Caravaggio, Os batoteiros (1594)
O subjetivismo moral é uma teoria filosófica muito comum, pois várias pessoas, mesmo sem saber, a adotam em determinadas situações. Quem já participou num debate envolvendo questões morais, com temas como a pena de morte ou aborto, já ouviu ou pensou, depois do debate, não haver um consenso, porque não existe certo e errado nessas questões como existe na ciência ou na matemática. Nesses casos, tudo é uma questão de opinião pessoal, cada um tem a sua e está correto no seu modo de pensar. Ao concluir isso, está a adotar uma teoria Metaética chamada de subjetivismo.
Imagine que uma pessoa qualquer afirma que
“a Terra é plana”. Tal afirmação é um juízo de facto que procura descrever como
é um determinado aspeto do mundo. Como ela não descreve adequadamente como o
mundo é, acaba por ser uma afirmação falsa. Nas afirmações descritivas como
essa existe, portanto, uma verdade e a pessoa que afirma algo diferente disso
está a cometer um erro.
Compare esse primeiro
exemplo com a afirmação “o roubo é imoral”. Nesse segundo caso, estou a atribuir um valor a um facto, o roubo, em vez de simplesmente descrever essa
ação. A imoralidade é um valor e, de acordo com o subjetivismo, essa não é uma
característica que existe de facto nas ações, mas é a manifestação dos nossos
desejos. Quando digo que algo é imoral, quero dizer que isso me desagrada,
contraria o meu desejo. Os juízos morais, portanto, são expressões de desejos pessoais.
Outra pessoa poderia afirmar “o roubo é moral”, referindo-se
apenas aos seus sentimentos em relação a essa prática.
A partir daqui podemos dizer que o subjetivismo pode
ser definido a partir de duas teses relacionadas:
- Não
existe certo e errado universal;
- Juízos
morais apenas expressam sentimentos de aprovação ou desaprovação.
Uma consequência importante desta
conceção é a de que as divergências morais são apenas diferenças de
preferências. Dizer que “o roubo é errado” ou “o roubo é certo” equivale a
dizer “gosto de pizza” ou “não gosto de pizza”. Nos dois casos há apenas uma
divergência de gostos pessoais e não há qualquer possibilidade de dizer que um
está certo e o outro errado.
Argumentos
subjetivistas
O que leva alguém a pensar que não
existe certo e errado e que os juízos morais não passam de manifestações de
desejos pessoais?
Um dos filósofos subjetivas foi Jean Paul Sartre (1905 – 1980). Usando a frase de um grande escritor russo, afirmou que “se Deus não existe, tudo é permitido” e que isso criava a liberdade para o indivíduo definir o que é certo ou errado a partir de seu próprio pensamento e desejo. Nas suas palavras, cada um é livre, então pode escolher – ou seja, inventar. Nenhuma regra de moralidade geral pode mostrar o que se deve fazer.
A frase “se Deus não existe, tudo é permitido” pressupõe a
ideia de que, se ele existisse, nem tudo seria permitido. Ou seja, se ele
existisse, existiria um certo e um errado e a moralidade não seria dependente
do desejo dos indivíduos. Mas como não existe, não há qualquer padrão
independente que defina como os seres humanos deveriam agir. Sendo assim, cabe
a cada um definir para si o que é certo e errado.
William Godoy
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