terça-feira, 26 de maio de 2020

Texto para resumo Yan 10A

A justiça é a virtude primeira das instituições sociais, tal como a verdade o é para os sistemas de pensamento. Uma teoria, por mais elegante ou parcimoniosa que seja, deve ser rejeitada ou alterada se não for verdadeira; da mesma forma, as leis e instituições, apesar de poderem ser eficazes e bem concebidas, devem ser reformadas ou abolidas se forem injustas. Cada pessoa beneficia de uma inviolabilidade que decorre da justiça, a qual nem sequer em benefício do bem-estar da sociedade como um todo poderá ser eliminada. Por esta razão, a justiça impede que alguns percam a liberdade para outros passarem a partilhar um bem maior. Não permite que os sacrifícios impostos a uns poucos sejam compensados pelo aumento das vantagens usufruídas por um maior número. Assim, numa sociedade justa, a igualdade de liberdade e direitos entre os cidadãos é considerada definitiva.
(...)
Na teoria da justiça como equidade, a posição da igualdade original corresponde ao estado de natureza na teoria tradicional do contrato social.Esta posição original não é, evidentemente, concebida como uma situação histórica concreta, muito menos como um estado cultural primitivo. Deve ser vista como uma situação puramente hipotética, caracterizada de forma a conduzir a uma certa concepção da justiça. Entre as características essenciais está o facto de que ninguém conhece a sua posição na sociedade, a sua situação de classe ou estatuto social, bem como a parte que lhe cabe na distribuição de atributos e talentos naturais, como a sua inteligência, a sua força e outras qualidades semelhantes. Parto inclusivamente do princípio de que as partes desconhecem as suas concepções do bem e as suas tendências psicológicas particulares. Os princípios da justiça são escolhidos a coberto de um véu de ignorância. Assim se garante que ninguém é beneficiado ou prejudicado na escolha daqueles princípios pelos resultados do acaso natural ou pela contingência das circunstâncias sociais. Uma vez que todos os participantes estão numa situação semelhante e que ninguém está em posição de designar princípios que beneficiem a sua situação particular, os princípios da justiça são o resultado de um acordo ou negociação equitativa, (...) isto justifica a designação "justiça como equidade": transmite a ideia de que o acordo sobre os princípios da justiça é alcançado numa situação inicial que é equitativa. Não decorre daqui que os conceitos de justiça e equidade sejam idênticos, tal como também não decorre da frase "a poesia como metáfora" que os conceitos de poesia e de metáfora o sejam.

John Rawls, Uma Teoria da justiça in Textos e problemas de Filosofia

domingo, 24 de maio de 2020

Temas do mundo contemporâneo - Trabalho Cidadania












Tema 1.
Será legítima eticamente a exploração do fundo do mar? Confronto entre uma ética antropocêntrica e capitalista e uma ética ecocêntrica.
10A - Grupo 1, Ana Beatriz, Beatriz B, Julia, Mafalda, Madalena
10B - Vasco F, Vasco S, Tomás, Rodrigo.
TEXTOS DE REFERÊNCIA AQUI

Tema 2.
A exploração do cobalto. Será justa uma sociedade com clivagens sociais? Qual a importância dos Direitos humanos face à globalização?
10B - Manuel C, Gonçalo, Leonor S, Matilde 
 TEXTOS DE REFERÊNCIA AQUI

Tema 2 - 
O problema da justiça social. Qual o modelo de sociedade justa? Comparação entre o modelo social da China e da Islândia.
10A - Camila Simões, Inês P, Yan, Daniela, Chloé
TEXTO DE REFERÊNCIA: AQUI
 
Tema 3
Interculturalidade. Diferenciação cultural a partir de vários mitos da criação.
Comparação  entre dois mitos da criação distintos. O que os distingue o que é comum.Será que a diferenciação cultural é benéfica para o desenvolvimento humano?
10A -  Catarina L, Livia, Manuel, Diogo R, José C
10B - Tiago O, Max, Manuel N
 VER: http://www.bigmyth.com/2_eng_myths.html

Tema 4.
O terrorismo como choque violento entre duas culturas. Qual a origem do terrorismo?
10A - Inês B, Marta S, João Parreira, Tomás A
10B - Catarina, Leonor P, Constança, Margarida 
TEXTO DE REFERÊNCIA - Zizec " A violência"
Obra AQUI
Ver o Capítulo 3 Andante ma non troppo e molto cantabile “Está solta a maré escura de sangue."

