“É totalmente compatível com o princípio da utilidade
reconhecer o facto de que alguns tipos de prazer são mais desejáveis e valiosos
do que outros. Seria absurdo supor que, enquanto que na avaliação de todas as
outras coisas se considera tanto a qualidade como a quantidade, a avaliação dos
prazeres dependesse apenas da quantidade. Se me perguntarem o que entendo pela
diferença qualitativa de prazeres, ou por aquilo que torna um prazer mais valioso
do que outro, simplesmente enquanto prazer e não por ser maior em quantidade,
só há uma resposta possível. De dois prazeres, se houver um ao qual todos ou
quase todos aqueles que tiveram a experiência de ambos derem uma preferência
decidida, independentemente de sentirem qualquer obrigação moral para o
preferir, então será esse o prazer mais desejável. Se um dos dois for colocado,
por aqueles que estão competentemente familiarizados com ambos, tão acima do
outro que eles o preferem mesmo sabendo que é acompanhado de um maior
descontentamento, e se não abdicariam dele por qualquer quantidade do outro
prazer acessível à sua natureza, então teremos razão para atribuir ao deleite
preferido uma superioridade com qualidade que ultrapassa de tal modo a quantidade
que esta se torna, por comparação, pouco importante.”
John Stuart Mill, O Utilitarismo, pág 48
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