segunda-feira, 27 de março de 2023
terça-feira, 21 de março de 2023
Matriz do 3º Teste
Conteúdos / Competências
a. Juízos de facto e juízos de valores/ Distinguir, saber identificar e
exemplificar.
b. Os valores/Caracterizar os valores. Identificar vários tipos de valores.
c. Formular o problema da natureza dos juízos morais.
d. Três teorias sobre a natureza dos juízos de valor morais. Objetivismo, subjetivismo
e relativismo. Teses, argumentos e objeções (contra exemplos) de cada uma
destas teorias/Saber explicar cada uma das teorias. Avaliar cada uma das
teorias.
a. Formular os diferentes problemas
colocados nas várias áreas da Ética: Metaética, Ética Prática e Ética
Normativa.
3. Duas teorias sobre os fundamentos da moral/ética: A teoria deontológica
de Kant e a teoria utilitarista de Stuart Mill.
Formular
os problemas subjacentes à ética normativa deontológica e utilitarista.
3.1. A teoria deontológica de Kant:
a. Agir por dever, em conformidade com o dever e contra o dever/ Distinguir e
exemplificar.
b. O critério da ação moral: Agir tendo como intenção o cumprimento do dever
pelo dever. Explicar porque é a intenção e não as consequências são o critério
moral.
c. A boa vontade. Compreender que a boa vontade é a único critério bom.
d. A lei moral e a sua forma: O imperativo categórico. Saber formular o
imperativo categórico nas suas duas formulações.
e. A distinção entre imperativo categórico e hipotético. Distinguir e
exemplificar.
f. A distinção entre heteronomia e autonomia da vontade. Distinguir e
exemplificar.
3.2. A teoria utilitarista de S.Mill:
a. O critério da moral: A felicidade para o maior número. Saber explicar este
critério.
b. A valorização das consequências da ação. Vantagens e desvantagens deste
critério.
c. O que se entende por felicidade. Caracterizar o conceito.
h. Relacionar as duas teorias éticas. No aspeto do critério de moralidade e
sobre o que cada uma prescreve como moralmente correto em cada uma das
situações.
i.
Aplicar estas teorias a situações práticas dadas.
j. Tomar
uma posição crítica sobre estas questões.
l.
Justificar as posições críticas.
A. Estrutura e Cotações
A prova destina-se a avaliar duas competências básicas:
a. Concetualizar
b. Argumentar/ Problematizar.
1º TESTE
- CONCETUALIZAR - Grupo I -Dez perguntas de escolha múltipla (10x15= 150 Pontos)
Grupo II
- duas definições de conceitos (20+30= 200 Pontos)
2ª TESTE
- ARGUMENTAR/PROBLEMATIZAR: Inclui um texto com 5 perguntas de
interpretação/desenvolvimento/justificação e análise lógica. (5x40 Pontos = 200 Pontos)
segunda-feira, 20 de março de 2023
Resumo Ricardo 10 I e Miguel 10A
As teorias éticas
Há duas grandes classes de teorias éticas —
consequencialistas e deontológicas — que têm dado forma ao entendimento que a
maior parte das pessoas tem da ética. Os consequencialistas defendem que
devemos escolher a ação disponível que têm as melhores consequências globais,
ao passo que os deontologistas defendem que devemos agir de circunscritos por
regras e direitos morais e que estas regras ou direitos se definem (pelo menos
em parte) independentemente das consequências. (…)
O utilitarismo, a forma mais comum
de consequencialismo, tem uma resposta. Os utilitaristas afirmam que devemos
escolher a opção que maximiza “a maior felicidade para o maior número”.
Defendem igualmente a completa igualdade: “cada qual conta como um e não mais
de um”
As teorias deontológicas contrastam
na sua maior parte com as teorias consequencialistas. Ao passo que os
consequencialistas defendem que devemos sempre procurar promover as melhores
consequências, os deontologistas defendem que as nossas obrigações morais —
sejam elas quais forem — são de algum modo e em certo grau independentes das
consequências. Assim, se eu tenho a obrigação de não matar, roubar ou mentir,
estas obrigações estão justificadas não apenas porque seguir tais regras produz
sempre as melhores consequências.
