terça-feira, 22 de setembro de 2020

Texto para resumo 10B Carolina

 


Por volta de 450 a.C., Atenas tornou-se o centro cultural do mundo grego. A filosofia também tomou então uma orientação nova. Os filósofos da natureza eram, principalmente, investigadores do mundo físico. Ocupam consequentemente um lugar importante na história das ciências. Em Atenas, o interesse concentrou-se então mais no homem e no seu lugar na sociedade.

Em Atenas desenvolvia-se progressivamente uma democracia com assembleias populares e tribunais. Uma das condições para a instauração da democracia exigia que os homens recebessem instrução suficiente para poderem participar na vida política. Também nos dias de hoje vemos que uma jovem democracia precisa do esclarecimento popular. Entre os atenienses isso significava, principalmente, dominar a retórica.

Vindo das colónias gregas, um grupo de professores itinerantes e de filósofos afluiu então a Atenas. Chamavam-se sofistas. A palavra “sofista” designa uma pessoa sábia ou erudita. Em Atenas, os sofistas ganhavam o seu sustento ensinando os cidadãos. Os sofistas tinham uma notável semelhança com os filósofos da natureza, pois também eles eram críticos relativamente aos mitos tradicionais. Mas, simultaneamente, os sofistas recusavam tudo o que lhes parecia ser especulação filosófica desnecessária. Achavam que mesmo que houvesse resposta para muitas questões filosóficas, os homens nunca poderiam encontrar explicações verdadeiramente seguras para os enigmas da natureza e do universo. Em filosofia, este ponto de vista é designado por “ceticismo”.

Como podes compreender, os sofistas provocavam fortes discussões na sociedade ateniense, ao afirmarem que não havia normas absolutas para estabelecer o que é justo e o que não é. Sócrates, pelo contrário, tentou provar que algumas normas são realmente absolutas e universalmente válidas.

“Quem era Sócrates?” Sócrates (470-399 a.C.) é talvez a personagem mais enigmática de toda a história da filosofia. Não escreveu uma única linha. Apesar disso, pertence ao número dos que exerceram maior influência no pensamento europeu. O fato de ser conhecido, mesmo por quem não possui muitos conhecimentos de filosofia, tem provavelmente a ver com a sua morte trágica.

Sabemos que nasceu em Atenas e que aí passou a sua vida, principalmente nas praças e nas ruas, onde conversava com todo o tipo de gente. Achava que os campos e as árvores não lhe podiam ensinar nada. Por vezes, ficava longas horas absorto em reflexão profunda.

Sabe-se que era muito feio. Era pequeno e gordo, e tinha olhos salientes e um nariz achatado. Mas interiormente, dizia-se, era um homem maravilhoso, nunca se poderia encontrar alguém igual a ele.

No entanto, foi condenado à morte devido à sua atividade filosófica. Conhecemos a vida de Sócrates principalmente através de Platão, que era seu discípulo, também ele um dos maiores filósofos da história.

Platão escreveu muitos diálogos — ou conversas filosóficas — nas quais faz participar

Sócrates. Quando Platão põe as palavras na boca de Sócrates, não podemos dizer com certeza que

Sócrates as tivesse verdadeiramente pronunciado. Por isso, não é fácil distinguir a doutrina de Sócrates da de Platão.

O que distinguia, na verdade, a atividade de Sócrates era o seu desejo de não ensinar os homens. Em vez disso, parecia querer ele mesmo aprender com o seu interlocutor. Assim, não ensinava como um vulgar professor de escola: dialogava.

Mas não se teria tornado um filósofo famoso se apenas tivesse escutado os seus interlocutores. Também não teria sido condenado à morte.

E, principalmente no início, apenas punha questões. Alegava, humildemente, nada saber. No decurso do diálogo, levava frequentemente os outros a reconhecerem os pontos fracos das suas reflexões. Podia suceder então que o interlocutor fosse encostado à parede e tivesse de reconhecer, por fim, o que era o justo e o injusto.

Diz-se que a mãe de Sócrates era parteira, e Sócrates comparava a sua atividade à arte da obstetrícia.

Não é a parteira que dá à luz a criança, ela apenas está presente e ajuda a mãe. Sócrates compreendeu também que a sua tarefa era ajudar os homens a “parir” o saber correto, porque o verdadeiro saber tem de vir de dentro e não pode ser enxertado.

Jostein Gaarder, O mundo de Sofia

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Texto para ler e realizar o resumo


Escola de Atenas do pintor Rafael

Os filósofos pré-socráticos nutriam esse mesmo objetivo: encontrar o princípio gerador ou a matéria primordial de todo o Universo. Por isso, as suas ideias são bem parecidas. Os estudiosos sempre se esbarram nas dificuldades que o tempo e o modo de escrita dos pré-socráticos colocaram. Não há como fazer um estudo aprofundado de um filósofo pré-socrático, pois as obras são escassas e fragmentadas. No entanto, é notório que eles buscavam fundamentar o que chamavam de arché (princípio originário), por meio da observação da physis (natureza).

Para facilitar o estudo, os historiadores da Filosofia reuniram os pré-socráticos em “escolas filosóficas”, de acordo com sua proximidade geográfica que também coincide com a proximidade de ideias. (…)

 

Teve início com Tales de Mileto, na região da Jônia, que atualmente é parte da Turquia. Tales estabeleceu a água como princípio gerador de tudo. Anaximandro, que teve contato com as ideias de Tales, passou pelo mesmo processo de observação empírica da natureza e constatou que a origem de tudo estava contida num elemento infinito e indeterminável, designado pela palavra ápeiron. Seu discípulo, Anaxímenes, concordou que o elemento era infinito, mas afirmou ser possível determiná-lo, pois era o ar. O ar estaria presente em tudo, sendo, portanto, a causa material primeira.

(...)

Não se tem muitos escritos dos filósofos pré-socráticos hoje. O que se tem são fragmentos escassos e, muitas vezes, desconexos. Os historiadores da Filosofia reuniram os pré-socráticos em escolas para facilitar o entendimento de seus escritos. Essa escassez deve-se, principalmente, à ação do tempo e da humanidade que — por meio de enchentes, furações, tempestades, incêndios acidentais e incêndios provocados — destruiu muitos documentos históricos da Grécia Antiga. Estima-se que muitos escritos tenham sido perdidos, por exemplo, no incêndio na Biblioteca de Alexandria.

Outro fator que dificulta o entendimento e a reunião da bibliografia dos pré-socráticos é o fato de que eles não escreviam tendo em vista a publicação como fazemos hoje. A grande maioria dos escritos do período não possui título, sendo esses diletantes sobre assuntos relacionados à Cosmologia, à Matemática, à Música, à Astronomia ou sobre qualquer outra ciência que já fosse cultivada naquele período.

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