Tema 5
Relativismo cultural. Não temos legitimidade para julgar práticas cruéis existentes ? Análise de algumas práticas culturais opostas.
10A - João Passos,  Gabriel, Gonçalo, Tomás M
10B - Iris, Bruno, Filipe, Oriana
VER TEXTOS DE REFERÊNCIA AQUI

Tema 6
Guerra, emigração, refugiados.Quais as políticas corretas? Análise de duas formas de tratar o problema.
10A - Margarida, Salomé,Matilde, M Inês
10B - Leonor A, Pedro J, Gabriel, Duarte
 VER TEXTO DE SINGER SOBRE REFUGIADOS AQUI

Tema 7
O problema da justiça social. Qual o modelo de sociedade justa? Comparação entre o modelo social da China e da Islândia.
10B - Madalena, Pedro C, Beatriz, Gelsane 
TEXTO DE REFERÊNCIA: AQUI

Trabalho de grupo - 4 alunos por grupo
Para defender oralmente nas aulas 
Apresentar em diapositivo
Cada grupo tem 20m para apresentar o trabalho (não pode exceder)

Entregar todos os diapositivos dos trabalhos (todos os grupos): 
3 Junho/10B - 8 Junho/10A enviar para logosferas@gmail.com

(Todas as datas têm de ser cumpridas, quem não entregar na data não pode mais realizar o trabalho. Se houver um elemento que falte, a oral far-se-á com os restantes)

Apresentação oral : 
Grupos 1, 2 -   3 de Junho 10B e 8 Junho 10A
Grupos 3, 4  -  8 de Junho 10A  e 9 Junho 10B
Grupos 5,6  - 15 Junho 10A e 16 Junho 10B
Grupo 7 - 17 Junho 10B

Estrutura:
10 a 15 diapositivos
 Introdução, desenvolvimento e conclusão (a conclusão deve introduzir uma posição pessoal e justificada sobre o problema apresentado) 

Objetivos gerais :
Investigar 
Problematizar e argumentar
Analisar documentos
Seleccionar e síntetizar informação
Ser criativo
Trabalhar com os outros

Avaliação:

Diapositivo: 10 Pontos

1. Linguagem correta 1
2. Criatividade 3
3. Boa investigação e informação com interesse3
4. Problematização e pensamento filosófico 3

Oral 10 Pontos

Cada aluno deve falar 5 minutos sem ler. Na oral os alunos têm de estar com a câmara ligada.
1. Boa assimilação da informação  3
2. Capacidade de colocar questões pertinentes 2
3. Boa articulação do discurso 2
4. Originalidade e correção nos procedimentos 3

Este trabalho contará para avaliação de três parâmetros: Trabalhos de aula/Oral/Atitudes e valores


quarta-feira, 20 de maio de 2020

Resumo de texto Tomás Antunes,10A e Vasco Fernandes,10B






Fotograma do filme "A raínha africana", 1951 John Houston


A Natureza, Sr Allnut, é aquilo que viemos a este mundo para ultrapassar"
Nature, Mr Allnut, is what we were put in the world to rise above.

Frase de Katherine Hepburn para Humprey Bogart na Rainha Africana (1951)

Na obra Principia Ethica (1903), o filósofo G. E. Moore defendeu o que ele chamou de “argumento da pergunta aberta" (…).Moore alega que qualquer tentativa para definir “bom” em termos naturalistas – tal como prazer, utilidade, ou, como um mandamento divino – tem de falhar, porque permanece sempre a questão em aberto se o prazer, ou a utilidade ou aquele particular mandamento divino, são realmente bons. Se essa definição naturalista fosse boa, como a definição de triângulo enquanto uma figura plana com três ângulos, então a questão “É o triângulo realmente uma figura com três lados?”, não faria sentido, o que apenas assinala o falhanço da definição de “bom”. A formulação de Moore deu origem a um enorme debate. É razoável objetar que ficou por formular a seguinte questão: se uma dessas definições estiver correta então já esta questão não está em aberto. Mas teremos que admitir que nenhuma definição de “bom” em termos de propriedades naturais é muito plausível. O fosso original “é- deves” de Hume permanece.

