"De facto, estas leis ordenam absolutamente, seja qual for o
seu resultado, mais ainda, obrigam até a dele abstrair totalmente, quando se
trata de uma acção particular; e, por isso, fazem do dever o objecto do maior
respeito, sem nos apresentar e propor um fim (e fim último), que teria
porventura de constituir a recomendação delas e o móbil para cumprir o nosso
dever. Todos os homens poderiam com isto ter bastante, se (como deviam) se
ativessem unicamente à prescrição da razão pura na lei. Que necessidade têm de
saber o resultado do seu fazer e deixar moral, que o curso do mundo suscitará?
Basta-lhes que façam o seu dever; mesmo que com a vida terrena tudo acabasse e
nesta, porventura, jamais coincidissem felicidade e dignidade."
Kant, A religião nos limites da simples Razão
Assim está justificada a independência entre a ação moral e os seus resultados. Pois a ação moral não é moral por causa do seu resultado, nem boa nem má, mas tem carácter moral unicamente por resultar de uma disposição da vontade do agente de se submeter a uma lei que prescreve um dever absoluto, sem outro incentivo ou estímulo que não a dignidade de ser o criador da lei a que se submete.
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