quinta-feira, 21 de setembro de 2023
Texto para resumo Inês 10ºC
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Texto para resumo António Pinheiro
A busca da verdade pelos filósofos pode ser talvez comparada a um romance policial. Alguns pensam que Andersen é o assassino, outros pensam que é Nielsen ou Jepsen. Talvez o verdadeiro mistério deste crime possa ser um dia esclarecido subitamente pela polícia. Podemos também pensar que a polícia nunca conseguirá resolver o enigma. Mas este tem, no entanto, uma solução.
Mesmo quando é difícil responder a uma pergunta, é possível imaginar que a pergunta possa ter uma — e apenas uma — resposta correta. Ou há uma forma de vida após a morte ou não.
Muitos enigmas antigos foram entretanto resolvidos pela ciência. Outrora, o aspeto da face oculta da Lua era um grande mistério. Não se podia descobrir a resposta através da discussão, e assim era deixada à imaginação de cada um. Mas hoje em dia sabemos exatamente qual é o aspeto da face oculta da Lua. Já não podemos acreditar que haja um homem a viver na lua, ou que ela seja um queijo.
Segundo um filósofo grego que viveu há mais de dois mil anos, a filosofia surgiu da capacidade que os homens têm de se surpreender. O homem acha tão estranho viver, que as perguntas filosóficas surgem por si mesmas.
Pensa no que sucede quando observamos um truque de magia: não conseguimos perceber como é possível aquilo que estamos a ver. E perguntamo-nos: como é que o ilusionista conseguiu transformar dois lenços brancos de seda num coelho vivo?
Para muitos homens, o mundo parece tão inexplicável como o coelho que um ilusionista retira subitamente de uma cartola até então vazia.
No que diz respeito ao coelho, percebemos claramente que o ilusionista nos enganou. O que pretendemos descobrir é como nos enganou. Quando falamos sobre o mundo, a situação é diferente. Sabemos que o mundo não é pura mentira, uma vez que nós estamos na Terra e somos uma parte do universo. Na verdade, somos o coelho branco que é retirado da cartola. A diferença entre nós e o coelho branco é apenas o facto de o coelho não saber que participa num truque de magia. Connosco passa-se de modo diferente. Sentimos que tomamos parte em algo misterioso, e gostaríamos de esclarecer de que modo tudo está relacionado.
P.S. No que diz respeito ao coelho branco, o melhor é talvez compará-lo com o conjunto do universo. Nós, que vivemos aqui, somos parasitas minúsculos que vivem na pele do coelho. Mas os filósofos procuram trepar pelos pêlos finos, de modo a poderem fixar nos olhos o grande ilusionista.
Estás a seguir-me, Sofia? Receberás a continuação.
Jostein Gaarder, O mundo de Sofia
terça-feira, 18 de julho de 2023
Texto para análise e resumo Ana Margarida Guerreiro (consulte as regras do resumo de texto na barra lateral)
O que é a filosofia?
sábado, 24 de junho de 2023
Rawls: justiça como equidade.
Na teoria da justiça como equidade, a posição da igualdade original corresponde ao estado de natureza na teoria tradicional do contrato social. Esta posição original não é, evidentemente, concebida como uma situação histórica concreta, muito menos como um estado cultural primitivo. Deve ser vista como uma situação puramente hipotética, caracterizada de forma a conduzir a uma certa conceção da justiça. Entre as características essenciais está o facto de que ninguém conhece a sua posição na sociedade, a sua situação de classe ou estatuto social, bem como a parte que lhe cabe na distribuição de atributos e talentos naturais, como a sua inteligência, a sua força e outras qualidades semelhantes. Parto inclusivamente do princípio de que as partes desconhecem as suas concepções do bem e as suas tendências psicológicas particulares. Os princípios da justiça são escolhidos a coberto de um véu de ignorância. Assim se garante que ninguém é beneficiado ou prejudicado na escolha daqueles princípios pelos resultados do acaso natural ou pela contingência das circunstâncias sociais. Uma vez que todos os participantes estão numa situação semelhante e que ninguém está em posição de designar princípios que beneficiem a sua situação particular, os princípios da justiça são o resultado de um acordo ou negociação equitativa, (...) isto justifica a designação "justiça como equidade": transmite a ideia de que o acordo sobre os princípios da justiça é alcançado numa situação inicial que é equitativa. Não decorre daqui que os conceitos de justiça e equidade sejam idênticos, tal como também não decorre da frase "a poesia como metáfora" que os conceitos de poesia e de metáfora o sejam.
