quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

RESUMO GONÇALO 10B


Algumas falácias informais.

O raciocínio indutivo consiste em inferir das propriedades de uma amostra para as propriedades de um elemento não pertencente à amostra ou para as propriedades da população como um todo. Suponha-se, por exemplo, que temos uma lata com 1000 feijões. Alguns são pretos e outros são brancos. Suponha agora que retirámos da lata uma amostra de 100 feijões e que 50 eram brancos e outros 50 eram pretos. Então, podemos inferir indutivamente que metade dos feijões da lata (500 feijões) são pretos e que a outra metade é branca.
Todo o raciocínio indutivo depende da semelhança entre a amostra e a população. Quanto maior for a semelhança entre a amostra e a população como um todo, maior fiabilidade terá a inferência indutiva. Por outro lado, se a amostra tiver diferenças relevantes face à população, então a inferência indutiva não será fiável.
Mesmo que as premissas de um raciocínio indutivo sejam verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Apesar disso, uma boa inferência indutiva dá-nos uma boa razão para pensar que a conclusão é verdadeira.
Generalização Precipitada
A amostra é demasiado limitada e é usada apenas para apoiar uma conclusão tendenciosa.
Exemplos:
  1. Fred, o australiano, roubou a minha carteira. Portanto, os Australianos são ladrões. (Claro que não devemos julgar os Australianos na base de um exemplo.)
  2. Perguntei a seis dos meus amigos o que eles pensavam das novas restrições ao consumo e eles concordaram em que se trata de uma boa ideia. Portanto as novas restrições são populares.
Prova: Identifique as dimensões da amostra e a população em questão. Depois mostre que a amostra é insuficiente. Note-se que uma prova formal requer cálculo matemático porque está em jogo a teoria das probabilidades. Mas em muitas situações podemos confiar no bom senso.

Petição de Princípio (petitio principii)
A verdade da conclusão é pressuposta pelas premissas. Muitas vezes, a conclusão é apenas reafirmada nas premissas de uma forma ligeiramente diferente. Nos casos mais subtis, a premissa é uma consequência da conclusão.
Exemplos:
  1. Dado que não estou a mentir, segue-se que estou a dizer a verdade.
  2. Sabemos que Deus existe, porque a Bíblia o diz. E o que a Bíblia diz deve ser verdadeiro, dado que foi escrita por Deus e Deus não mente. (Neste caso teríamos de concordar primeiro que Deus existe para aceitarmos que ele escreveu a Bíblia.)
Prova: Mostre que para acreditarmos nas premissas já teríamos de aceitar a conclusão.

Espantalho
O argumentador, em vez de atacar o melhor argumento do seu opositor, ataca um argumento diferente, mais fraco ou tendenciosamente interpretado. Infelizmente é uma das “técnicas” de argumentação mais usadas.
Exemplos:
  1. As pessoas que querem legalizar o aborto, querem prevenção irresponsável da gravidez. Mas nós queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser legalizado.
  2. Devemos manter o recrutamento obrigatório. As pessoas não querem o fazer o serviço militar porque não lhes convém. Mas devem reconhecer que há coisas mais importantes do que a conveniência.
Prova: Mostre que o argumento oposto foi mal representado, mostrando que os opositores têm argumentos mais fortes. Descreva um argumento mais forte.
 Stephen Downes

Correção da ficha 1 sobre os argumentos indutivos, de analogia e de autoridade qualificada.




1. Não. Havendo uma grande probabilidade de o próximo ganso ser branco, todavia não podemos saber que é branco, porque não sabemos qual o universo total dos gansos. Se o universo total dos gansos existentes for aproximadamente de 1 milhão então poderemos ter uma previsão com alto grau de probabilidade e teremos por consequência um argumento indutivo forte. Mas se o universo dos gansos for muito superior a 1 milhão, dado que só observámos 1 milhão, a conclusão é mais fraca e também a probabilidade do próximo ganso ser branco é mais fraca..