(…) alguns filósofos, nomeadamente, Immanuel Kant, no século XVIII, pensava que podemos extrair os princípios morais puramente da razão. Isto parece reduzir a imoralidade a um mero erro lógico matemático. E, face a isto, parece absurdo, apesar dos sucessivos esforços dos seguidores de Kant, para considerar que o absurdo só o é porque não somos espertos o suficiente para o compreender. Há muito tempo que este tem sido o estratagema de filósofos e teólogos: se discordares do seu dogma então deves ser estúpido ou fraco. Prefiro continuar a pensar que não percebo.

Então devemos admitir que tudo o que diz respeito a valores, bondade ou correção é arbitrário? Não. (...)
Uma proposta de resposta é aquela que aponta para considerarmos as nossas vontades e desejos face ao valor. Querer qualquer coisa tem implícito que vejamos isso que queremos como valioso. O nosso desejo é um facto sobre nós, mas parece apontar para um valor. Cuidamos do que desejamos, e, por  definição, aquilo que cuidamos é o que valorizamos. Stuart Mill adota esta estratégia quando declara no Utilitarismo (1863) “a única evidência sobre o facto de algo ser desejável é porque alguém realmente o deseja.” Por tal, Mill foi acusado de cometer uma falácia naturalista por se ter equivocado em relação ao significado de “desejável”. Significa “o que merece ser desejado” ou “o que é capaz de ser desejado”? O facto de uma coisa ser desejada prova que ela pode sê-lo; mas não prova que deva ser desejada. Pois nem sempre o que desejamos merece ser desejado.

(...) Mas como poderemos saber qual dos nossos desejos devemos aprovar?

Uma abordagem outrora apreciada apela para ideia de que os nossos desejos são dignos desde que provenham da nossa autêntica natureza humana. Daoistas, Epicuristas e Aristotélicos, entre outros dignatários da antiga sabedoria sempre nos incentivaram a seguir a natureza. Mas o que quer isso dizer?

(...) O que a biologia nos ensina acerca da natureza humana é que, em sentido realista, não há tal coisa como a natureza humana. A única atitude coerente que podemos ter perante esse facto é a existencialista; se há algum ensinamento que podemos encontrar na natureza é a de que nada aí existe que possamos seguir. Logo, só podemos aspirar a criá-lo.”

Ronnie de Sousa "Nascemos existencialistas"Ver artigo AQUI

terça-feira, 19 de maio de 2020

Texto para resumo Salomé Batista, 10A e Tomás Pardal,10B

Quadro e Sorolla, rapaz a vender peixe

Algumas objecções à ética utilitarista de Stuart Mill

As objecções que irás considerar têm uma estratégia em comum. A ideia é partir dos juízos que fazes acerca de casos particulares. Se esses juízos afirmam que uma acção é errada e a ética de Mill implica que é certa, terás indícios para defender que a teoria é falsa.

A objecção da máquina de experiências

Esta objecção foi formulada pelo filósofo Robert Nozick. Imagina que tens à tua disposição um computador capaz de te fornecer todas as experiências que mais desejas. Passarás a ser uma pessoa absolutamente feliz e não alguém que ora sente alegria e entusiasmo pela vida, ora tristeza e tédio. A tua felicidade não terá interrupções. Mas tens de escolher entre ligar-te à máquina de experiências ou prosseguir a vida que já tens. Lembra-te que, se o fizeres, poderás viver a ilusão de seres, por exemplo, um ídolo pop, um revolucionário que transforma o mundo num lugar perfeito ou até um jogador de futebol milionário, informado e com gosto. Qual é a tua escolha?
Se o utilitarismo de Mill for verdadeiro, a escolha certa é estabelecer a ligação à máquina. Mas muito provavelmente não vais ser capaz de esquecer o valor que tem o facto de viveres uma vida real e dar o salto para a doce ilusão. Parece claro que fazer certas coisas tem valor para além do sentimento de felicidade que produz em ti. Não queres perder a autonomia e a realidade de fazer as coisas. Isto é eticamente crucial e está acima da felicidade.

