domingo, 29 de abril de 2018

Trabalho para as turmas 10E e 10D.


A teoria moral de Kant



“As leis morais dizem como as pessoas devem comportar-se, não dizem o que as pessoas de facto farão. As leis morais são normativas, enquanto as leis científicas são descritivas.

Apesar desta diferença, Kant pensava que há uma semelhança profunda entre elas. As leis científicas são universais — envolvem todos os fenómenos de um tipo específico. Não estão limitadas a lugares ou instantes. Além disso, uma proposição que enuncia uma lei não faz menção a qualquer pessoa, lugar ou coisa particular. “Todos os amigos de Napoleão falavam Francês” pode ser uma generalização verdadeira, mas não pode ser uma lei, uma vez que faz menção a um indivíduo específico — Napoleão. Distinguirei esta propriedade das leis científicas dizendo que são “impessoais”.

Kant pensava que também as leis morais têm de ser universais e impessoais. Se está certo que eu faça uma determinada coisa, então está certo para qualquer pessoa nas mesmas circunstâncias fazer a mesma coisa. Não é possível que Napoleão deva ter o direito de fazer alguma coisa simplesmente por ser quem é. Tal como as leis científicas, as leis morais não mencionam pessoas específicas.

Um outro elemento da filosofia moral de Kant deve ser referido antes de descrevermos como pensava Kant que a razão e nada mais prescreve os nossos princípios morais. O utilitarismo afirma que as propriedades morais de uma ação são determinadas pelas suas consequências na felicidade das pessoas ou na satisfação das suas preferências. Kant não concebia a moralidade como algo que se centra em maximizar a felicidade. Em particular, não via as consequências da ação como o verdadeiro teste das suas propriedades morais. O que para ele era central é a “máxima que a ação incorpora”.

Kant: o valor moral de uma ação deriva da sua máxima, e não das suas consequências

Não é difícil perceber por que razão precisamos de considerar os motivos do agente e não as consequências da ação. Kant descreve o caso de um comerciante que nunca engana os seus clientes. A razão é que ele receia que, se os enganasse, os seus clientes deixariam de comprar na sua loja. Kant diz que o comerciante faz o que está certo, embora não pela razão certa. Ele age de acordo com a moralidade, mas não devido à moralidade. Para descobrir o valor moral de uma ação, temos de ver por que razão o agente a realiza, o que as consequências não revelam.

Se o comerciante age aplicando a máxima “Sê sempre honesto”, a sua ação tem valor moral. Todavia, se a sua ação é o resultado da máxima “Não enganes as pessoas se é provável que isso te cause prejuízos financeiros”, ela é meramente prudencial, e não moral. O valor moral depende dos motivos e os motivos são dados pela máxima que o agente aplica ao decidir o que fazer.”

A teoria moral de Kant, Elliot Sober



1. Para Kant as leis morais e as leis científicas poderiam comparar-se. O que têm de diferente e o que têm de semelhante?

2. O que faz com que a ação de uma pessoa seja verdadeiramente uma ação com conteúdo moral? Porquê?

3. O que é uma “máxima”?

4. Porque é que para Kant as consequências de uma ação não importam mas sim os motivos?

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