Kant, esse «homem notável, cujo sistema de pensamento
permanecerá por muito tempo como um dos marcos na especulação filosófica,
estabelece, realmente, no tratado em questão [a Fundamentação da Metafísica dos
Costumes], um primeiro princípio universal como origem e fundamento da
obrigação moral; é este: “Age de tal maneira que a regra da tua ação possa ser
adotada como lei por todos os seres racionais”. Mas quando começa a deduzir
deste preceito qualquer um dos deveres reais da moralidade, fracassa, de forma
quase grotesca, em demonstrar que haveria qualquer contradição, qualquer
impossibilidade lógica (para não dizer física), da adoção por todos os seres
racionais das regras de conduta mais revoltantemente imorais. Tudo o que
demonstra é que as consequências da sua adoção universal seriam de tal ordem
que ninguém escolheria sofrê-las.»
John Stuart Mill, Utilitarismo, Gradiva, Lisboa, 2005, pág.
47.
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