sábado, 30 de setembro de 2023

Texto para resumo Joana Vaz




COMO USAM OS FILÓSOFOS AS CELULAZINHAS CINZENTAS

Raciocinar em filosofia é semelhante a raciocinar em outras áreas. Frequentemente raciocinamos acerca de questões como 'Quem cometeu o crime?', 'Que carro comprar?',  'Há um número primo maior do que todos?' ou 'Como curar o cancro?' Ao abordar estes temas, clarificamos as questões e colhemos informação de fundo. Consideramos o que outros disseram sobre o assunto. Consideramos perspectivas alternativas e as objecções a estas. Fazemos distinções e pesamos os prós e contras. O clímax do processo atinge-se quando tomamos posição e tentamos justificá-la. Explicamos que a resposta tem de ser tal e tal e apontamos para outros factos que justificam a nossa resposta. Isto é raciocínio lógico, no qual vamos de premissas para uma conclusão.
Raciocinar logicamente é concluir algo a partir de algo diferente. Por exemplo, concluir que foi o mordomo que cometeu o homicídio a partir das crenças (1) ou foi o mordomo ou a criada e (2) a criada não pode ter sido. Se colocamos o raciocínio em palavras temos um argumento - uma série de proposições consistindo em premissas e uma conclusão:

Ou foi o mordomo ou a criada.
A criada não foi.
Logo, foi o mordomo.

[…] Este argumento é válido, o que significa que a conclusão se segue logicamente das premissas. Se as premissas são verdadeiras, então a conclusão tem de ser verdadeira. Portanto, se podemos ter confiança nas premissas, podemos estar confiantes de que foi mordomo que cometeu o crime.
Dizer que um raciocínio é válido é dizer que a conclusão se segue das premissas e não que as premissas são verdadeiras. Para provar algo precisamos, além da validade do argumento, de premissas verdadeiras. Provamos a nossa conclusão se ela se segue logicamente de premissas claramente verdadeiras.  
A filosofia envolve muito raciocínio lógico. A forma mais comum de raciocínio lógico em filosofia consiste em atacar-se uma tese P argumentando que ela conduz ao absurdo Q:

Se P é verdadeiro, então Q também o será.
Q é falso.
Logo, P é falso.

Ao examinarmos uma tese, consideramos as suas implicações e vamos à procura das falhas. Se encontramos implicações claramente falsas, então mostrámos que a tese é falsa; se encontramos implicações altamente duvidosas, então a tese é duvidosa.
Na formação das nossas perspetivas filosóficas são igualmente importantes o raciocínio e o empenho pessoal. O raciocínio só por si não resolve todas as disputas. Uma vez considerados os argumentos de um lado e de outro, temos de tomar uma decisão. Se nos decidimos por uma perspectiva que levanta fortes objecções, temos de estar à altura de lhes responder.

Harry Gensler, Ethics - A Contemporary Introduction. (London & New York, 1998, p. 3). Tradução de Carlos Marques.

 


A filosofia não é algo que nos seja completamente estranho. Está omnipresente nas nossas vidas, de maneiras triviais e importantes. Porém, o que é a filosofia?   O que procuram os filósofos alcançar?

Tradicionalmente, os filósofos quiseram compreender a natureza de tudo, de um modo muito geral: a existência e a inexistência, a possibilidade e a necessidade, o mundo do senso comum, o mundo da ciência natural, o mundo da matemática, as partes e os todos, espaço e tempo, causa e efeito, mente e matéria. Querem compreender a nossa compreensão ela mesma; o conhecimento e a ignorância, a crença e a dúvida, a aparência e a realidade, a verdade e a falsidade, o pensamento e a linguagem, a razão e a emoção. Querem compreender e ajuizar o que fazemos com essa compreensão: ação e intenção, meios e fins, bem e mal, correto e incorreto, facto e valor, prazer e dor, beleza e fealdade, vida e morte, e mais. A filosofia é superambiciosa.

Esta breve descrição coloca uma pergunta óbvia: uma vez que os cientistas estudam muitos destes tópicos, como se relaciona a filosofia com a ciência? Estas nem sempre estiveram separadas. Desde os antigos gregos, a filosofia incluía a filosofia natural, o estudo do mundo natural (…) a filosofia natural, ou ciência natural, desenvolveu uma metodologia particular, conferindo um papel crucial à experimentação, à observação exata através de instrumentos especiais como os telescópios e microscópios, à medição e ao cálculo. (enquanto a metodologia filosófica não recorre a estes métodos, o seu método é argumentar e problematizar. Cada vez mais esta filha da filosofia se foi assemelhando a uma rival e a uma ameaça mortal à sua progenitora. (…)  Se é um duelo, a filosofia parece em desvantagem, pois dispõe apenas do pensamento, ao passo que a ciência natural tem também aqueles outros métodos.

Timothy Williamson, Filosofar. Da curiosidade comum ao raciocínio lógico. Lisboa, Gradiva,2019,  p.13,14 e 15,

 

domingo, 24 de setembro de 2023

Texto para resumo Inês Ferreira 10C


A filosofia não é algo que nos seja completamente estranho. Está omnipresente nas nossas vidas, de maneiras triviais e importantes. Porém, o que é a filosofia?  O que procuram os filósofos alcançar?

Tradicionalmente, os filósofos quiseram compreender a natureza de tudo, de um modo muito geral: a existência e a inexistência, a possibilidade e a necessidade, o mundo do senso comum, o mundo da ciência natural, o mundo da matemática, as partes e os todos, espaço e tempo, causa e efeito, mente e matéria. Querem compreender a nossa compreensão ela mesma; o conhecimento e a ignorância, a crença e a dúvida, a aparência e a realidade, a verdade e a falsidade, o pensamento e a linguagem, a razão e a emoção. Querem compreender e ajuizar o que fazemos com essa compreensão: ação e intenção, meios e fins, bem e mal, correto e incorreto, facto e valor, prazer e dor, beleza e fealdade, vida e morte, e mais. A filosofia é superambiciosa.