É por isso que tantas pessoas acham
que as teorias deontológicas são tão atraentes. Por exemplo, a maior parte de
nós ficaria ofendida se alguém nos mentisse, ainda que essa mentira produzisse
a maior felicidade para o maior número. Eu ficaria sem dúvida ofendido se
alguém me matasse, ainda que a minha morte pudesse produzir a maior felicidade
para o maior número (usando os meus rins para salvar a vida de duas pessoas, o
meu coração para salvar uma terceira, etc.). Assim, o que há de errado ou certo
em mentir ou matar não pode ser explicado, defendem os deontologistas,
unicamente por causa das suas consequências. Claro que há muito desacordo entre
os deontologistas sobre quais regras são verdadeiras. Também discordam sobre
como se determina que regras são essas. Alguns deontologistas afirmam que a
razão abstrata nos mostra como devemos agir (Kant).
Teorias sobre a ética, Hugh LaFollette
terça-feira, 14 de março de 2023
Texto para resumo Melody Moreira 10I e Matilde Ferreira 10A
“- Kant tinha desde o princípio a forte impressão de
que a diferença entre o justo e o injusto tinha de ser mais do que uma questão
de sentimentos. Nesse aspeto ele estava de acordo com os racionalistas, que
tinham explicado que era inerente à razão humana distinguir o justo do injusto.
Todos os homens sabem o que é justo e o que não é, e nós sabemo-lo não apenas
porque o aprendemos, mas também porque é inerente à nossa razão. Kant achava
que todos os homens tinham uma “razão prática” que nos
diz sempre o que é justo e o que é injusto no domínio da moral.
- Então é inata?
- A capacidade de distinguir o justo do injusto
é tão inata como todos os outros atributos da razão.
Todos os homens veem os fenómenos como determinados causalmente – e também têm
acesso à mesma lei moral universal. Esta lei moral tem a mesma validade
absoluta que as leis físicas da natureza. Isso é tão fundamental para a nossa
vida moral como é fundamental para a nossa vida racional que tudo tenha uma
causa, ou que sete mais cinco sejam doze.
- E o que é que diz essa lei moral?
- Uma vez que precede qualquer experiência, é "formal". Significa
que não está relacionada com possibilidades morais de escolha determinadas. É
válida para todos os homens em todas as sociedades e em todos os tempos. Logo,
não diz que tens de fazer isto ou aquilo nesta ou naquela situação. Diz como te
deves comportar em todas as situações.
- Mas que sentido tem uma lei moral, se não nos diz
como nos devemos comportar numa situação determinada?
-Kant formula a lei moral como imperativo
categórico. Por isto, ele entende que a lei moral é
"categórica", quer dizer, é válida em todas as situações. Além disso,
é um "imperativo" e consequentemente uma "ordem" e
absolutamente inevitável.
- Hm...
- Aliás, Kant formula o seu imperativo
categórico de diversas formas. Primeiro, diz: “devíamos
agir sempre de tal forma que pudéssemos desejar simultaneamente que a regra
segundo a qual agimos fosse uma lei universal”.
- Quando faço alguma coisa, tenho de ter a certeza de
que desejo que todos façam o mesmo na mesma situação.
- Exato. Só nessa altura ages de acordo com a tua lei
moral interior. Kant também formulou o imperativo categórico da seguinte
forma: devemos tratar os outros homens sempre como um fim em si e
não como um meio para alguma outra coisa.
-Não podemos, portanto, "explorar" os outros
para obtermos benefícios.
-Não, porque todos os homens são um fim em si.
Mas isso não é válido apenas para os outros, mas também para nós mesmos. Também
não nos devemos explorar como meio para alcançar algo."
Jostein
Gaarder, “ O Mundo de Sofia” p.296/297
domingo, 5 de março de 2023
quinta-feira, 2 de março de 2023
Texto para resumo João Silva 10A e Laura Monteiro 10I
Chardin, A criança com um teetotum, retrato de Auguste-Gabriel Godefroy (1728-1813) 1741
Como viver?
