Pelo que disse até aqui, dir-se-ia que apenas existem argumentos válidos e inválidos. E que os inválidos, ao contrário dos válidos, apresentam uma forma que não permite preservar sempre, na conclusão, a verdade das premissas. Assim, a lógica seria apenas o estudo da forma dos argumentos, ocupando-se exclusivamente dos argumentos válidos. Só que isso não corresponde à verdade. Há outros tipos de argumentos cuja aceitabilidade não depende da forma que apresentam. Tais argumentos fazem, por isso, parte da chamada “lógica informal”.
Os argumentos de que tenho falado até
aqui são também conhecidos como argumentos dedutivos. O melhor que
se pode dizer dos argumentos dedutivos é que se trata daquele tipo de
argumentos cuja forma garante a verdade da conclusão, no caso de as premissas
serem também verdadeiras. A sua forma lógica é, portanto, decisiva. O mesmo não
se pode dizer de outros tipos de argumentos, residindo aí a diferença entre
lógica formal e lógica informal. Para além dos argumentos dedutivos temos então
os argumentos:
- Por analogia
- Indutivos (generalizações a partir de exemplos)
- Sobre causas
- De autoridade
Juntamente com os argumentos dedutivos, os argumentos
por analogia são os mais utilizados pelos filósofos. Os argumentos por
analogia costumam apresentar a seguinte forma:
Podemos resumir e dizer:
Resumindo ainda mais:
Os argumentos por analogia partem da
ideia de que se diferentes coisas são semelhantes em determinados aspetos,
também o serão noutros. Veja-se o exemplo seguinte:
O termo “como” na segunda premissa está
destacado. Esse termo indica que estamos a estabelecer uma comparação entre
situações análogas, característica dos argumentos por analogia. Mas será que
apenas pela forma do argumento ficamos a saber se é aceitável ou não?
(…) a mera inspeção da sua forma não nos
permite classificar os argumentos por analogia como bons ou maus. Portanto, a
qualidade destes argumentos não depende da sua forma lógica. Encontramos com a
mesma forma bons e maus argumentos por analogia. Por isso é que tais argumentos
não fazem parte da lógica formal. Por isso também não dizemos que um argumento
por analogia é válido ou inválido, coisa que isso só se aplica aos argumentos
dedutivos. Recordo a definição de validade, segundo a qual é logicamente
impossível obter conclusões falsas de premissas verdadeiras, o que não acontece
nos argumentos por analogia. Nos argumentos por analogia nunca podemos garantir
logicamente que de premissas verdadeiras se obtêm sempre conclusões
verdadeiras. Isto é, os argumentos por analogia não possuem a característica de
preservar logicamente a verdade. Assim, não temos outro remédio senão olhar
para aquilo que as premissas e a conclusão afirmam, de pouco servindo a análise
do seu aspeto formal.
Aires de Almeida, Lógica informal, in
Crítica na Rede
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