A objecção da justiça

Um crime horrível ocorreu numa cidade. O chefe da polícia descobriu que o assassino está morto. Todavia, ninguém acreditará nele caso apresente os indícios conclusivos que tem em sua posse. O estado de pânico na cidade é incontrolável. Rapidamente um suspeito terá de ser julgado e condenado. Se tal não acontecer, revoltas semearão o caos e a violência. Haverá certamente mortos e feridos.
Estava o angustiado chefe da polícia a pensar no caso e eis que entra no seu gabinete um desconhecido que lhe diz vaguear pela cidade e não ter relações ou amizades que o prendam ao mundo. O chefe da polícia tem de repente a solução para o caso. Por que não prender o vagabundo solitário e manipular as provas de maneira a que ele seja julgado, condenado e executado, uma vez que a lei estabelece a pena de morte para casos do género? Ninguém saberá o que de facto se passou. Se for esta a opção, morrerá uma pessoa mas a vida e o bem-estar de outras serão preservados. A consequência será claramente mais felicidade para o maior número. Ora, se o utilitarismo for verdadeiro, esta é a opção certa. Mas será esta a opção justa? Não haverá aqui um conflito muito sério entre o padrão utilitarista e o valor da justiça? Se para ti o valor da justiça é mais importante que o Princípio da Maior Felicidade, verás nesta história uma razão para rejeitar o utilitarismo de Mill.

Faustino Vaz

segunda-feira, 18 de maio de 2020


Teste formativo de Filosofia para consolidar conteúdos.

Professora Helena Serrão



Escolha apenas uma opção correta para cada pergunta:

13. Segundo Stuart Mill uma ação é moralmente correta se:
(A)   tem consequências positivas para o agente
(B)   é determinada pela intenção.
(C)   é realizada por uma vontade autónoma
(D)   produz maior felicidade para as pessoas por ela afetadas

14. De acordo com a ética utilitarista de Mill, mentir
(A) pode ser correto, dependendo das consequências.
(B) é incorreto, porque nunca se deve mentir.
(C) pode ser correto, mas isso não depende das consequências.
(D) é correto, porque nenhuma lei proíbe a mentira.

15.Stuart Mill defende que uma ação tem valor moral
(A) sempre que o agente renuncia ao prazer.
(B) quando a intenção do agente é boa.
(C) sempre que resulta de uma vontade boa.
(D) quando dela resulta um maior bem comum.

16.          O utilitarismo defende o egoísmo. Stuart Mill rejeitou esta objeção argumentando que
A.           o utilitarismo é uma teoria ética.
B.            o utilitarismo defende o consequencialismo.
C.            o agente deve ser imparcial ao calcular a felicidade decorrente das ações.
D.           o utilitarismo considera que apenas as ações desinteressadas têm valor moral.


17. A moral deontológica distingue-se nos seus fundamentos da moral utilitarista porque:
(A) A primeira é material enquanto a segunda privilegia a felicidade
(B) A primeira fundamenta-se em princípios universais “a priori” e a segunda em resultados práticos
(C) Não se distinguem pois são ambas absurdas.
(D) A segunda tem um código de deveres e a primeira maximiza a felicidade.

18.          Os direitos das pessoas devem constituir limites às ações que fazemos, mesmo que delas resulte um enorme bem social. Esta afirmação insere-se
A.           no utilitarismo.
B.            na ética deontológica.
C.            tanto na ética deontológica como no utilitarismo.
D.           em objeções aplicáveis tanto à ética deontológica como ao utilitarismo.