A habitual
leitura de jornais britânicos online trouxe-me, em tempos, a não-notícia de que
a Universidade de Harvard conduziu um estudo cuja conclusão demonstra de forma
“científica” que o que faz o ser humano feliz é o amor. Devo dizer que bocejei
de imediato assim que acabei de ler o artigo (terá sido no Guardian? no
Telegraph? já não me lembro), porque a conclusão não constitui qualquer
novidade. A pessoa feliz já é descrita, antes da era cristã, no grande texto
espiritual em sânscrito Bhagavad Gita (12.19) como sendo indiferente a elogios
e insultos, capaz de estar em silêncio, capaz de encontrar contentamento em
cada situação e estando sempre “cheia de amor”. A tradição cristã também nos
ensina que a opção de vida que nos é mais benéfica é amarmos o próximo como a
nós mesmos. Portanto a “prova” vinda de Harvard — de que as pessoas mais
felizes são as que amam os seus pais, filhos, cônjuges e namorados(as) — não
corresponde propriamente à descoberta da pólvora.
Deixemos,
por conseguinte, as alegadas descobertas da ciência e, para percebermos qual é
a melhor maneira de vivermos a nossa vida, consultemos antes esse maravilhoso
texto acima referido da tradição hindu. Ora a Bhagavad Gita diz-nos muitas
coisas surpreendentes e desconcertantes, mas nenhuma, no meu entender, é mais
surpreendente do que esta: o essencial, na vida, é arredarmos de todas as
nossas ações o proveito próprio. Nada do que empreendemos, nada do que fazemos
deve ter como objetivo o nosso próprio benefício. Pelo contrário, tudo o que
fazemos deve ser feito tão-somente pelo valor intrínseco da ação em si.
A minha
própria experiência de vida tem-me ensinado de forma muito pragmática que nada
nos dá uma sensação tão agradável como empreendermos uma tarefa cujo benefício
irá reverter a favor de outrem. Por outro lado, constatamos tantas vezes que
ações empreendidas com base numa expectativa de proveito próprio acabam por não
redundar em nosso benefício. Na verdade, todas as ações que empreendemos para
beneficiar os outros, em vez de nos deixarem de mãos vazias, deixam-nos mais
ricos, pois é delas que advém a felicidade mais pura. O tal amor que (segundo o
estudo de Harvard) nos faz mais felizes é justamente aquele que nada pede em
troca.
Como
complemento à fórmula da felicidade proposta pela Bhagavad Gita, poderíamos
ainda compulsar o indispensável Mundo como Vontade e Representação de Arthur
Schopenhauer e determo-nos um pouco no capítulo 38 do Livro III. Segundo
Schopenhauer, aquilo que nos leva a agir em proveito próprio é a vontade. “Todo
o querer”, escreve o grande filósofo, “advém da carência, portanto do
sofrimento”. A sensação de carência — esse abismo hiante dentro de nós mesmos —
leva-nos a procurar realidades e circunstâncias que a mitiguem; mas (como diz
Schopenhauer) cada vez que satisfazemos um desejo que alegadamente nos iria
fazer felizes damo-nos conta de que ficaram no mínimo dez desejos ainda mais
vorazes por satisfazer. As nossas necessidades e desejos canibalizam-nos. O
sentimento da sua satisfação é — ironia das ironias — evanescente e ilusório.
Sob esta perspetiva, agir em proveito próprio nunca nos traz a saciedade, nunca
preenche um único milímetro cúbico que seja do vazio de carência devoradora com
que viemos ao mundo.
Como
antídoto a este ciclo vicioso de auto-canibalização e de pseudo-saciedade,
Schopenhauer propõe a contemplação serena e desinteressada da obra de arte.
Entregarmo-nos a ela, perdermo-nos na beleza do objeto contemplado obriga-nos a
desviar a atenção de nós mesmos. De repente, não somos nós os importantes: é a
pintura que temos diante dos olhos; ou a obra musical que, por meio dos
ouvidos, nos penetra na consciência.
Frederico Lourenço