seria estranho pois só se justificaria defendê-lo se houvesse pessoas que retirassem prazer do seu sofrimento e outras que tirassem prazer do sofrimento dos outros.

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