Ao usarmos as palavras lógico e lógica estamos a participar
numa tradição de pensamento que se origina na Filosofia grega, quando a palavra
logos – significando linguagem-discurso e pensamento-conhecimento – conduziu os
filósofos a indagar se o logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas,
princípios e critérios para seu uso e funcionamento. A disciplina filosófica
que se ocupa com essas questões chama-se lógica.
A lógica é um dos campos da filosofia, e pode ser
considerada uma disciplina introdutória para qualquer estudo filosófico. Isso
acontece porque a lógica lida com raciocínios e argumentos, e raciocínios e
argumentos fazem parte de qualquer reflexão filosófica, seja ela no campo da
teoria do conhecimento, da ética, da filosofia política ou da estética.
Hoje em dia temos a lógica tradicional e a lógica matemática
ou simbólica. A lógica tradicional é mais simples e mais acessível que a lógica
matemática, mas nem por isso tem menos importância. Pelo contrário, a lógica
matemática desenvolveu-se graças aos avanços da lógica tradicional. A base da
lógica tradicional foi formulada pelo filósofo grego Aristóteles e foi
reelaborada durante a Idade Média. Na segunda metade do século XIX a lógica
teve um enorme desenvolvimento até chegar a seu estágio atual, a lógica
matemática ou simbólica.
Os estudiosos definem a lógica de diversas maneiras:
"O estudo da lógica é o estudo dos métodos e
princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto."
Irving Coppi
"A lógica trata de argumentos e inferências. Um
de seus propósitos básicos é apresentar métodos capazes de identificar os
argumentos logicamente válidos, distinguindo-os dos que não são logicamente
válidos." Wesley Salmon
"A tarefa da lógica sempre foi a de classificar e
organizar as inferências válidas, separando-as daquelas que não o são. A
importância desta organização não deve ser subestimada, pois usam-se as
inferências (de preferência válidas) tanto na vida comum como nas ciências
formais, sendo um exemplo a matemática." Jesus Eugênio de Paula
Assis
Estas definições têm alguma coisa em comum. Todas elas se
referem a inferências válidas, a raciocínios corretos, a leis do pensamento. O homem
sempre foi fascinado pelo pensar e pelas regras deste pensar.
Voltemos ao nosso raciocínio inicial:
Todos os homens são mortais.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
Este raciocínio é correto. Sócrates é mortal! Temos três
proposições. As duas primeiras proposições servem de evidência para a
última. Vamos dizer isto em outras palavras: Temos duas premissas que
servem de evidência para a conclusão.
Estamos a estudar as relações entre as proposições. Estamos
a estudar o argumento, examinando se ele é válido ou inválido. Essa é a tarefa
da lógica. Não estamos a discutir as ideias de Sócrates e da sua condição de
homem.
Tradicionalmente a lógica foi considerada um portal de
acesso ao estudo da filosofia e das ciências. Faz sentido. Discutir e argumentar
faz parte do debate sobre qualquer questão. No caso das ciências, conhecer um
pouco de lógica pode ser muito valioso. As ciências foram construídas usando
procedimentos lógicos e o método científico pode ser visto como lógica
aplicada.
Heidi Strecker, filósofa e educadora in O que é a
lógica?
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