sábado, 29 de fevereiro de 2020

Texto para resumo João Paulo-10A e Madalena Moura 10B


YASIN AKGULYASIN, Síria

A universalidade dos direitos humanos

Uma das primeiras questões que podemos colocar, para iniciar este debate, é se os direitos humanos representam realmente uma proposta universal. Se nos basearmos apenas no seu intuito primeiro, não seria difícil afirmar que sim, já que o código surgiu com esse objetivo. O problema desta premissa, porém, é se o conjunto dos direitos humanos tem, ou não, a possibilidade de serem aceites como universais.
A análise deste problema apresenta o quanto, realmente, estamos distantes de compreender a realidade. Em primeiro lugar, aceitamos as ideias dos direitos humanos como algo imanente, consensual e deontológico, uma formulação perfeita sobre os direitos de liberdade do ser humano. Assim sendo, o nosso primeiro engano consiste em admitir, naturalmente, que toda e qualquer civilização que aparentemente não compreenda ou viole os direitos humanos é, por conseguinte, composta por grupos de gente “atrasada” ou culturalmente ignorante, desprovida de um sentido de “humanidade”.
Sem perceber, manifestamos aí a velha questão do preconceito cultural eurocentrista, que nos induz a não admitir qualquer coisa fora do padrão ocidental como cultural — mesmo que isso seja resultado de nossa má leitura sobre a mentalidade do outro, tido quase sempre como “diferente e exótico” .
Por conseguinte, ficamos chocados com imagens de violência vindas da África ou Ásia, acreditando que estes continentes são compostos de gente estranha e pouco civilizada. O mesmo pode ser dito a respeito de hábitos quotidianos e religiosos, tidos como estranhos e desprovidos de uma razão teológica. Se isso não fosse somente uma mistura de estereótipos e preconceitos da pior espécie, o mínimo que um leitor ocidental mais atento poderia fazer, antes de realizar qualquer julgamento, é perguntar –se se sua sociedade também não tem problemas, hábitos ou costumes que ele próprio não compreende; segundo, se essa estranheza que o Ocidente sente pelo Oriente não seria recíproca, e sem um diálogo amplo e aberto o outro sempre parecerá um desconhecido; por fim, o referencial de correto que este leitor tem é apenas o da sua cultura — o que, a princípio, não o torna em nada um observador capacitado para analisar outros sistemas culturais.
Em que circunstâncias, portanto, podemos trabalhar esta questão em relação às civilizações orientais, tão “afastadas” culturalmente de nós? Aliás, quando começamos a preocupar-nos com a realidade moral e material de outras sociedades diferentes?
Historicamente, a ideia dos direitos humanos surgiu como uma proposta para administrar o mundo segundo um critério liberal e individualista, proporcionando-lhe equilíbrio social e um respeito maior pela condição humana. Ela é resultante de dois momentos marcantes no
Ocidente: a Revolução Francesa e a proclamação da ONU em 1948.

André Bueno

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Correção da análise lógica dos textos das páginas 88 e 89 do manual de filosofia


Texto 1 - SER E VALOR - JUÍZOS DE FACTO E JUÍZOS DE VALOR
Conceitos
Análise lógica
Resposta às perguntas

Conceitos:
Juízo de facto – Juízo (emissão do pensamento através de uma proposição)objetivo e descritivo, com valor de verdade
Juízo de valor – Juízo subjetivo e normativo, sem valor de verdade. (atenção que aqueles que defendem que os juízos de valor são objetivos dirão que têm valor de verdade)
Idade moderna ou modernidade – época da introdução do mensurável, da razão matemática no entendimento da natureza e do mundo. Exclui o juízo de valor dos juízos de facto. Os primeiros desviariam o entendimento dos factos, estes seriam tudo o que é mensurável (que tem uma medida matemática)

Análise lógica:
Tema 1
Tema: A relação entre ser e valor (entre juízos de valor e juízos de facto)
Problema: qual a relação entre valor e ser, entre juízos de valor e juízos de facto?
Tese: Juízos de valor e juízos de facto são interdependentes.
Argumento: O ser está penetrado de valor, de factos derivam costumes e leis e de costumes e leis factos. Por exemplo, a poligamia era um facto, depois de se dar mais valor à monogamia e de se fazer uma lei que proíbe a poligamia (do facto gerou-se valor), os homens começaram a evitar a poligamia e tentaram realizar a lei, alterando os seus costumes, produzindo novos factos, como a prisão de um homem por causa da poligamia.

Tema 2
A separação entre facto e valor
Problema: Como é entendida historicamente a relação entre factos e valores?
Tese: Facto e valor estavam ligados na antiguidade e separaram-se na modernidade.
Argumento: Se na antiguidade estavam ligados , na época moderna e com o aparecimento da ciência e do saber positivista, dá-se apenas importância ao saber dos factos, afastando o elemento subjetivo do valor,  e a filosofia moral passou a ser um campo de discussão de valores sem um saber que a legitime.

Texto 2 - OBJETIVISMO E SUBJETIVISMO AXIOLÓGICOS
Conceitos:
Objetivismo – Posição sobre a natureza dos valores que defende que estes são entidades objetivas independentes do sujeito que julga, existem objetivamente nas ações, pessoas ou coisas.
Subjetivismo – Posição sobre a natureza dos valores que defende que estes dependem do sujeito, dos seus desejos e necessidades, correspondem ao agrado ou desagrado que o sujeito sente face aos objetos, ações e pessoas.
Valor – o que resulta da valoração do homem sobre os objetos, um conjunto de propriedades que resulta desta relação.