John Rawls, Uma Teoria da justiça in Textos e problemas de Filosofia
quarta-feira, 7 de junho de 2023
Texto para resumo Miriam Vital 10A e Maria Clara 10I
segunda-feira, 5 de junho de 2023
Texto para resumo Tiago Ramos 10A, Amin Assufo 10I
Analisemos agora uma experiência mental: suponhamos que, ao reunir-nos para definir os princípios, não saibamos a qual categoria pertencemos na sociedade. Imaginemo-nos cobertos por um “véu de ignorância” que temporariamente nos impeça de saber quem realmente somos. Não sabemos a que classe social ou género pertencemos e desconhecemos a nossa raça ou etnia, as nossas opiniões políticas ou crenças religiosas. Tampouco conhecemos as nossas vantagens ou desvantagens — se somos saudáveis ou frágeis, se temos alto grau de escolaridade ou se abandonámos a escola, se nascemos numa família estruturada ou numa família desestruturada. Se não possuíssemos essas informações, poderíamos realmente fazer uma escolha a partir de uma posição original de equidade. Já que ninguém estaria numa posição de negociação superior, os princípios escolhidos seriam justos. É assim que Rawls entende um contrato social — um acordo hipotético numa posição original de equidade. Rawls convida-nos a raciocinar sobre os princípios que nós — como pessoas racionais e com interesses próprios — escolheríamos caso estivéssemos nessa posição. Ele não parte do pressuposto de que todos sejamos motivados, na vida real, apenas pelo interesse egoísta; pede apenas que deixemos de lado as nossas convicções morais e religiosas para realizar essa experiência mental. Que princípios escolheríamos?
Primeiramente, raciocina, não optaríamos pelo utilitarismo. Sob o véu de ignorância, cada um de nós ponderaria: “Pensando bem, posso vir a ser membro de uma minoria oprimida.” E ninguém arriscaria ser o cristão que é atirado aos leões para o divertimento da multidão. Nem escolheríamos o simples laissez-faire, o princípio libertário que daria às pessoas o direito de ficar com todo o dinheiro que ganhassem numa economia de mercado. “Posso acabar por ser o Bill Gates”, alguém raciocinaria, “mas também posso, por outro lado, ser um sem-abrigo. Portanto, é melhor evitar um sistema que me deixe desamparado e na penúria. “
Rawls acredita que dois princípios de justiça, poderiam emergir do contrato hipotético. O primeiro oferece as mesmas liberdades básicas para todos os cidadãos, como liberdade de expressão e religião. Esse princípio sobrepõe-se a considerações sobre utilidade social e bem-estar geral. O segundo princípio refere-se à equidade social e económica. Embora não requeira uma distribuição igualitária de renda e riqueza, ele permite apenas as desigualdades sociais e económicas que beneficiam os membros menos favorecidos de uma sociedade. Os filósofos questionam se os participantes do contrato social hipotético de Rawls escolheriam os princípios que ele afirma que escolheriam. Mais à frente veremos por que Rawls acha que esses dois princípios seriam escolhidos. Mas, antes de abordar os princípios, analisemos uma questão anterior a essa: A experiência hipotética de Rawls é a maneira correta de abordar a questão da justiça? Como podem princípios da justiça resultar de um acordo que jamais aconteceu de fato?
Michael Sandel, Justiça, Lx, Presença, pp.150, 151
domingo, 4 de junho de 2023
Texto para resumo Raquel Costa 10A
sexta-feira, 26 de maio de 2023
Texto para resumo Matilde Sarmento 10A e Beatriz Aires10I
Fotografia de Chien-Chi Chang -Bar no centro de Lviv. Não é servido álcool devido a uma proibição do Estado. Lviv, Ukraine, March 22, 2022
Em 1971, um até então obscuro professor de filosofia de
Harvard, John Rawls, publicou um livro que acabou por aclamá-lo como “o maior
filósofo político da América”. No livro “ Teoria da Justiça”, Rawls apresentou uma
descrição da justiça na forma de dois princípios, ordenando respetivamente que
as “liberdades básicas iguais” das pessoas – direitos como liberdade de
expressão, liberdade de consciência e o direito de voto — devem ser maximizados,
e que as desigualdades em bens sociais e económicos, que não sejam a liberdade,
são aceitáveis apenas se promoverem o bem-estar dos membros “menos favorecidos”
da sociedade. (Chamou este último de “princípio da diferença”).
Três anos após o aparecimento de “Teoria”, um colega do seu departamento,
Robert Nozick, publicou uma resposta libertária, “Anarquia, Estado e Utopia”,
que argumentava que só um "estado mínimo", dedicado a proteger as
pessoas contra crimes como assalto, roubo e fraude pode ser moralmente justificado.
