Foto: Ara Guler, Istambul (Anos 40)
“Os moralistas utilitaristas foram além de quase todos os
outros ao afirmar que o motivo, embora seja muito relevante para o valor do
agente, é irrelevante para a moralidade da ação. Aquele que salva um semelhante
de se afogar faz o que está moralmente certo, seja o seu motivo o dever, seja a
esperança de ser pago pelo incómodo; aquele que trai um amigo que confia em si
é culpado de um crime, mesmo que o seu objetivo seja servir outro amigo
relativamente ao qual tem maiores obrigações. Mas limitarmo-nos às ações
praticadas pelo motivo do dever e em obediência direta ao princípio: é uma
incompreensão do modo de pensar utilitarista julgar que ele implica que as
pessoas devam fixar a sua mente numa generalidade tão grande como o mundo ou a
sociedade no seu todo. A grande maioria das boas ações não tem em vista o
benefício do mundo, mas o de indivíduos. a partir dos quais se constitui o bem
do mundo e nestas ocasiões os pensamentos do homem mais virtuoso não precisam
de ir além das pessoas específicas envolvidas, exceto na medida em que lhes
seja necessário assegurar-se de que, ao beneficia-las, não está a violar os
direitos _ isto é, as expectativas legítimas e autorizadas - de qualquer outra
pessoa.”
John Stuart Mill, O Utilitarismo, pág 59
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