A teoria moral de Kant
“As leis
morais dizem como as pessoas devem comportar-se, não dizem o que as pessoas de
facto farão. As leis morais são normativas, enquanto as leis científicas são
descritivas.
Apesar
desta diferença, Kant pensava que há uma semelhança profunda entre elas. As
leis científicas são universais — envolvem todos os fenómenos de
um tipo específico. Não estão limitadas a lugares ou instantes. Além disso, uma
proposição que enuncia uma lei não faz menção a qualquer pessoa, lugar ou coisa
particular. “Todos os amigos de Napoleão falavam Francês” pode ser uma
generalização verdadeira, mas não pode ser uma lei, uma vez que faz menção a um
indivíduo específico — Napoleão. Distinguirei esta propriedade das leis
científicas dizendo que são “impessoais”.
Kant
pensava que também as leis morais têm de ser universais e impessoais. Se está
certo que eu faça uma determinada coisa, então está certo para qualquer pessoa
nas mesmas circunstâncias fazer a mesma coisa. Não é possível que Napoleão deva
ter o direito de fazer alguma coisa simplesmente por ser quem é. Tal como as
leis científicas, as leis morais não mencionam pessoas específicas.
Um outro
elemento da filosofia moral de Kant deve ser referido antes de descrevermos
como pensava Kant que a razão e nada mais prescreve os nossos princípios
morais. O utilitarismo afirma que as propriedades morais de uma ação são
determinadas pelas suas consequências na felicidade das pessoas ou na
satisfação das suas preferências. Kant não concebia a moralidade como algo que
se centra em maximizar a felicidade. Em particular, não via as consequências da
ação como o verdadeiro teste das suas propriedades morais. O que para ele era
central é a “máxima que a ação incorpora”.
Kant: o valor moral de uma ação deriva da sua máxima, e não das suas
consequências
Não é
difícil perceber por que razão precisamos de considerar os motivos do agente e
não as consequências da ação. Kant descreve o caso de um comerciante que nunca
engana os seus clientes. A razão é que ele receia que, se os enganasse, os seus
clientes deixariam de comprar na sua loja. Kant diz que o comerciante faz o que
está certo, embora não pela razão certa. Ele age de acordo com a
moralidade, mas não devido à moralidade. Para descobrir o valor moral de
uma ação, temos de ver por que razão o agente a realiza, o que as
consequências não revelam.
Se o
comerciante age aplicando a máxima “Sê sempre honesto”, a sua ação tem valor
moral. Todavia, se a sua ação é o resultado da máxima “Não enganes as pessoas
se é provável que isso te cause prejuízos financeiros”, ela é meramente
prudencial, e não moral. O valor moral depende dos motivos e os motivos são
dados pela máxima que o agente aplica ao decidir o que fazer.”
A teoria moral de Kant, Elliot Sober
1. Para Kant as leis morais e as leis científicas
poderiam comparar-se. O que têm de diferente e o que têm de semelhante?
2. O que faz com que a ação de uma pessoa seja verdadeiramente
uma ação com conteúdo moral? Porquê?
3. O que é uma “máxima”?
4. Porque é que para Kant as consequências de uma ação
não importam mas sim os motivos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário