segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Resumo Beatriz Fernandes 10E e Petra 10A

DIFICULDADES COM A FALÁCIA DO ARGUMENTUM AD HOMiNEM

Uma das falácias mais difíceis de expor e também uma das mais comuns chama-se 'argumentum ad hominem'. Esta designação refere-se a um argumento que é dirigido CONTRA A PESSOA E NÃO CONTRA O QUE A PESSOA DIZ, A FIM DE SE MOSTRAR QUE AQUILO A PESSOA DIZ NÃO PODE SER VERDADEIRO . A política dá-nos muitos exemplos de argumenta ad hominem. Suponhamos que um deputado de um partido de esquerda argumenta: 'É extremamente importante rejeitar a construção de centrais nucleares, pois os efeitos destas são nefastos para o ambiente no longo prazo.' Um deputado de direita poderia responder: 'Oh claro! Não podemos acreditar no que ele diz, pois ele é um homem de esquerda e sabemos que a esquerda está sempre a deitar abaixo o nuclear.' O deputado de direita está a dirigir o seu argumento contra o homem. Tentou refutar o que o deputado de esquerda disse referindo que este é partidário de uma ideologia oposta. Porém, esta refutação é baseada numa falácia, visto que a forma apropriada de refutar um tal argumento consistiria em reunir factos que mostrassem que o que ele disse é falso - nomeadamente, que a construção de centrais não é assim tão nefasta para o ambiente.

O que faz com que o argumentum ad hominem seja tão persuasivo, e tão difícil de refutar, pode mostrar-se com o seguinte exemplo. Suponhamos que uma testemunha num tribunal está a depor e diz que viu o réu cometer um crime. Suponhamos, além disso, que ao interrogar a testemunha o advogado de defesa prova que esta já depôs em outros julgamentos e que em alguns casos o seu testemunho se veio a revelar falso (assumamos, para ajudar ao exemplo, que a testemunha chegou a ser condenada por perjúrio). A nossa tentação, enquanto juízes, seria a de não ter em conta o que a testemunha diz neste julgamento, pelo facto de esta não ser uma fonte de informação fiável. Contudo, não tê-lo em conta é incorrer na falácia do argumentum ad hominem. O que a testemunha diz nesta ocasião pode ser verdadeiro. Se possível, o seu testemunho devia ser testado confrontando-o com outra evidência disponível ou que pudesse vir a estar disponível durante o julgamento. Aquilo que é importante é reconhecer que devemos considerar o que é dito independentemente de quem o diz. NÃO PODEMOS MOSTRAR QUE UMA DECLARAÇÃO É FALSA APENAS PORQUE SE PODE MOSTRAR QUE O INDIVÍDUO QUE A PROFERE TEM FALTA DE CARÁCTER

Richard Popkin and Avrum Stroll, Philosophy Made Simple (New York, 1993, pp. 262-263). Tradução Carlos Marques.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Texto para resumo Madalena Tojo 10A e Madalena Gomes 10E

 


O objectivo de um argumento é expor as razões (premissas) que sustentam uma conclusão. Um argumento é falacioso quando parece que as razões apresentadas sustentam a conclusão, mas na realidade não sustentam. Da mesma maneira que há padrões típicos, largamente usados, de argumentação correcta, também há padrões típicos de argumentos falaciosos. A tradição lógica e filosófica procurou fazer um inventário e dar nomes a essas falácias típicas e este guia faz a sua listagem.

Falso dilema

É dado um limitado número de opções (na maioria dos casos apenas duas), quando de facto há mais. O falso dilema é um uso ilegítimo do operador “ou”. Pôr as questões ou opiniões em termos de “ou sim ou sopas” gera, com frequência (mas nem sempre), esta falácia. Exemplos:

  • Ou concordas comigo ou não. (Porque se pode concordar parcialmente.)
  • Reduz-te ao silêncio ou aceita o país que temos. (Porque uma pessoa tem o direito de denunciar o que entender.)
  • Ou votas no Silveira ou será a desgraça nacional. (Porque os outros candidatos podem não ser assim tão maus.)
  • Uma pessoa ou é boa ou é má. (Porque muitas pessoas são apenas parcialmente boas.)

Apelo à ignorância (argumentum ad ignorantiam)

Os argumentos desta classe concluem que algo é verdadeiro por não se ter provado que é falso; ou conclui que algo é falso porque não se provou que é verdadeiro. (Isto é um caso especial do falso dilema, já que presume que todas as proposições têm de ser realmente conhecidas como verdadeiras ou falsas). Mas, como Davis escreve, “A falta de prova não é uma prova”. (p. 59) Exemplos:

  • Os fantasmas existem! Já provaste que não existem?
  • Como os cientistas não podem provar que se vai dar uma guerra global, ela provavelmente não ocorrerá.
  • Fred disse que era mais esperto do que Jill, mas não o provou. Portanto, isso deve ser falso.

Derrapagem (bola de neve)

Para mostrar que uma proposição, P, é inaceitável, extraiem-se consequências inaceitáveis de P e consequências das consequências... O argumento é falacioso quando pelo menos um dos seus passos é falso ou duvidoso. Mas a falsidade de uma ou mais premissas é ocultada pelos vários passos “se... então...” que constituem o todo do argumento. Exemplos:

  • Se aprovamos leis contra as armas automáticas, não demorará muito até aprovarmos leis contra todas as armas, e então começaremos a restringir todos os nossos direitos. Acabaremos por viver num estado totalitário. Portanto não devemos banir as armas automáticas.
  • Nunca deves jogar. Uma vez que comeces a jogar verás que é difícil deixar o jogo. Em breve estarás a deixar todo o teu dinheiro no jogo e, inclusivamente, pode acontecer que te vires para o crime para suportar as tuas despesas e pagar as dívidas.
  • Se eu abrir uma excepção para ti, terei de abrir excepções para todos.

Stephen Downes, Guia das falácias

 

 

Resumo Lara 10Ee Maria Ramponi 10A

 


As falácias são erros, incorreções em argumentos. Muitas delas são tão tentadoras e, portanto, tão comuns que até têm nomes próprios. Isto pode faze-las parecer um tópico novo e separado, mas, na verdade, dizermos que algo é uma falácia é apenas outra forma de dizermos que uma das regras dos bons argumentos foi violada. A falácia da «causa falsa», por exemplo, é apenas uma conclusão discutível acerca de causas e efeitos, (...) Assim, para o leitor compreender as falácias precisa de compreender que regras foram violadas. Este capítulo começa por explicar duas falácias muito gerais, remetendo-as para uma série de regras deste livro. Fornece depois uma lista e uma explicação de um número de falácias específicas, incluindo os nomes latinos quando estes são frequentemente usados.

As duas grandes falácias 

1. Um dos nossos erros mais comuns é tirarmos conclusões a partir de dados insuficientes. Se o primeiro lituano que encontrarmos for irascível, criamos a expectativa de que todos os lituanos serão irascíveis. Quando um navio desaparece no triângulo das Bermudas, os jornais sensacionalistas concluem que o triângulo das Bermudas está assombrado. Esta é a falácia da generalização a partir de informação incompleta.

É fácil ver este erro quando os outros o fazem, mas é mais difícil vê-lo quando somos nós a fazê-lo. Repare quantas das regras dos capítulos II-VI se dirigem contra este erro. A regra 8 exige mais do que um exemplo: não pode tirar uma conclusão sobre todo o corpo estudantil da sua faculdade baseando-se em si próprio e no seu colega. A regra 9 exige exemplos representativos: não pode tirar conclusões acerca do corpo estudantil de uma faculdade baseando-se nos estudantes que são seus amigos, mesmo que tenha muitos. A regra 10 exige informação de fundo: se tira uma conclusão acerca do corpo estudantil da sua faculdade baseando-se numa amostra de 30 pessoas, tem também de ter em consideração o tamanho do corpo estudantil (30?, 30000?). 

Os, argumentos de autoridade exigem que a autoridade não generalize excessivamente: ele ou ela têm de ter a informação e as qualificações que justifiquem o juízo que cita no seu ensaio. A regra 19 sublinha que uma causa não é necessariamente a causa de um acontecimento. Não generalize excessivamente a partir do fato de ter encontrado uma causa: pode haver outras causas mais prováveis.

Anthony Weston, A arte de argumentar