2.Trata-se de um argumento indutivo, isto é, a partir de um certo número de observações tentamos encontrar um padrão que seja comum a todos os casos singulares observados e depois concluímos que esse mesmo padrão é válido para todos os casos não observados. Fazemos pois uma generalização. Nos argumentos dedutivos nunca podemos ter a certeza da verdade da conclusão permanecendo sempre como uma probabilidade da qual podemos fazer posteriormente uma previsão.

3. Trata-se de um argumento por analogia em que fazemos uma comparação entre dois elementos diferentes que têm algo semelhante , neste caso são ambos dotados de movimento . O fundamento lógico deste argumento é que a semelhança entre o corpo e uma máquina é relevante para o que queremos concluir, que ambos precisam de alimento, pois todos os corpos dotados de movimento gastam energia, logo necessitam de a repor através de qualquer forma de alimento.

4.Exemplo de um argumento por analogia: As mulheres são com os homens se os homens têm direito de votar as mulheres também têm esse direito.  As semelhanças entre os dois têm que ser relevantes para o tópico que queremos concluir. Neste caso tanto mulheres como homens como mulheres são dotados de capacidade de discernimento e autonomia, logo ambos têm direito de votar. Há também numerosas semelhanças entre homens e mulheres. Há uma diferença (o sexo) mas ela não é relevante para o direito ao voto.

5. A conclusão é que as autoridades não protegem os povos indígenas dos conflitos pela posse de terra. É um argumento de autoridade qualificada e é um bom argumento pois a fonte é citada e a organização (Amnistia Internacional) é bem documentada, aceite pelos seus pares e no caso de não haver dados de outras organizações que possam ser contrários, podemos confiar na conclusão.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Resumo Inês Rodrigues 10B


Argumentação e retórica

Introdução
A lógica formal e a lógica informal têm como objectivo distinguir os argumentos válidos dos argumentos inválidos e os argumentos bons dos argumentos maus. Quer no caso da lógica formal quer no caso da lógica informal, trata-se de estabelecer critérios objectivos que permitam saber, com o maior rigor possível, quando a conclusão de um argumento é verdadeira ou provável, caso as premissas também o sejam. Contudo, a lógica formal e a lógica informal não são as únicas disciplinas que estudam os argumentos. Para além delas há também outra disciplina que estuda os argumentos. A esta disciplina dá-se o nome de retórica e é vulgarmente caracterizada como a arte da persuasão, isto é, a arte que estuda os procedimentos que permitem a um orador fazer um auditório adirir aos pontos de vista que defende. Assim, apesar de, tal como a lógica formal e informal, a retórica também estudar os argumentos, a finalidade desse estudo é completamente diferente da daquelas disciplinas, uma vez que o seu objectivo não é descobrir e estabelecer as condições que permitem saber que determinadas proposições são verdadeiras ou plausíveis, mas tentar compreender e usar a capacidade persuasiva da argumentação na comunicação.

1. A natureza da retórica
Para Aristóteles, a retórica é uma arte que trata de questões que são do domínio do conhecimento comum e para as quais não existe arte específica, isto é, questões que não têm resposta científica e que podem ser objecto de deliberação por parte de um auditório. Este auditório é normalmente constituído por pessoas simples, facilmente influenciáveis, e incapazes de ver muitas coisas ao mesmo tempo ou de seguir longas cadeias de raciocínio. Por conseguinte, é a natureza das questões e do auditório, que tornam a retórica necessária. Ao contrário de filósofos seus contemporâneos tão importantes como Platão, Aristóteles considera a retórica útil porque:
  • A verdade e a justiça não devem ser vencidas;
  • Há alguns auditórios que nem mesmo a ciência mais exacta consegue persuadir;
  • É preciso ser capaz de argumentar sobre coisas contrárias, para dominar o tema e para, sempre que alguém argumente contra a justiça, ser possível refutar os seus argumentos;
  • Devemos ser capazes de nos defender verbalmente.
Apesar desta utilidade, a retórica também pode ser usada de forma injusta e causar grandes danos. É, por conseguinte, um instrumento que tanto pode ser usado para o bem como para o mal. No entanto, não é apenas com a retórica que isto acontece. Ela encontra-se na mesma situação que a maioria dos outros bens e em particular que os bens mais úteis, como a força, a saúde, a riqueza e o talento militar, que, se forem usados de forma justa, podem ser muito úteis, mas, se forem usados de forma injusta, poderão causar muitos prejuízos.