19.        Stuart Mill e Kant não estão de acordo quanto
A.           à existência de um princípio ético fundamental.
B.            ao facto de a moralidade não ser relativa.
C.            à importância ética da felicidade.
D.           à rejeição do egoísmo.

20.         A atividade que, segundo Stuart Mill, proporciona inequivocamente um prazer superior é:
A.           Contemplar a pintura “Rapariga com Brinco de Pérola”, de Vermeer.
B.            Comer um bife com molho de mostarda e mel.
C.            Cozinhar.
D.           Passear.



DILEMAS MORAIS.
As calotes polares estão a derreter devido ao aquecimento da terra. Isso pode significar uma perda irreparável de água. Morte de muitos animais. Um desequilíbrio irreversível para a saúde da natureza.
A tua responsabilidade é diminuir a pegada ecológica, impor medidas aos governos através de uma intervenção em grupos cívicos.
Implica sacrifícios. Estarias disposto/a a sacrificar o teu conforto por esta causa?

TPC para sexta-feira
1. Um rapaz tem a promessa do presidente da câmara para realizar um bairro com jardins e centro cultural para um grupo de desfavorecidos. Por outro lado o rapaz tem provas de que o presidente é corrupto e que desviou dinheiro para a sua conta pessoal. Se em tribunal testemunhar contra o presidente não terá o bairro construído pois o presidente será preso, se não testemunhar tem a promessa que esse projeto se realizará.

Que deve fazer o rapaz? Avalie a questão segundo os princípios da ética deontológica de kant e da ética utilitarista de Stuart Mill. Qual a sua opinião, o que faria neste caso? Fundamente com boas razões. Coloque objeções à sua posição e responda a essas objeções.




sexta-feira, 15 de maio de 2020

Resumo de texto Matilde Roque 10A e Rodrigo Lapa 10B


Há ações intrinsecamente erradas ou será que são erradas apenas por causa das suas consequências? Vamos supor que ao torturar alguém estamos a salvar uma vida humana, ou dez, ou cem. Se for assim, deveria a tortura ser moralmente admissível ou até mesmo imperativa? Vamos supor que com a pena de morte estamos, de facto, a impedir o assassínio e que cada execução pode salvar duas vidas de inocentes, ou três, ou uma dúzia. Se for assim, deveria a pena de morte ser moralmente admissível ou talvez até imperativa? E como deveríamos estar a responder a estas perguntas?

Numa certa perspetiva, o melhor método, talvez o único viável, seja começar por examinar as nossas intuições. (...)
Para testar as nossas intuições morais e perceber mesmo o que a moralidade exige, ocuparam-se com uma série de dilemas, na sua maioria conhecidos como Dilemas do Trólei. Eis dois dos mais importantes:
1. O Problema do Trólei. Está em pé, ao lado de uma linha férrea, e vê um comboio a aproximar-se de si. Percebe que os seus travões falharam. Há cinco pessoas amarradas ao carril. Vão morrer, a não ser que tome uma atitude. E você está mesmo ao lado de um interruptor. Se o puxar, o comboio muda de linha. O problema é que há uma pessoa amarrada nessa outra linha e ao puxar o interruptor irá matá-la. Deve puxá-lo?
2. O Problema da Ponte. Está numa ponte pedonal a olhar para a linha férrea e vê um comboio aproximar-se. Percebe que os seus travões falharam. Há cinco pessoas amarradas ao carril. Vão morrer, a não ser que tome uma atitude. Um homem gordo está ao seu lado, debruçado na ponte, também a ver o comboio. Se o empurrar, ele vai cair e estatelar-se nos carris. E porque é obeso, o seu corpo irá travar o comboio e assim salvar as cinco pessoas — apesar de ele próprio morrer. Deverá empurrá-lo?
As intuições da maioria das pessoas sobre estes dois dilemas são muito claras. No Problema do Trólei, deveria puxar o interruptor; já no Problema da Ponte, não deveria empurrar o homem gordo. A questão é: o que diferencia estes dois casos? Uma vez identificada a resposta, talvez estejamos em condições de esclarecer o que está bem e o que está mal — não só sobre tróleis e pontes pedonais, mas sobre os pilares onde assenta a ética e os limites ao pensamento utilitarista. E, na volta, pode-se responder a uma vasta gama de questões que se colocam na vida real, questões que envolvem não apenas os temas da tortura, da pena de morte e dos conflitos armados, mas também o uso legítimo da coerção, das nossas obrigações para com estranhos e, no que respeita a temas de saúde e da segurança, onde e como devemos situar as análises de custo-benefício.


