domingo, 27 de janeiro de 2019

Resumo Inês Rodrigues 10B


Argumentação e retórica

Introdução
A lógica formal e a lógica informal têm como objectivo distinguir os argumentos válidos dos argumentos inválidos e os argumentos bons dos argumentos maus. Quer no caso da lógica formal quer no caso da lógica informal, trata-se de estabelecer critérios objectivos que permitam saber, com o maior rigor possível, quando a conclusão de um argumento é verdadeira ou provável, caso as premissas também o sejam. Contudo, a lógica formal e a lógica informal não são as únicas disciplinas que estudam os argumentos. Para além delas há também outra disciplina que estuda os argumentos. A esta disciplina dá-se o nome de retórica e é vulgarmente caracterizada como a arte da persuasão, isto é, a arte que estuda os procedimentos que permitem a um orador fazer um auditório adirir aos pontos de vista que defende. Assim, apesar de, tal como a lógica formal e informal, a retórica também estudar os argumentos, a finalidade desse estudo é completamente diferente da daquelas disciplinas, uma vez que o seu objectivo não é descobrir e estabelecer as condições que permitem saber que determinadas proposições são verdadeiras ou plausíveis, mas tentar compreender e usar a capacidade persuasiva da argumentação na comunicação.

1. A natureza da retórica
Para Aristóteles, a retórica é uma arte que trata de questões que são do domínio do conhecimento comum e para as quais não existe arte específica, isto é, questões que não têm resposta científica e que podem ser objecto de deliberação por parte de um auditório. Este auditório é normalmente constituído por pessoas simples, facilmente influenciáveis, e incapazes de ver muitas coisas ao mesmo tempo ou de seguir longas cadeias de raciocínio. Por conseguinte, é a natureza das questões e do auditório, que tornam a retórica necessária. Ao contrário de filósofos seus contemporâneos tão importantes como Platão, Aristóteles considera a retórica útil porque:
  • A verdade e a justiça não devem ser vencidas;
  • Há alguns auditórios que nem mesmo a ciência mais exacta consegue persuadir;
  • É preciso ser capaz de argumentar sobre coisas contrárias, para dominar o tema e para, sempre que alguém argumente contra a justiça, ser possível refutar os seus argumentos;
  • Devemos ser capazes de nos defender verbalmente.
Apesar desta utilidade, a retórica também pode ser usada de forma injusta e causar grandes danos. É, por conseguinte, um instrumento que tanto pode ser usado para o bem como para o mal. No entanto, não é apenas com a retórica que isto acontece. Ela encontra-se na mesma situação que a maioria dos outros bens e em particular que os bens mais úteis, como a força, a saúde, a riqueza e o talento militar, que, se forem usados de forma justa, podem ser muito úteis, mas, se forem usados de forma injusta, poderão causar muitos prejuízos.

2. Definição aristotélica de retórica
Aristóteles trata a retórica e o discurso persuasivo como um domínio da realidade sobre o qual é necessário fazer uma investigação que permita a constituição de um saber. Consequentemente, define a retórica, não como a arte da persuasão, mas como a arte que permite determinar quais são os meios de persuasão mais adequados a cada caso.
Entendamos por retórica a capacidade de descobrir o que é adequado a cada caso com o fim de persuadir. Esta não é seguramente a função de outra arte; pois cada uma das outras é apenas instrutiva e persuasiva nas áreas da sua competência; como, por exemplo, a medicina sobre a saúde e a doença, a geometria sobre as variações que afectam as grandezas, e a aritmética sobre os números; o mesmo se passando com todas as outras artes e ciências. Mas a retórica parece ter, por assim dizer, a faculdade de descobrir os meios de persuasão sobre qualquer questão dada. E por isso afirmamos que, como arte, as regras se não aplicam a qualquer género específico de coisas.
Aristóteles, Retórica, I, 2.
A retórica é, portanto, a arte que estuda os meios de persuasão. Contudo, isso não significa que o seu objetivo seja apenas teórico. Aquele que os conhece é também aquele que está em melhores condições para aplicá-los e, por consequência, para ser persuasivo. Por isso, a retórica não é apenas uma arte que visa compreender o discurso persuasivo. É também uma técnica que permite ser persuasivo.
 Álvaro Nunes

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