Análise lógica:
Tema: A dinâmica da experiência valorativa.
Problema? Como se efetua a dinâmica da experiência valorativa?
Tese: O valor não é propriedade dos objetos em si, mas propriedade adquirida graças á sua relação com o homem como ser social.
Argumento: Porque os valores são um conjunto de propriedades que estão apenas em potência nos objetos, essas propriedades só passam a ser reais e efetivas quando o objeto entra em relação com os desejos e necessidades do ser humano enquanto ser social (enquanto ser inserido numa dinâmica cultural com regras e costumes). Mas embora essas propriedades se tornem reais com a intervenção do homem também é verdade que o objeto tem que ter algumas propriedades que lhe podem conferir um cero valor.

Tema 2
O objetivismo e o subjetivismo como posições unilaterais sobre os valores.
Problema: Quais as dificuldades colocadas pelo subjetivismo e objetivismo axiológicos?
Tese: O subjetivismo reduz o valor a um estado psíquico do sujeito e o objetivismoesquece o sujeito e centra-se no objeto.
Argumento: Ambas as posições colocam o valor nos dois extremos da relação, excluindo a relação e o contributo de cada um dos intervenientes na experiência valorativa, são, por isso posições redutoras e inconciliáveis que não revelam a natureza da experiência valorativa.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Texto para resumo Filipe 10B e Cloé ou Daniela 10A


“Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; e se é verdade que nem toda coisa desejamos com vista a atingir outra (porque, então, o processo se repetiria ao infinito, e inútil e vão seria o nosso desejar), evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. (…)Ora, nós chamamos áquilo que merece ser buscado por si mesmo mais absoluto do que aquilo que merece ser buscado com vista noutra coisa, e aquilo que não é desejável no interesse de outra coisa mais absoluto do que as coisas desejáveis no interesse de uma terceira; por isso chamamos de absoluto e incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo e nunca no interesse de outra coisa.
Ora, esse é o conceito que  fazemos da felicidade. É ela procurada sempre por si mesma e nunca com vista a outra coisa, ao passo que à honra, ao prazer, à razão e a todas as virtudes nós de fato escolhemos por si mesmas (pois, ainda que nada resultasse daí, continuaríamos a escolher cada uma delas); mas também as escolhemos no interesse da felicidade, pensando que a posse delas nos tornará felizes. A felicidade, todavia, ninguém a escolhe tendo em vista algum destas virtudes nem, em geral, qualquer coisa que não seja ela própria.”
(…)
Porque pode existir o estado de ânimo sem produzir nenhum bom resultado, como no homem que dorme ou que permanece inativo; mas a atividade virtuosa, não: essa deve necessariamente agir, e agir bem. E, assim como nos Jogos Olímpicos não são os mais belos e os mais fortes que conquistam a coroa, mas os que competem (pois é dentre estes que hão de surgir os vencedores), também as coisas nobres e boas da vida só são alcançadas pelos que agem retamente. Sua própria vida é aprazível por si mesma. Com efeito, o prazer é um estado da alma, e para cada homem é agradável aquilo que ele ama: não só um cavalo ao amigo de cavalos e um espetáculo ao amador de espetáculos, mas também os atos justos ao amante da justiça e, em geral, os atos virtuosos aos amantes da virtude. Ora, na maioria dos homens os prazeres estão em conflito uns com os outros porque não são aprazíveis por natureza, mas os amantes do que é nobre se comprazem em coisas que têm aquela qualidade; tal é o caso dos atos virtuosos, que não apenas são aprazíveis a esses homens, mas em si mesmos e por sua própria natureza. Em consequência, a vida deles não necessita do prazer como uma espécie de encanto adventício, mas possui o prazer em si mesma. Pois que, além do que já dissemos, o homem que não se regozija com as ações nobres não é sequer bom; e ninguém chamaria de justo o que não se compraz em agir com justiça, nem liberal o que não experimenta prazer nas ações liberais; e do mesmo modo em todos os outros casos. Sendo assim, as ações virtuosas devem ser aprazíveis em si mesmas.  (…)A felicidade é, pois, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não se acham separados como na inscrição de Delos:
 Das coisas a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; Mas a mais doce é alcançar o que amamos.
Com efeito, todos elas pertencem às mais excelentes atividades; e estas, ou então, uma delas — a melhor —, nós a identificamos com a felicidade. E no entanto, como dissemos, ela necessita igualmente dos bens exteriores; pois é impossível, ou pelo menos não é fácil, realizar atos nobres sem os devidos meios.

Aristóteles, Ética a Nicómaco,

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Trabalhos: Filosofia na discussão do mundo actual

Temas para os trabalhos de grupo

1. Problema: Será legítimo do ponto de vista ético explorar o fundo do mar? Que consequências terá para o equilíbrio da fauna e da flora e das populações locais?

2. Será legítimo eticamente utilizar mão de obra infantil? Caso da exploração do cobalto no Congo.
 Análise da relação entre a violação dos direitos humanos e as assimetrias sociais/extrema pobreza.

3.  Interculturalidade: A diferenciação cultural como um bem precioso.Análise de duas culturas diferentes a partir dos seus mitos criadores.http://www.bigmyth.com/2_eng_myths.htm

4. O choque cultural e a colonização. Análise da perspectiva etnocêntrica e relativista acerca dos valores. Há culturas superiores e nferiores? Será legítimo fazermos juìzos morais sobre práticas e valores de outras culturas?

5. A cultura capitalista como cultura do lucro e da globalização. Deverá o estado impor limites á livre concorrência de empresas?

6. O terrorismo e o estado islâmico serão uma consequência do choque cultural e religioso ou do expansionismo bélico ocidental e busca de recursos?

7. Emigração e refugiados. Abrir ou fechar fronteiras? Qual o impacto sobre a vida das pessoas? Análise de um caso.