Os argumentos não são todos do mesmo tipo. Há vários tipos de argumentos. As duas grandes categorias em que se dividem os argumentos são os válidos e os informais.Os argumentos válidos são os mais seguros porque oferecem uma garantia incrível: é logicamente impossível que as suas premissas sejam verdadeiras e a sua conclusão falsa. Os argumentos informais não oferecem este tipo de garantia. Num bom argumento informal, como um bom argumento indutivo, não é logicamente impossível que as suas premissas sejam verdadeiras e a sua conclusão falsa; pode ser impossível, mas não é logicamente impossível — e isto torna mais difícil decidir se é ou não impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.Com a caracterização dos dois grandes tipos de argumentos ficámos já com uma ideia do que é um argumento correcto ou válido: é um argumento que sustenta a verdade da conclusão, dada a verdade das suas premissas. E já vimos que a diferença entre os argumentos válidos e os argumentos informais é o facto de estes últimos, ao contrário dos primeiros, não garantirem em termos meramente lógicos a verdade da conclusão dada a verdade das premissas.
Aos
bons argumentos, os chamados argumentos correctos ou válidos, opõem-se
os maus argumentos, os chamados argumentos incorrectos ou inválidos. O
que é um argumento inválido ou mau? Um argumento inválido é um argumento
que não sustenta a verdade da sua conclusão. Se um argumento for
inválido as premissas, ainda que sejam todas verdadeiras, não sustentam a
conclusão. O que significa que uma pessoa pode concordar com todas as
premissas, mas recusar a conclusão. Por isso é que os bons argumentos,
válidos ou informais, são tão importantes: são os únicos que nos
conduzem às suas conclusões.Mas repare-se numa subtileza. Dado um
argumento válido podemos afirmar que ele conduz a uma conclusão
verdadeira? A resposta, talvez surpreendente, é «não». Um argumento
válido só conduz a uma conclusão verdadeira se todas as suas premissas
forem verdadeiras. A verdade das premissas e a validade do raciocínio
conduzem, ambos e apenas ambos, à verdade da conclusão. Por isso, na
argumentação, a verdade e a validade andam de mãos dadas, e é preciso
dar tanta atenção à validade ou correcção dos nossos raciocínios quanto à
verdade das premissas usadas.
Há 4 tipos de
argumentos informais:1. Nos argumentos com base em exemplos as premissas
consistem num conjunto de exemplos que visam sustentar a conclusão.2.
Nos argumentos por analogia as premissas estabelecem uma relação de
semelhança entre duas coisas. Afirma-se que uma vez que num certo caso X
se defende que Y então no caso Z se deve defender também Y porque X é
semelhante a Z.3. Nos argumentos de autoridade citam-se certas fontes e
especialistas que dispõem de dados fidedignos de que nós não dispomos.4.
Os argumentos causais visam estabelecer uma relação causal entre dois
ou mais tipos de fenómenos.Cada um destes tipos de argumentos tem regras
próprias, que podem ser preliminarmente estudadas no livro "A Arte de
Argumentar", de Anthony Weston.Algumas regras geraisVou agora, para
terminar, falar de algumas regras gerais da arte de argumentar. Antes,
porém, tenho de alertar o leitor para uma coisa. Hoje em dia está um
pouco na moda, em alguns países, a retórica. Não se confunda a retórica
de que em geral se fala com a argumentação de que falo aqui. A retórica
de que em geral se fala é a arte de enganar; é a arte de usar todos os
dispositivos possíveis para influenciar o auditório, apelando para os
seus instintos mais baixos, ou para argumentos que parecem razoáveis mas
não o são (as falácias). Daí que os amantes da retórica tenham a
tendência para dizer que a retórica ultrapassa as limitações da lógica.
Sejamos claros: se um argumento for mau, ou incorrecto, ou inválido, por
mais retórica que se use, por mais que esse argumento funcione junto
das pessoas em geral, continua a ser um mau argumento e quem está a
usá-lo está a enganar as pessoas.
Desidério Murcho
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