CASS R. SUNSTEIN

Resumo do diapositivo Marta Silva 10A e Tiago Oliveira 10B

Diapositivos presentes na página principal da Logosfera com o título "Ética deontológica versus ética utilitarista - duas perspectivas de fundamentar a moral."
Mantém-se a mesma estrutura do resumo de texto.

Matriz para a próxima aula de revisões.

Pintura, Sorolla

Chamada oral para testar algumas competências como:
a) conceptualizar
b) problematizar
c) argumentar
d) justificar
e) analisar
f) avaliar

Conteúdos:
1. Relacionar os conceitos de ética e moral
2. Distinguir o âmbito e problemas das várias áreas da ética: metaética, ética normativa e ética prática.
3. A ética deontológica e a ética utilitarista.
a) Definir o conceito de deontologia.
b) Analisar as teses da ética deontológica.
c) Expôr o critério deontológico da ação moral
d) Distinguir ações por dever, conforme ao dever e contra o dever.
e) Esclarecer  o conceito de boa vontade
f) Aplicar os conceitos de imperativo categórico e hipotético a situações.
g) Equacionar os conceitos de autonomia e heteronomia moral
h) Justificar a importância da lei moral ser absoluta e universal
i) Formular as duas expressões do imperativo categórico.
j) Escolher contra-exemplos para criticar a teoria deontológica
l) Avaliar a teoria deontológica

A ética utilitarista
a) Saber o argumento de S.Mill contra a ética deontológica de Kant
b) Problematizar o conceito de felicidade utilitarista.
c) Explicar a tese utilitarista.
d) Relacionar o utilitarismo e o hedonismo
e) Expôr o critério utilitarista da ação moral
f) Justificar a necessidade de altruísmo e imparcialidade da ação moral
g) Definir o conceito de prazer superior e inferior.
h) Colocar contra exemplos ao utilitarismo
i) Explicitar as principais objeções a esta teoria.

j) Comparar as duas teorias
l) Avaliar a comparação entre duas teorias

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Uma objeção à ética de Kant





Kant, esse «homem notável, cujo sistema de pensamento permanecerá por muito tempo como um dos marcos na especulação filosófica, estabelece, realmente, no tratado em questão [a Fundamentação da Metafísica dos Costumes], um primeiro princípio universal como origem e fundamento da obrigação moral; é este: “Age de tal maneira que a regra da tua ação possa ser adotada como lei por todos os seres racionais”. Mas quando começa a deduzir deste preceito qualquer um dos deveres reais da moralidade, fracassa, de forma quase grotesca, em demonstrar que haveria qualquer contradição, qualquer impossibilidade lógica (para não dizer física), da adoção por todos os seres racionais das regras de conduta mais revoltantemente imorais. Tudo o que demonstra é que as consequências da sua adoção universal seriam de tal ordem que ninguém escolheria sofrê-las.»


John Stuart Mill, Utilitarismo, Gradiva, Lisboa, 2005, pág. 47.

Texto para resumo Pedro Jerónimo 10B

De dois prazeres, se houver um ao qual todos ou quase todos aqueles que tiveram a experiência de ambos derem uma preferência decidida, independentemente de sentirem qualquer obrigação moral para o preferir, então será esse o prazer mais desejável. Se um dos dois for colocado, por aqueles que estão competentemente familiarizados com ambos, tão acima do outro que eles o preferem mesmo sabendo que é acompanhado de um maior descontentamento, e se não abdicarem dele por qualquer quantidade do outro prazer acessível à sua natureza, então teremos razão para atribuir ao deleite preferido uma superioridade em qualidade que ultrapassa de tal modo a quantidade que esta se torna, por comparação, pouco importante.