2. Definição aristotélica de retórica
Aristóteles trata a retórica e o discurso persuasivo como um domínio da realidade sobre o qual é necessário fazer uma investigação que permita a constituição de um saber. Consequentemente, define a retórica, não como a arte da persuasão, mas como a arte que permite determinar quais são os meios de persuasão mais adequados a cada caso.
Entendamos por retórica a capacidade de descobrir o que é adequado a cada caso com o fim de persuadir. Esta não é seguramente a função de outra arte; pois cada uma das outras é apenas instrutiva e persuasiva nas áreas da sua competência; como, por exemplo, a medicina sobre a saúde e a doença, a geometria sobre as variações que afectam as grandezas, e a aritmética sobre os números; o mesmo se passando com todas as outras artes e ciências. Mas a retórica parece ter, por assim dizer, a faculdade de descobrir os meios de persuasão sobre qualquer questão dada. E por isso afirmamos que, como arte, as regras se não aplicam a qualquer género específico de coisas.
Aristóteles, Retórica, I, 2.
A retórica é, portanto, a arte que estuda os meios de persuasão. Contudo, isso não significa que o seu objetivo seja apenas teórico. Aquele que os conhece é também aquele que está em melhores condições para aplicá-los e, por consequência, para ser persuasivo. Por isso, a retórica não é apenas uma arte que visa compreender o discurso persuasivo. É também uma técnica que permite ser persuasivo.
 Álvaro Nunes

FALÁCIAS INFORMAIS 2


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

TPC.10B - Para quarta dia 23 de Janeiro


Texto para resumo Rodrigo 10B

Apresente as suas idéias por uma ordem natural.
 Os argumentos curtos escrevem-se normalmente em um ou dois parágrafos. Coloque a conclusão primeiro, seguida das suas razões, ou apresente as suas premissas primeiro e retire a conclusão no fim. Em qualquer dos casos, apresente as suas idéias pela ordem que mais naturalmente revele o seu raciocínio ao leitor. Repare neste curto argumento de Bertrand Russell: Os males do mundo devem-se tanto a deficiências morais quanto à falta de inteligência. Mas a humanidade não descobriu até agora qualquer método para erradicar as deficiências morais [...] A inteligência, pelo contrário, é facilmente aperfeiçoada através de métodos que todos os educadores competentes conhecem. Logo, até que se descubra um método para ensinar a virtude, o progresso terá de ser alcançado através do aperfeiçoamento da inteligência, e não da moral2. Cada afirmação desta passagem conduz naturalmente à próxima. Russell começa por apontar duas fontes do mal no mundo: «deficiências morais», nas suas palavras, e «falta de inteligência». Afirma depois que não sabemos como corrigir as «deficiências morais», mas que sabemos como corrigir a falta de inteligência. Logo — note-se que a palavra «logo» marca claramente a sua conclusão —, o progresso terá de advir do aperfeiçoamento da inteligência.. Cada frase deste argumento está no lugar certo. E havia muitos lugares errados à sua disposição. Suponhamos que Russell o escrevera antes desta maneira: Os males do mundo devem-se tanto a deficiências morais quanto à falta de inteligência. Até que se descubra algum método para ensinar a virtude, o progresso terá de ser alcançado através do aperfeiçoamento da inteligência, e não da moral. A inteligência é facilmente aperfeiçoada através de métodos que todos os educadores competentes conhecem.
Mas a humanidade não descobriu até agora qualquer método para erradicar deficiências morais. Estas são exatamente as mesmas premissas e conclusão, mas estão numa ordem diferente, e a palavra «logo», antes da conclusão, foi omitida. Agora o argumento é muito mais difícil de compreender: as premissas não estão naturalmente encadeadas e temos de ler a passagem duas vezes só para percebermos a conclusão. Não espere que os seus leitores sejam assim tão pacientes. É de esperar que sejam necessárias várias reformulações do seu argumento até encontrar a ordem mais natural. As regras discutidas neste livro deverão ajudá-lo: pode usá-lo não apenas para descobrir de que premissas necessita, mas também para as formular da maneira mais natural.  

