terça-feira, 20 de outubro de 2009

O pensamento filosófico é consequente

Assim no caso já conhecido de Platão:

O problema: o que é real? Esta caneta é real?
Argumento: Não, não pode ser, porque esta caneta é agora, mas deixa de ser, a ideia de caneta permanece. ( PRÍNCIPIO) é real o que não muda, o que não deixa de ser, logo (TESE FIM)a ideia é real e o objecto sensível não.

Para compreender a dimensão discursiva do trabalho filosófico:

O discurso filosófico apresenta problemas, teoria e argumentos. As teorias tentam analisar os problemas e propõem hipóteses para a sua resolução.
As teses que propõem são hipóteses para consideração e discussão porque são sustentadas por argumentos que podem ser refutados.
Formas de argumentação:
1. Colocar claramente a tese – proposição defendida.
2. Demonstrar a sua pertinência com razões, factos, exemplos.
3. O argumento válido não pode ter premissas verdadeiras e a conclusão falsa.
Formas de refutação:
1. Tentando demonstrar uma contradição entre a tese e o argumento.
2. Utilizando contra-exemplos onde não se verifica o que se propõe.
3. Retirando consequências absurdas de determinada tese.

ARGUMENTAÇÃO DE SÓCRATES CONTRA MELETO QUE O ACUSAVA DE CORROMPER OS JOVENS E NÃO ACREDITAR NOS DEUSES:

“Sócrates- Considerai, pois, comigo, ó cidadãos, de que modo me parece que ele diz isso. Responde-nos tu, Meleto, e vós, como pedi a princípio, não façais rumor contra mim, se conduzo o raciocínio desse modo. Existem entre os homens, Meleto, os que acreditam que há coisas humanas, e que não há homens? Que responda ele, ó juízes, sem resmungar ora uma coisa ora outra. Há os que acreditam que não há cavalos, e há coisas que tenham relação com os cavalos? Ou acreditam que não há flautistas, mas há coisas relativas à flauta ? Não há? Óptimo homem, se não queres responder, digo-o eu, aqui, a ti e aos outros presentes. Mas, ao menos, responde a isto: Há quem acredite que há coisas demoníacas, e demónios não?
Meleto- Não há.
-Oh! como estou contente que tenhas respondido de má vontade,
constrangido por outros! Tu dizes. pois, que eu creio e ensino coisas demoníacas, sejam novas, sejam velhas; portanto, segundo o teu raciocínio, eu creio que há coisas demoníacas e o juraste na tua acusação. Ora, se creio que há coisas demoníacas, é absolutamente necessário que eu creia também na existência dos demónios. Não é assim? Assim é: estou certo de que o admites, porque não respondes. E não tenho em apreço os demónios como deuses ou filho de deuses? Sim, ou não?
- Sim, é certo.
- Se, pois, creio na existência dos demónios, como dizes, se os demónios são uma espécie de deuses, isso seria propor que não acredito nos deuses, e depois, que, ao contrário, creio nos deuses, porque ao menos creio na existência dos demónios. Se, por outra parte, os demónios são filhos bastardos dos deuses com as ninfas, ou outras mulheres, das quais somente se dizem nascidos, quem jamais poderia ter a certeza de que são filhos dos deuses se não existem deuses? Seria de facto do mesmo modo absurdo que alguém acreditasse nas mulas, filhas de cavalos e das jumentas, e acreditasse não existirem cavalos e jumentas. Mas, Meleto, tua acusação foi feita para me pôr à prova, ou também por não saber a verdadeira culpa que me pudesses atribuir: por que, pois, te arriscas a persuadir um homem, mesmo de mente restrita, de que pode a mesma pessoa acreditar na existência das coisas demoníacas e divinas, e, de outro lado, essa pessoa não admitir demónios, nem deuses, nem heróis? Isso não é possível. 27 cd

Compõe-se de CONCEITOS/TERMOS, JUÍZOS/PROPOSIÇÕES E RACIOCÍOCINIOS/ARGUMENTOS



CONCEITOS OU TERMOS: São ideias, referem os elementos de uma classe e significam o que há de comum a todos os elementos dessa classe. O termo é o signo linguístico que expressa o conceito.
Exemplo:Cadeira, guarda-chuva, Jogador do belenenses.

JUÍZO OU PROPOSIÇÃO: exprime um pensamento, uma opinião, uma crença. É uma frase declarativa com valor de verdade, isto é. pode ser verdadeira ou falsa.
Exemplo: O regime político português é uma democracia.

RACIOCÌNIO OU ARGUMENTO: É uma forma de pensar que retira de conhecimentos dados, outros conhecimentos novos e assim faz progredir o conhecimento. Conjunto de proposições organizadas (premissas)de modo a apoiar e justificar uma determinada conclusão.

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