Ora, é um facto inquestionável que aqueles que estão igualmente familiarizados com ambos, e que são igualmente capazes de os apreciar e de se deleitar com eles, dão uma preferência muitíssimo marcada ao modo de existência que emprega as suas faculdades superiores. Poucas criaturas humanas consentiriam ser transformadas em qualquer dos animais inferiores perante a promessa da plena fruição dos prazeres de uma besta, nenhum ser humano inteligente consentiria tornar-se tolo, nenhuma pessoa instruída se tornaria ignorante, nenhuma pessoa de sentimento e consciência se tornaria egoísta e vil, mesmo que a persuadissem de que o tolo, o asno e o velhaco estão mais satisfeitos com a sua sorte do que ela com a sua. (...) Um ser com faculdades superiores precisa de mais para ser feliz, provavelmente é capaz de um sofrimento mais agudo e certamente é-lhe vulnerável em mais aspectos. Mas, apesar destas desvantagens, não pode nunca desejar realmente afundar-se naquilo que se lhe afigura como um nível de existência inferior. (...) Quem supõe que esta preferência implica um sacrifício da felicidade - que, em igualdade de circunstâncias, o ser superior não é mais feliz que o ser inferior - confunde as ideias muito diferentes de felicidade e de contentamento. É indiscutível que um ser cujas capacidades de deleite sejam baixas tem uma probabilidade maior de as satisfazer completamente, e que um ser amplamente dotado sentirá sempre que, da forma como o mundo é constituído, qualquer felicidade que possa procurar é imperfeita. Mas pode aprender a suportar as suas imperfeições, se de todo forem suportáveis, e estas não o farão invejar o ser que, na verdade, está inconsciente das imperfeições, mas apenas porque não sente de modo nenhum o bem que essa imperfeições qualificam. É melhor um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; é melhor Sócrates insatisfeito do que um tolo satisfeito. E se o tolo ou o porco tê
m uma opinião diferente é porque só conhecem o seu próprio lado da questão. A outra parte da comparação conhece ambos os lados.




John Stuart Mill, Utilitarismo, Porto Editora, Porto, 2005

terça-feira, 5 de maio de 2020

Texto para resumo Lívia Calandrin 10A e Maxim Sá 10





(fotograma do filme de Lubitch Ser ou não ser )

Kant apresentou como critérios diferenciadores entre Direito e Moral a autonomia e a heteronomia. A autonomia indica a exigência, no plano moral, de uma adequação ou de uma conformidade absoluta entre a regra e a vontade pura do sujeito obrigado.A moralidade, sendo autónoma, não precisa se conformar com nada além da vontade pura do agente. O Direito, por sua vez, é heterónomo. Para a sua manifestação não se exige que a pessoa queira internamente realizar ou abster-se de um ato, basta que aja em conformidade exterior à norma.
1. As obrigações morais não são impostas por Deus nem resultam dos nossos sentimentos.
2. Os deveres morais são leis que a razão estabelece de modo idêntico para todos os seres racionais.
3. Kant pensava que só somos realmente livres se formos nós próprios a definir as leis a que o nosso comportamento deverá obedecer.
4. A moral baseia-se na razão e, nessa medida, pode ser conhecida a priori, sem qualquer contributo da experiência.- Agir moralmente significa seguir várias obrigações particulares como dizer a verdade, cumprir a palavra dada, não matar pessoas inocentes, não roubar, etc.- Agir segundo estas regras é agir com base em máximas universalizáveis, ou seja, máximas que qualquer pessoa nas nossas circunstâncias poderia também seguir.- Esta característica comum reflecte a nossa obrigação moral básica: agir segundo máximas que todos possam também seguir.- Esta obrigação moral é o fundamento de todas as nossas obrigações morais particulares.- Trata-se do IMPERATIVO CATEGÓRICO ou lei moral.