 Parta de premissas fidedignas.
 Por melhor que argumente a partir das premissas para a conclusão, a sua conclusão será fraca se as suas premissas forem fracas. Hoje não há ninguém no mundo realmente feliz. Logo, parece que os seres humanos não foram feitos para a felicidade. Por que devemos esperar o que nunca poderemos encontrar? A premissa deste argumento é a afirmação de que hoje não há ninguém no mundo realmente feliz. Pergunte-se se esta premissa é plausível. Não há ninguém hoje no mundo realmente feliz? Esta premissa precisa, no mínimo, de alguma defesa e é muito natural que não seja pura e simplesmente verdadeira. Logo, este argumento não pode mostrar que os seres humanos não foram feitos para a felicidade ou que não devemos ter esperança nela. Por vezes, é fácil começarmos por premissas fidedignas. Podemos dispor de exemplos muito conhecidos ou de autoridades bem informadas que estão claramente de acordo. Outras vezes é mais difícil. Se não tem a certeza de que uma premissa é fidedigna, pode ter de fazer alguma pesquisa e/ou apresentar um curto argumento para defender a própria premissa. (Regressaremos a este tema em capítulos posteriores, especialmente na regra 32 do capítulo VII.) Se descobrir que não pode argumentar adequadamente a favor da sua premissa ou premissas, então, está claro, é necessário que desista completamente desse argumento e comece por outro lado.

Anthony Weston, A arte de argumentar

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019


Resumo de Texto Kelly

 Erwitt


 
 Porque em filosofia argumentamos uns com os outros sobre questões filosóficas é natural pensar que a filosofia é um processo "adversarial" [antagónico] como dois advogados (o de acusação e o de defesa) que argumentam um contra o outro num tribunal.
Contudo, há duas razões pelas quais esta comparação dos filósofos com os advogados não é boa. Em primeiro lugar, o objectivo de cada advogado é ganhar a causa do seu cliente — quer o seu cliente esteja inocente quer não. Pelo contrário, o objectivo de dois filósofos que se encontrem a argumentar um com o outro é chegar à verdade — seja ela qual for e seja quem for que tenha razão. Como um estudante afirmou, eloquentemente, o objectivo de cada advogado é ganhar a causa, quer ele tenha a verdade quer não, ao passo que o objectivo de cada filósofo é chegar à verdade, quer ele ganhe o argumento quer não. (Sendo os filósofos seres humanos, nem sempre são assim tão imparciais, mas o ideal é este.)

Em segundo lugar, num julgamento há uma autoridade (o juiz ou o júri) que os advogados tentam persuadir, e que em última análise determina se o acusado está ou não inocente. Em filosofia, pelo contrário, não há qualquer juiz ou júri com autoridade para tornar uma posição incorrecta e a outra correcta. Só existimos nós. Claro que alguns de nós sabem mais do que outros sobre questões filosóficas, e o mais sábio é ficar atento e aprender com quem sabe mais do que nós, mas quando chega o momento de tomar decisões relativamente a um tema filosófico somos todos igualmente responsáveis pelas nossas crenças e devemos por isso tomar, cada um de nós, as suas próprias decisões.

                            Richard E. Creel, Thinking Philosophical.Trad.  Desidério Murcho