A Lógica Informal
é uma tentativa de desenvolver uma lógica que possa ser usada para avaliar,
analisar e aprimorar os raciocínios informais que ocorrem em relacionamentos
interpessoais, propagandas, debates políticos, argumentos legais e nos
comentários sociais encontrados em jornais, televisão, Internet e outras formas
de comunicação de massa.
Em muitos casos o desenvolvimento da lógica informal
motiva-se pelo desejo de desenvolver um modo de análise e avaliação do
raciocínio comum que seja capaz de se tornar parte do ensino geral, e de compor
e aprimorar o raciocínio público, a discussão e o debate. Neste sentido, os
interesses da lógica informal têm grande proximidade com os interesses do
Movimento Pelo Pensamento Crítico, cujo objetivo consiste em desenvolver um
modelo de ensino que dê maior ênfase à investigação de caráter crítico.
Ainda que a Lógica Informal seja às vezes retratada como uma
alternativa teórica para a lógica formal, a relação entre as duas é mais
complexa que o sugerido. Enquanto a tentativa de ensinar o raciocínio correto e
o pensamento crítico está ancorada, inevitavelmente, na linguagem natural, a
pesquisa em lógica informal pode empregar métodos formais. Poderia
argumentar-se que a análise informal dos argumentos nos quais esta lógica se
especializa pode em princípio ser formalizada. Os trabalhos recentes em modelos
computacionais, que tentam utilizar os padrões de raciocínio em linguagem
natural da lógica informal, sugerem que a lógica derrotável (não-monotônica), a
teoria da probabilidade e outros modelos formais não-clássicos se ajustam
bastante bem a esta tarefa.
Retórica
De certo modo, as tentativas dos lógicos informais de
identificar critérios gerais de bom raciocínio e de encontrar um esquema
argumentativo positivo que revele formas particulares de bom raciocínio
implicam em uma abordagem do argumento comparável à implícita na forma lógica
clássica. Esta última enfatiza os critérios gerais da boa argumentação
(validade, adequação) e os esquemas de argumentos dedutivos que estão
geralmente encerrados em regras formais de inferência como modus ponens, dupla
negação, modus tollens, etc.
Esta comparação evidencia as diferenças entre as abordagens
da lógica informal que são falaciosas e as que não são, mas há diferenças
relevantes entre as últimas e as abordagens da lógica formal clássica. De modo
mais significativo, a lógica informal caracteriza-se, como disciplina, por uma
compreensão abrangente do argumento que vai além do interesse lógico
tradicional. Ela tem sido levada nesta direção pela dinâmica do argumento
comum, que forçou os lógicos informais a se concentrar nos aspectos da
argumentação que não foram incluídos no domínio da lógica pela tradição.
A lógica clássica sugere que o bom argumento é sólido, ou
seja, válido e com premissas verdadeiras. Embora esta concepção de bom
argumento seja útil para modelar muitos tipos de argumentos, o apelo a
premissas verdadeiras ajusta-se mal a muitos contextos informais,
freqüentemente caracterizados por crenças hipotéticas e incertas, por
discordâncias profundas sobre o que é verdadeiro e o que é falso, por
afirmações éticas e estéticas que não são facilmente categorizadas como
verdadeiras ou falsas e por contextos variados nos quais hipóteses
completamente diferentes podem ser aceitas ou rejeitadas.
Nestes contextos, um argumentador que deseja persuadir uma
audiência de um ponto de vista particular (geralmente a razão para argumentar,
em primeiro lugar), deve prestar atenção às atitudes da audiência a que o
argumento é dirigido. Mesmo que sejam verdadeiras, as premissas que não são
aceitas por uma audiência não a convencerão da conclusão de um argumento.
Assim, Tindale [1999] desenvolveu uma abordagem que considera e avalia
argumentos do ponto de vista da audiência a que são dirigidos. Ele preserva a
tradição que caracteriza a retórica Aristotélica e que sustenta que um bom
argumentador apela para o pathos da audiência.
Mesmo se alguém estiver convencido de que devemos crer na
Bíblia, e que ela condena a pena capital, a abordagem retórica recomenda que o
argumentador competente não use afirmações deste tipo como premissas que tenham
como objetivo convencer uma audiência de livres-pensadores de que devem se opor
à pena capital.
Leo Groarke, Lógica elementar
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