Esta breve descrição coloca uma pergunta óbvia: uma vez que os cientistas estudam muitos destes tópicos, como se relaciona a filosofia com a ciência? Estas nem sempre estiveram separadas. Desde os antigos gregos, a filosofia incluía a filosofia natural, o estudo do mundo natural (…) a filosofia natural, ou ciência natural, desenvolveu uma metodologia particular, conferindo um papel crucial à experimentação, à observação exata através de instrumentos especiais como os telescópios e microscópios, à medição e ao cálculo. (enquanto a metodologia filosófica não recorre a estes métodos, o seu método é argumentar e problematizar Cada vez mais esta filha da filosofia se foi assemelhando a uma rival e a uma ameaça mortal à sua progenitora. (…)  Se é um duelo, a filosofia parece em desvantagem, pois dispõe apenas do pensamento, ao passo que a ciência natural tem também aqueles outros métodos.

 

 Conceitos principais Filosofia e Ciência e método

Tema: A relação Filosofia e Ciência

Timothy Williamson, Filosofar. Da curiosidade comum ao raciocínio lógico. Lisboa, Gradiva,2019,  p.13,14 e 15,

 

 

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Texto para resumo Inês 10ºC


Faça o resumo do texto (tendo em conta as regras do resumo) e interprete a figura acima.
 
" O núcleo da filosofia reside em certas questões que o espírito reflexivo humano acha naturalmente enigmáticas, e a melhor maneira de começar o estudo da filosofia é pensar diretamente sobre elas.

(...) A filosofia faz-se colocando questões, argumentando, ensaiando ideias , pensando em argumentos possíveis contra elas e procurando saber como funcionam realmente os nossos conceitos.
A preocupação fundamental da filosofia consiste em questionarmos e compreendermos ideias muito comuns que usamos todos os dias sem pensarmos nela. Um historiador pode perguntar o que aconteceu em determinado momento do passado, mas um filósofo perguntará: 'O que é o tempo?'. Um matemático pode investigar as relações entre os números, mas um filósofo perguntará: 'O que é um número?'. Um físico perguntará de que são constituídos os átomos ou o que explica a gravidade, mas um filósofo irá perguntar como podemos saber que existe qualquer coisa fora das nossas mentes. Um psicólogo pode investigar como é que as crianças aprendem uma linguagem, mas um filósofo perguntará: ' Que faz uma palavra significar qualquer coisa?'

Qualquer pessoa pode perguntar se entrar num cinema sem pagar é correto ou não, mas um filósofo perguntará: 'O que torna uma ação boa ou má?'


Thomas Nagel (1995) Que quer dizer tudo isto? Uma iniciação à filosofia (Lisboa ,Gradiva).

 

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Texto para resumo António Pinheiro

 

 

A busca da verdade pelos filósofos pode ser talvez comparada a um romance policial. Alguns pensam que Andersen é o assassino, outros pensam que é Nielsen ou Jepsen. Talvez o verdadeiro mistério deste crime possa ser um dia esclarecido subitamente pela polícia. Podemos também pensar que a polícia nunca conseguirá resolver o enigma. Mas este tem, no entanto, uma solução.

                Mesmo quando é difícil responder a uma pergunta, é possível imaginar que a pergunta possa ter uma — e apenas uma — resposta correta. Ou há uma forma de vida após a morte ou não.

                Muitos enigmas antigos foram entretanto resolvidos pela ciência. Outrora, o aspeto da face oculta da Lua era um grande mistério. Não se podia descobrir a resposta através da discussão, e assim era deixada à imaginação de cada um. Mas hoje em dia sabemos exatamente qual é o aspeto da face oculta da Lua. Já não podemos acreditar que haja um homem a viver na lua, ou que ela seja um queijo.

               

                Segundo um filósofo grego que viveu há mais de dois mil anos, a filosofia surgiu da capacidade que os homens têm de se surpreender. O homem acha tão estranho viver, que as perguntas filosóficas surgem por si mesmas.

                Pensa no que sucede quando observamos um truque de magia: não conseguimos perceber como é possível aquilo que estamos a ver. E perguntamo-nos: como é que o ilusionista conseguiu transformar dois lenços brancos de seda num coelho vivo?

                Para muitos homens, o mundo parece tão inexplicável como o coelho que um ilusionista retira subitamente de uma cartola até então vazia.

                No que diz respeito ao coelho, percebemos claramente que o ilusionista nos enganou. O que pretendemos descobrir é como nos enganou. Quando falamos sobre o mundo, a situação é diferente. Sabemos que o mundo não é pura mentira, uma vez que nós estamos na Terra e somos uma parte do universo. Na verdade, somos o coelho branco que é retirado da cartola. A diferença entre nós e o coelho branco é apenas o facto de o coelho não saber que participa num truque de magia. Connosco passa-se de modo diferente. Sentimos que tomamos parte em algo misterioso, e gostaríamos de esclarecer de que modo tudo está relacionado.

 

                P.S. No que diz respeito ao coelho branco, o melhor é talvez compará-lo com o conjunto do universo. Nós, que vivemos aqui, somos parasitas minúsculos que vivem na pele do coelho. Mas os filósofos procuram trepar pelos pêlos finos, de modo a poderem fixar nos olhos o grande ilusionista.

                Estás a seguir-me, Sofia? Receberás a continuação.

 

Jostein Gaarder, O mundo de Sofia