CONCLUSÕES
1. A ética é um sistema de regras absolutas;
2. O valor moral das ações provém das intenções com que são praticadas;
3. As regras morais devem ser respeitadas independentemente das consequências;
4. As regras morais são leis que a razão estabelece para todos os seres racionais.- Kant pensava que a exigência de praticar apenas ações cujas máximas pudessem ser universalizadas garantia que as regras morais fossem absolutas. 

- A ideia de que temos a obrigação de não mentir seja em que circunstância for não é fácil de defender. - Kant acreditava que as regras morais serem absolutas é uma consequência de apenas serem permitidas as ações cujas máximas podem ser universalizadas.- Isto levou-o a concluir que obrigações como respeitar a palavra dada ou não mentir, não dependem das circunstâncias, sejam quais forem as consequências.
- Um exemplo pode mostrar que Kant não tem razão.- Durante a segunda guerra mundial, Helga esconde em sua casa uma amiga judia para evitar que ela seja deportada para um campo de extermínio. Um dia, um oficial nazista bate à porta de Helga e pergunta onde está a sua amiga. - Segundo Kant, Helga tinha o dever de dizer a verdade. - A máxima “É permissível mentir” não pode ser universalizada: se todos mentissem ninguém acreditaria e mentir deixava de ser eficaz.Mas a máxima “Mente na condição de isso permitir salvar a vida a um inocente” não tem este defeito.- “Mente na condição de isso te permitir salvar a vida de um inocente” pode ser universalizada.- Se esta máxima pode ser universalizada, respeita a exigência que o imperativo categórico coloca para que uma ação seja moralmente permissível.- Assim, a obrigação de dizer a verdade não pode ser absoluta: há pelo menos uma circunstância em que é permitido não dizer a verdade.- Logo, respeitar o imperativo categórico não justifica que a moral consista em seguir regras absolutas.

Professor Arnaldo filho
retirado daqui

Texto para resumo Julia Oliveira 10A e Oriana Silva 10B



(Fotografia de Ara Guler)

A veracidade nas declarações, que não se pode evitar, é o dever formal do homem em relação seja a quem for , por maior que seja a desvantagem que daí decorre para ele ou para outrem; e se não cometo uma injustiça contra quem me força injustamente a uma declaração, se a falsificar, cometo em geral, mediante tal falsificação, que também se pode chamar mentira (embora não no sentido dos juristas), uma injustiça na parte mais essencial do Direito: isto é, faço, tanto quanto de mim depende, que as declarações não tenham em geral crédito algum, por conseguinte, também que todos os direitos fundados em contratos sejam abolidos e percam a sua força – o que é uma injustiça causada à humanidade em geral.
Mas a mentira bem intencionada pode também, por um acaso (casus), ser passível de penalidade, segundo as leis civis.(...)
Se, por exemplo, mediante uma mentira, a alguém ainda agora mesmo tomado de fúria assassina, o impediste de agir és responsável, do ponto de vista jurídico, de todas as consequências que daí possam surgir. Mas se te ativeres fortemente à verdade, a justiça pública nada em contrário pode contra ti, por mais imprevistas que sejam as consequências. É, pois, possível que, após teres honestamente respondido com um sim à pergunta do assassino sobre a presença em tua casa da pessoa por ele perseguida, esta se tenha ido embora sem ser notada, furtando-se assim ao golpe do assassino e que, portanto, o crime não tenha ocorrido; mas se tivesses mentido e dito que ela não estava em casa e tivesse realmente saído (embora sem teu conhecimento) e, em seguida, o assassino a encontrasse a fugir e levasse a cabo a sua ação, poderias com razão ser acusado como autor da sua morte, pois se tivesses dito a verdade, tal como bem a conhecias, talvez o assassino, ao procurar em casa o seu inimigo, fosse preso pelos vizinhos que acorreram, e ter-se-ia impedido o crime. Quem, pois, mente, por mais bondosa que possa ser a sua disposição, deve responder pelas consequências, mesmo perante um tribunal civil, e por ela se penitenciar, por mais imprevistas que essas consequências possam também ser; porque a veracidade é um dever que tem de se considerar como a base de todos os deveres (...)

Immanuel Kant “ Sobre o suposto direito de mentir.”