Para além dos argumentos dedutivos temos então os argumentos:
- Por analogia
- Indutivos (generalizações a partir de exemplos)
- Sobre causas
- De autoridade
Os x são E.Os argumentos por analogia partem da ideia de que se diferentes coisas são semelhantes em determinados aspectos, também o serão noutros. Veja-se o exemplo seguinte:
Os y são como os x.
Logo, os y são E.
Os soldados de um batalhão têm de obedecer às decisões de um comandante para atingir os seus objectivos.O termo “como” na segunda premissa está destacado. Esse termo indica que estamos a estabelecer uma comparação entre situações análogas, característica dos argumentos por analogia. Mas será que apenas pela forma do argumento ficamos a saber se é aceitável ou não? Para tornar clara a resposta a esta pergunta, compare-se o argumento anterior com o seguinte:
Uma equipa de futebol é como um batalhão.
Logo, os jogadores de uma equipa de futebol têm de obedecer às decisões de um comandante (treinador) para atingir os seus objectivos.
Os soldados de um batalhão andam armados quando treinam.A primeira coisa que se torna evidente é que, ainda que o primeiro argumento possa ser aceitável, este último não o é com toda a certeza. Acontece, porém, que ambos exibem exactamente a mesma forma. Concluímos, assim, que a mera inspecção da sua forma não nos permite classificar os argumentos por analogia como bons ou maus. Portanto, a qualidade destes argumentos não depende da sua forma lógica. Encontramos com a mesma forma bons e maus argumentos por analogia. Por isso é que tais argumentos não fazem parte da lógica formal. Por isso também não dizemos que um argumento por analogia é válido ou inválido, coisa que só se aplica aos argumentos dedutivos. Nos argumentos por analogia nunca podemos garantir logicamente que de premissas verdadeiras se obtêm sempre conclusões verdadeiras. Isto é, os argumentos por analogia não possuem a característica de preservar logicamente a verdade.
Uma equipa de futebol é como um batalhão.
Logo, os jogadores de futebol andam armados quando treinam.
Os bombeiros dividem-se em batalhões, obedecem a uma hierarquia e têm um quartel, como os polícias.Vimos que um argumento por analogia não é válido ou inválido, mas que nem todos os argumentos por analogia são maus. Costuma-se dizer que os argumentos por analogia são fortes ou fracos. Como distinguimos uns dos outros? O argumento anterior é constituído por premissas e conclusão verdadeiras. Aparentemente é um argumento forte por analogia. Mas veja-se agora um outro argumento por analogia (com a mesma forma do anterior, claro) com premissas também verdadeiras, mas cuja conclusão é manifestamente falsa:
Os polícias usam farda.
Logo, os bombeiros usam farda.
Os bombeiros dividem-se em batalhões, obedecem a uma hierarquia, têm um quartel e usam farda, tal como os polícias.Este argumento é, sem dúvida, fraco. Até porque a conclusão é falsa. Ao avaliar um argumento por analogia no sentido de saber se é forte ou fraco, temos de estar atentos a três critérios, os quais se manifestam nas seguintes perguntas:
Os polícias usam arma.
Logo, os bombeiros usam arma.
- As semelhanças apontadas nos casos que estão a ser comparados são relevantes para a conclusão que se quer inferir?
- A comparação tem por base um número razoável de semelhanças?
- Apesar das semelhanças apontadas, não haverá diferenças fundamentais entre os casos que estão a ser comparados?
Aires de Almeida, Lógica informal