segunda-feira, 16 de março de 2020

Texto para resumo,Margarida 10A e Pedro Jerónimo 10B


 
Natureza morta, Emilio Longoni, 

 Estrutura: Biografia dos autores, definição dos conceitos e das teorias, resumo, conclusão e comentário

 Problemas da Ética: Análise de algumas teorias sobre uma vida boa
 Alguns hedonistas chegam à sua perspetiva da forma que passo a explicar. Consideram uma perspetiva rival, como a que afirma que aquilo que é bom para uma pessoa é ter conhecimento, envolver-se em atividades racionais ou aperceber-se da verdadeira beleza. Estes hedonistas perguntam:
“Estes estados mentais seriam bons se não trouxessem nenhuma satisfação, e se a pessoa que os tem não tivesse o menor desejo de que prossigam?”. Como respondem pela negativa, concluem que o valor desses estados mentais tem de residir no facto de serem apreciados e de suscitarem o desejo de que prossigam. Este raciocínio pressupõe que o valor de um todo é apenas a soma do valor das suas partes. Se removermos a parte à qual o hedonista atende,
aquilo que sobra parece não ter nenhum valor, pelo que o hedonismo é verdadeiro.
Suponha-se antes, mais plausivelmente, que o valor de um todo pode não ser a mera soma do valor das suas partes. Nesse caso, poderemos afirmar que aquilo que é melhor para as pessoas é um composto. Não é apenas estarem em estados conscientes nos quais querem estar. Nem é apenas terem conhecimento, envolverem-se em atividades racionais, aperceberem-se da
verdadeira beleza ou algo do género. Aquilo que é bom para uma pessoa não é apenas aquilo que os hedonistas dizem ser bom, nem apenas aquilo que os defensores das Teorias da Lista Objetiva dizem ser bom. Podemos acreditar que, se tivéssemos uma dessas coisas sem a outra, teríamos algo com pouco ou nenhum valor. Podemos afirmar, por exemplo, que aquilo que é bom ou mau para uma pessoa é ter conhecimento, envolver-se em atividades racionais, experienciar amor mútuo e aperceber-se da beleza — ao mesmo tempo que se quer com intensidade precisamente essas coisas. De acordo com esta perspetiva, cada parte do desacordo viu apenas metade da verdade.
Cada parte apresentou como suficiente algo que era apenas necessário. O prazer obtido com certos objetos de vários géneros não tem nenhum valor. E não há nenhum valor no conhecimento, na atividade racional, no amor ou na perceção da beleza, se estas coisas estiverem inteiramente desprovidas de prazer. Aquilo que tem valor, ou que é bom para uma pessoa, consiste em ter ambas as coisas: estar envolvido nessas atividades e querer intensamente esse envolvimento.


Derek Parfit, Aquilo que Faz a Vida de uma Pessoa Correr pelo Melhor

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