quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Análise lógica do texto da "Apologia de Sócrates"de Platão




Sócrates apresenta sua defesa em tribunal, Atenas sec IV ac.
I
Ora bem, que diziam os caluniadores ao caluniar-me? É necessário ler a ata da acusação jurada por esses tais acusadores:
-Sócrates comete crime e perde a sua obra, investigando as coisas terrenas e as celestes, e tornando mais forte a razão mais fraca, e ensinando isso aos outros.
-Tal é , mais ou menos, a acusação.
Mas de onde nasceram tais calúnias? Se não me tivesse ocupado de uma coisa diferente das que todos fazem, na verdade não teria ganho tal fama e não teriam nascido tais acusações.
Diz, pois, o que é isso que fazes, a fim de que não te julguem ao acaso.
Procurarei demonstrar-vos que jamais foi essa a causa produtora de tal fama e de tal calúnia. Ouvi-me. Talvez possa parecer a algum de vós que eu estou a gracejar; entretanto, sabei-o bem, eu vos direi toda a verdade.
Porque , cidadãos atenienses, se conquistei essa fama de que ensino os jovens por dinheiro, foi por alguma sabedoria, embora reconheça que nada sei para ensinar. Mas então, que sabedoria é essa? Aquela que é, talvez propriamente, a sabedoria humana. É, em realidade, arriscado ser sábio nela: mas aqueles de quem falávamos ainda há pouco (os que ensinam por dinheiro) seriam sábios de uma sabedoria mais que humana, ou não sei que dizer, porque certo não a conheço. Não façais rumor, cidadãos atenienses, não fiqueis contra mim, ainda que vos pareça que eu diga qualquer coisa absurda: pois que não é meu o discurso que estou por dizer, mas refiro-me a
outro que é digno de vossa confiança. Apresento-vos, de facto, o deus de Delfos (deus Apolo) como testemunha da minha sabedoria, se eu a tivesse, qualquer que fosse. Conheceis bem Xenofonte. Era meu amigo desde
jovem, também amigo do vosso partido democrático, e participou do vosso exílio e convosco repatriou-se. E sabeis também como era Xenofonte, veemente em tudo aquilo que empreendesse. Uma vez, de facto, indo a Delfos, ousou interrogar o oráculo a respeito disso e -não façais rumor, por isso que digo -perguntou-lhe, pois, se havia alguém mais sábio que eu. Ora, a pitonisa respondeu que não havia ninguém mais sábio. E a testemunha disso é seu irmão, que aqui está.

Poderemos conceber duas vias para análise lógica
1ª Via
TEMA: A defesa de Sócrates contra os seus caluniadores.
Problema: De onde nasceram as calúnias de que acusam Sócrates?
Tese: Nasceram de Sócrates se ocupar de algo diferente do que todos fazem.
Argumento: Sócrates faz algo diferente. Não ensina por dinheiro pois não se julga possuidor de uma sabedoria mais que humana, os que julgam ser sábios ensinam uma certa sabedoria que Sócrates diz não possuir. Na verdade ele afirma nada saber. Alguém que nada sabe não pode ensinar. Os jovens não o seguem por essa sabedoria de que falam "investigando as coisas terrenas e as celestes, e tornando mais forte a razão mais fraca" mas por outra forma de sabedoria que os seus acusadores desconhecem e por desconhecer julgam-no e condenam-no erradamente.
Conceitos: Sabedoria, calúnia, 

2ª Via
TEMA: A sabedoria Humana.
Problema: Em que consiste a verdadeira sabedoria?
Tese: A verdadeira sabedoria consiste em saber que nada se sabe e investigar.
Argumento: O DEUS Apolo através da Pitonisa declarou Sócrates como o mais sábio. Ora o Deus diz a verdade e não mente. Então podemos concluir que Sócrates é mais sábio que os outros que pensam saber e ensinam por dinheiro, pois ele não está enganado sobre o que é a sabedoria humana - de pouco valor - e não pretende outro tipo de sabedoria senão a humana, daí não poder levar dinheiro para ensinar o que não sabe.Essa é a verdade, logo o que está próximo da verdade é aquele que afirma nada saber.

Conceitos: Sabedoria humana, verdade,pitonisa

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