COMENTE A BANDA DESENHADA
1. Roma é a capital da Itália, e este avião aterra em Roma; logo, o avião aterra na Itália.
2. Moscovo é a capital dos EUA; logo, não podemos ir a Moscovo sem ir aos EUA.
Em ambos os casos as afirmações antes do «logo» — os lógicos chamam-lhes premissas — são as razões dadas; as afirmações depois do «logo» — os lógicos chamam-lhes conclusões
— são aquilo que as razões devem sustentar. O primeiro trecho de
raciocínio está correcto, mas o segundo é completamente descabido, e não
iria persuadir ninguém com um conhecimento elementar de geografia: a
premissa de que Moscovo é a capital dos EUA é, simplesmente, falsa.
Note-se que, contudo, se a premissa fosse verdadeira — por exemplo, se
os EUA tivessem comprado a Rússia toda (e não apenas o Alasca) e
tivessem mudado a Casa Branca para Moscovo para estarem perto dos
centros do poder Europeus — a conclusão seria de facto verdadeira. A
conclusão ter-se-ia seguido da premissa; e essa é a preocupação da
lógica. A lógica não se preocupa em saber se as premissas de uma
inferência são verdadeiras ou falsas. Isso é o trabalho de outras
pessoas (neste caso, do geógrafo). A lógica apenas está preocupada em
saber se a conclusão se segue das premissas. Os lógicos chamam válidas
a todas as inferências em que de facto a conclusão se segue das
premissas. Assim, o objectivo principal da lógica é compreender a
validade.
Graham Priest, Lógica, Temas e Debates, 2002 (Trad. Célia Teixeira), p.15-16
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