Como a “Teoria” de Rawls, “Anarquia” começa com uma declaração abrangente da
primazia da justiça – entendida, neste último livro, como direitos individuais,
definidos como liberdades, isto é, a ausência de restrições externas sobre as nossas
ações – sobre todos os outros critérios para avaliar políticas sociais e
instituições. Em outras palavras, Nozick reteve mais ou menos o primeiro
princípio de Rawls (liberdade) enquanto eliminou o segundo (diferença).
Sugerindo que “a questão fundamental da filosofia política” não é como o
governo deve ser organizado, mas “se deve haver algum estado”, Nozick oferece
uma adaptação da doutrina de John Locke de que o governo é legítimo apenas na
medida em que oferece maior segurança pela vida, liberdade e propriedade do que
existiria num “estado de natureza” caótico e pré-político. Mais enfaticamente
do que Locke, no entanto, Nozick conclui que a necessidade de segurança
justifica apenas um estado mínimo, ou “vigia noturno”, uma vez que não pode ser
demonstrado, acredita, que todos os indivíduos racionais achariam necessário um
governo mais extenso para garantir a segurança dos seus direitos.
No lugar do “princípio da diferença” de Rawls, Nozick propõe uma “teoria do
direito” da justiça, segundo a qual as propriedades individuais são
justificadas apenas se derivarem de aquisições justas ou transferências
(voluntárias).
Nozick oferece uma crítica espirituosa e incisiva da lógica de Rawls para o seu
princípio da diferença, refutando a alegação implausível de que apenas porque
os membros de uma sociedade beneficiam da cooperação social, os membros menos
favorecidos têm automaticamente direito a uma participação nos ganhos de seus
pares mais bem-sucedidos. O libertarismo de Nozick, que compara a tributação da renda
ao trabalho forçado, sofre, no entanto, de um defeito correspondente. Nozick
nunca reconhece a necessidade de um regime liberal para garantir um certo nível de segurança social e
benefícios educacionais a todos os cidadãos, na medida em que suas
circunstâncias permitirem, nem que seja para garantir a lealdade contínua dos
pobres a esse regime. Como Rawls, Nozick procurou impor uma visão abstrata de
justiça na vida política, relegando considerações de viabilidade (isto é, de
conformidade com as prováveis demandas de seres humanos reais) para serem
resolvidas por outros, no espírito da máxima de Immanuel Kant, “que a justiça
triunfe, ainda que, por ela, pereça o mundo”.
David Lewis Schaefer, "Robert Nozick and the Coast of Utopia," New York Sun, April 30, 2008.
terça-feira, 23 de maio de 2023
Texto para resumo Matilde Carvalho 10A e Ana Carolina 10I
Robert Nozick é o crítico mais duro do princípio da diferença de Rawls. A perspetiva que propõe é a da titularidade das posses justas. Esta perspetiva diz que tudo o que ganhas honestamente através do teu esforço e de acordos justos é teu. Se alguém ganhou legitimamente o que tem, então a distribuição que daí resulta é justa — independentemente de poder ser desigual. Ainda que outros tenham muito menos, ninguém tem o direito de se apropriar das tuas posses. Esquemas (como taxas diferenciadas de impostos) que forçam a redistribuição de riqueza são errados porque violam o teu direito à propriedade. Roubam o que é teu para dar a outros.
Quanto devem ganhar os médicos? Segundo Nozick, devem ganhar seja o que for que ganhem legitimamente. Numa sociedade podem ganhar praticamente o mesmo que qualquer outra pessoa; noutra, podem ganhar grandes somas de dinheiro. Nos dois casos, são titulares do que ganham — e qualquer esquema que lhes retire os seus ganhos para ajudar outros é injusto.
Que perspectiva devemos preferir, a de Rawls ou a de Nozick? Se apelarmos a intuições morais, ficaremos num impasse; as intuições liberais estão de acordo com Rawls, enquanto as intuições libertárias estão de acordo com Nozick. Contudo, eu afirmaria que a consistência racional favorece algo de parecido com a perspectiva de Rawls. Imagina uma sociedade organizada segundo a concepção de mercado livre de Nozick e na qual, depois de várias gerações, há um grande fosso entre ricos e pobres. Aqueles que nasceram numa família rica são ricos, e aqueles que nasceram numa família pobre sujeitam-se a uma pobreza que não podem vencer. Imagina que tu e a tua família sofrem desta pobreza. Se estiveres nesta situação, poderás desejar que os princípios de Nozick sejam seguidos?
sexta-feira, 19 de maio de 2023
Texto para resumo: Maria Marques 10A e Nuno 10I
Better off - Os mais favorecidos - Devem ter suas expectativas materiais minimizadas, sendo convencidos através do apelo altruístico de que o talento está a serviço do coletivo, preferencialmente voltado para o atendimento dos menos favorecidos.